O rei e o coração de leão

Emília se aventurava, tudo nos limites do condomínio onde morava. Lá possuía duas piscinas e uma quadra poliesportiva enorme. Também possuía um extenso campo com flores e árvores, além de também algumas lojas que se avizinhavam do condomínio onde ela residia com a família.

A sua família era composta por seu pai, sua mãe, ela e o irmão caçula. Seu irmãozinho, Américo, conhecido como "Rico", era seu parceiro em seus planos de aventuras. Emília era conhecida como "Em" e gostava de imaginar ela e o irmão em lugares que não tinha a oportunidade de ir. Os pais dos dois eram pessoas de negócios, empresários, e eram bastante ocupados para poder lhes dar a atenção necessária.

Em um dia de muito sol, os pais se divorciaram. A mulher quis ir para um município no interior do Amazonas e o homem quis ficar em Manaus. Seus filhos, muito teimosos e que se amavam como irmãos bem unidos, foram contra a proposta de se separarem. Em tinha 12 anos quando Rico, com 9, foi com a mãe para o interior do estado através de uma viagem de ônibus sem volta. Em ficou, pois ficou decidido entre os adultos que cada pai ficaria com uma das crianças. A briga, entretanto, era pelos bens materiais. Como a mulher possuía uma doença incurável e isso pesou na opinião do júri, ela havia ficado com várias coisas de valor. O homem não queria dar, pois eram heranças da família. Contudo, ele não teve escolha.

Rico crescia triste no meio de fortunas que a mãe conseguia ao investir graças ao negócio e às heranças do ex-marido. Não era raro o menino, que logo se tornaria um adolescente, pensar em como as coisas eram divertidas com a companhia de sua irmã. Porém, ele tinha um grande amor pela mãe e fez de tudo para estudar e a fazer também feliz.

Aos 15 anos, Em observou seu pai se casar pela segunda vez. Era desejo dela que os seus pais se reunissem, mas não demorou para que ela visse nenhuma oportunidade para isso. Sua mãe se esquivava de ver o ex-esposo toda vez quando ia visitá-la. Em viu que o pai gostava da nova esposa, uma mulher dois anos mais velha que ele. A nova habitante de seu apartamento tinha um filho, um menino de 12 anos nascido por um pai que não queria ser pai. O nome dele era Plínio. Plínio parecia um cordeirinho para o novo pai e a mãe, mas Em não demoraria para descobrir que ele era um lobo por dentro. Um lobo que gostava muito de caçar.

Em ficou mal ao achar que o meio-irmão a odiava, mas lutou para permanecer na nova constituição familiar. Para sua tristeza, não tardou a saber que a mãe havia conseguido um namorado e que planejava morar junto dele e de Rico. "Pelo menos", Em pensou aos 17 anos, "eles parecem serem felizes".

Em videochamadas, Rico sentia que a relação entre Em e Plínio era muito diferente de meio-irmãos comuns. Com quinze anos, Rico percebeu que Plínio era apaixonado por Em e que Plínio escondia isso dela. Em não notou isso por estar ocupada demais aos 17 anos, já que o vestibular batia na porta da sua vida e que estava bastante preocupada para qual universidade e curso iria. Seu pai torcia para que ela fizesse direito assim como ele fizera, mas Em queria mesmo viajar para outras culturas e conhecer o mundo.

Rico viu que era feliz com quinze anos e que desejava o mesmo para sua irmã mais velha. Por isso, decidiu em segredo ir a visitar e conversar com ela pessoalmente. Já tinha viajado em grupo para São Paulo e Minas Gerais! Precisava apenas adequar os seus cuidados, como iria só para a capital do Amazonas. A mãe aceitou com a condição que seu atual parceiro, um responsável legal de Rico naquele momento, fosse com ele. Ela não via a esposa do seu ex-marido com bons olhos.

Foram Rico e o segundo homem, chamado de Jonatas, para Manaus. Rico não compreendia o que fazia a mãe ter asco da outra mulher. Seria por querer uma reconciliação com o ex-marido? "É impossível, como os dois se amaram por muito tempo", acreditava, "E agora ela é feliz com esse cara que me acompanha". Os dois foram de ônibus para Manaus para não gastarem muito dinheiro. E a outra mulher, a que não era sua mãe, tratava muito bem Em, como se ela fosse sua filha também.