Tocar

606 115 57
                                    


Fanfic postada também no AO3, na conta : heyimalethea303. Se virem em outras plataformas ou conta denunciem por favor. 

Agradecimentos a minha amiga anja Júlia (@ju_hope95)que corrigiu o texto e me deu sugestões.

Conforme escrevia essa fic essa música me veio a cabeça, ela é muito boa, ouçam por favor. 

~*~

Não há nada que Lan Xichen não consiga tocar.

Desde o berço os dedos gordinhos se agitavam curiosos, como se ansiassem por algo, a sua lembrança favorita da infância foi quando ganhou uma flauta de brinquedo e imediatamente começou a tocá-la deixando todos encantados pelo evidente talento.

Aprendeu a tocar flauta antes mesmo de aprender a andar. A flauta era mais do que o seu primeiro instrumento, era o seu primeiro amor.

Na infância, também aprendeu a tocar Guqin, Xichen se lembrava com carinho das aulas de seu tio e de como ele parecia feliz vendo o pequeno sobrinho com aquele brilho no olhar desbravar seu instrumento favorito.

E ele nunca mais parou. 

Dominando instrumento após instrumento com perfeição e humildade. Adorava sentir como cada corda tremia conforme a intensidade de seus toques, como cada som saia diferente dependendo do quão forte soprasse. Fazer música era sua paixão, era o que o fazia sentir vivo.

Sob suas mãos um instrumento velho era capaz de cantar como se nunca tivesse sido usado e até mesmo o mais quebrado dos instrumentos soava como a melhor das canções.

Lan Xichen era um prodígio afinal.

"Nunca se esqueça Xichen". Seu uma Tio uma vez lhe disse. "Não há nada no mundo que você não possa tocar".

E ele nunca se esqueceu.

Praticava cada instrumento com afinco, sentindo seu corpo tremer enquanto desbravava cada detalhe oculto. Seus olhos atentos e mãos habilidosas eram capazes de descobrir cada segredo e de dobrá-los conforme o seu querer. Foi assim que Xichen descobriu um novo lado de si próprio.

O lado que amava controlar.

Se o instrumento não soltasse o som que ele esperava ele o afinaria até que estivesse perfeito para ser tocado, e se aquilo não o agradasse ele tocaria de novo e de novo até que soasse perfeito.

Enfim, não havia nada que ele não pudesse dominar.

E agora não seria diferente.

Naquele momento, ele olhava para o maior desafio de sua vida, sentindo seu interior se agitar com a expectativa de dominar aquela bela peça à sua mercê.

Começou devagar sentindo o toque sob suas palmas, era rígido porém macio. A euforia dentro de si aumentou ao sentir a temperatura mudando sob suas mãos. Logo adquiriu coragem e começou a explorar, os dedos agora longos e calejados passaram a tocar timidamente, com movimentos curtos e leves, as cordas rígidas e pouco flexíveis. Xichen tinha certeza que essas cordas nunca foram tocadas antes.

Xichen as tocou até que ficassem maleáveis, flexíveis o suficiente para que as notas começassem a sair. Aquilo o deixou mais agitado, a pulsação sob seus dedos o deixava ofegante. Ele adorava a sensação ao descobrir cada surpresa escondida, ser bem recebido daquela forma o enlouquecia, mas ainda faltava algo, aqueles sons embora agradáveis não o deixavam satisfeito, eram secos, baixos demais, Xichen ainda não estava no controle, e ele precisava estar no controle.

Se lembrava de cada corda que quebrou sob a força de suas mãos durante as horas intermináveis de ensaio. Desde pequeno aprendeu que aquelas mãos que criavam algo tão belo também poderiam destruir com a mesma intensidade. Então ele aprendeu, aprendeu a controlar sua força, aprendeu a verificar a pressão certa, aprendeu que cada instrumento era único, e este entre suas mãos era o mais especial de todos.

E como o bom musicista que era, sabia medir o quanto cada peça aguentava e ele tinha certeza que essa era capaz de aguentar tudo o que ele pudesse oferecer.

Então resolveu ser ousado, aplicando mais pressão, desbravando o instrumento à sua frente com audácia, descobrindo as combinações e as notas que cada corda soltava. E então ele encontrou.

A nota perfeita.

Então ele tocou mais uma vez, de novo e de novo, enchendo seus ouvidos com essa bela melodia, vendo a peça se dobrar sob suas mãos.

As notas antes curtas se alongaram e ficando insuportavelmente intensas, fazendo seu corpo pulsar encantado por ter descoberto aquele segredo e ansioso para descobrir os outros.

Era perfeito.

-Xi... Xichen.

O ofego fez o homem desviar sua atenção capturando o olhar de Wanyin. Uma nota rouca abandona sua garganta ao se deparar com aquela visão, os olhos azuis lacrimejando e a boca entreaberta de onde saia a respiração ofegante junto com as notas que ele adorava ouvir.

Sorrindo retira os dedos ouvindo um choramingo.

-Você soa tão bem A-Cheng.

Então ele começa a tocar com a boca, a língua desbravando atrevidamente aquela peça. E a nota que saiu, ah sim, Lan Xichen nunca tinha ouvido som mais excitante.

Os sons que saiam daquela posição agradavam e muito seus ouvidos, e não apenas os ouvidos, portanto ele aumenta a velocidade, afinal Xichen não conseguia se controlar não, com o corpo aberto de Jiang Wanyin na sua frente.

Xichen queria tudo. Ouvir todos os sons, descobrir todas as combinações e saber todos os modos que ele podia tocar aquele homem.

Queria tudo o que Wanyin quisesse lhe oferecer e retribuiria tudo na mesma intensidade.

Ele teria tudo.

Afinal não havia nada que Lan Xichen não conseguisse tocar.

E Jiang Wanyin não seria diferente.

Jiang Wanyin era seu amor e ele aprenderia a tocá-lo como a mais bela das canções. 



E então?

Eu pretendo postar o ponto de vista do Wanyin também, vai se chamar Afogar, talvez eu poste semana que vem. 

Meu Twitter: Yoru_lotus33


TocarOnde histórias criam vida. Descubra agora