Falling to the sky

Capítulo único

O dia nascia na cidade, o céu pintado de laranja, onde o sol subia cada vez mais, era admirado pelo par de olhos verdes atentos e focados, sentado no topo de um prédio de marketing qualquer, observando o alvorecer do dia, e desejando coisas boas para aquela nova manhã que se inicia, nas suas orações matinais. Piedade, misericórdia e bondade, apenas algumas das coisas que pedia enquanto observava o céu multicor. Queria ser melhor que ontem, evoluir em todas as formas.

Suas orações matinais foram interrompidas com uma gritaria próxima, e Harry abriu suas enormes asas em tom marfim, inclinando o corpo para a beirada do enorme edifício e se jogando dali, forçando o músculo das asas a funcionarem, o fazendo planar até chegar onde a gritaria estava e não foi um choque ver uma boa quantidade de demônios, a maioria em disfarces passando por humanos, atrapalhando a vida pública do lugar. 

Em uma posição de comando, como se todo o resto do mundo fosse seus súditos e ele fosse um rei todo poderoso, estava o dono do maior sentimento de ódio que o anjo sentira em toda sua vida; sentimentos negativos como esse não são adequados a serafins bondosos e pacíficos como o cacheado, não, aquele sentimento era único na vida e Harry direcionava ele para Louis, o pior demônio que já conheceu em sua vida e o homem não duvida que um dia ele poderia subjugar até mesmo o próprio diabo às suas vontades.

Na verdade tudo começou cerca de um mês atrás, quando Lúcifer decidiu estar entediado de seus afazeres no inferno e de que queria, em suas palavras, férias de todo aquele trabalho cansativo, e como um bom patrão, levou seus melhores funcionários para um passeio no mundo dos humanos, mas especificamente ali, em Las Vegas, na cidade do pecado. Provavelmente foi atraído pela podridão corrente no corpo dos pecaminosos do lugar.

Com ele, Louis, seu braço direito, conhecido por ser um dos piores dos piores, por fazer a todos se ajoelharem perante si com só um olhar. Para Harry, era apenas mais um ser insuportável e que ele precisava dominar e tirar de seu caminho. 

Quando seus pés tocaram o chão, os olhos azuis eletrizantes de Louis atravessaram seu corpo, o anjo não sabia como um demônio tão sujo poderia ter olhos tão hipnotizantes, mas supunha que era tudo sobre o poder de sedução que ele poderia exercer. Harry não desviou os seus olhos, mantendo-se focado no outro enquanto cruzava os braços em sinal de defesa e franzia as sobrancelhas para a baderna que acontecia ali.

- Harry, finalmente você chegou. Já estava a me perguntar quando você apareceria e brincaríamos um pouco de cão e gato até que eu me entediasse e saísse o deixando com cara de espanto.

É, tem essa parte vergonhosa também. Harry vinha perdendo horrorosamente para o demônio. Qualquer passo do anjo o outro parecia já ter previsto e arranjado uma forma de pregar uma peça em si e isso só o deixava mais irritado. O cacheado tinha o objetivo de acabar com Louis enquanto que o ser parecia querer provocá-lo até a loucura. Uma rajada de vento e os dedos do ser estavam em seus bíceps marcados pelo terno branco como uma nuvem. Tinha isso também, o demônio viver provocando o anjo com toques íntimos demais, piadas sexuais e olhares quentes. 

- Desencosta, ser do inferno. - Rolou os olhos e tirou a mão de Louis de si com facilidade, mas assim que tocou o demônio ele sumiu de seu radar, era uma das coisas irritantes com ele, esse maldito poder de desaparecer, quando foi que Lúcifer ficou poderoso o suficiente para criar demônios assim? - O que, pelo bom Senhor, você está fazendo aqui, Louis? 

- Sabia que eu fico duro só de ouvir você falando meu nome, anjinho? - Murmurou o ser demoníaco, perto demais do ouvido de Harry, o tirando uma respiração entre cortada que o fez rir com gosto, como se estivessem contando-lhe uma piada das boas. - Não fique tão tenso, eu não mordo. A menos que você me peça.