Capítulo 5 - Percy

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Estava dentro da Casa Grande, na mesa de ping-pong com Quíron quando ouvi algo arrastando no chão acima da gente e um Dionísio xingando. O que quer que estivesse arrastando no chão parou com os xingamentos do Sr. D e logo minha meia-irmã entrou no cômodo em que estávamos.

Quíron: do que precisa, criança?
Kaayra *ofegante*: respostas.

E ficamos em silêncio, o único barulho ali era a respiração acelerada dela. Olhei para Quíron e ele estava com aquele olhar de professor Brunner, o olhar que aparenta ter 3000 anos e espera grandes feitos da pessoa mas não sabe explicar a cerca de uma forma... calma.

Percy: maninha, melhor você se sentar... parece cansada de correr e... *vejo a espada na mão dela* onde... onde conseguiu essa espada!?
Quíron: creio que foi seu pai quem a deu...

Kaayra fez que sim e se sentou em uma cadeira vazia e ficou olhando Quíron enquanto mexia a perna sem parar, ela com certeza estava ansiosa.

Kaayra: Quíron... Poseidon disse que chegou a hora de eu saber a verdade...

Quíron suspirou e ficou olhando para minha irmã por um tempo. Me sentei ao lado dela e vi algo que era raro em meus tantos anos de acampamento, Quíron com seu corpo de cavalo se "deitando" (sei lá como eles falam quando um cavalo fica por cima das próprias patas e encostando a barriga no chão) para ficar na nossa altura.

Quíron: não esperava que eu tivesse que contar a você, criança, tão cedo...
Kaayra *se alterando*: cedo!? Eu já tenho 15 anos Quíron!! Tenho 15 anos e não sei NADA sobre o que sou!!
Quíron: eu sei pequena... Mas isso foi necessário

Tive que tirar a espada da mão de Kaayra e segurá-la na cadeira para ela não avançar em Quíron. Ela estava ficando estressada.

Percy: Cachinhos do Mar, se acalma... fizemos isso pra te proteger... foi pedido pra que fizéssemos isso
Kaayra: você sabia disso!? *olho incrédula para Percy*
Percy: sim... eu sinto muito por não ter contado...
Quíron: e Percy está certo... foi pedido para que não contássemos tão cedo... Mas, se Poseidon disse-te que eu tenho as respostas, é porque chegou a hora de você saber a verdade, criança...
Percy: mas pra isso você precisa respirar fundo e se acalmar...
Kaayra: certo...

Ela respirou fundo e relaxou um pouco, mas continuou mexendo a perna de forma inquieta. Olhei para a espada dela e vi o tridente com asas, o mesmo que apareceu quando ela chegou, ainda bebê, no CHB e foi logo reclamada por Poseidon. Pensei se era certo eu começar a contar e, como se lesse minha mente, Quíron fez que sim.

Percy: lembra o que eu falei quando você me perguntou sobre quando eu cheguei aqui, sobre qual foram minhas primeiras perguntas?
Kaayra: sim... entre outras perguntas, você perguntou a Quíron se o Deus com D maiúsculo também existia ou não.
Percy: exato... há mais ou menos 15 anos, eu e Quíron tivemos a comprovação disso.
Kaayra: como assim?
Percy: você vai entender, calma. Durante uma noite, eu tive um sonho e vi Poseidon vindo até a margem de Long Island com um bebezinho no colo, esse bebezinho possuía asas.
Quíron: assim que o dia amanheceu, Percy veio até mim, contando sobre o sonho, e logo fomos até a praia e vimos uma cestinha chegando pela água com um golfinho empurrando ela. Percy logo pegou a cestinha e, dentro, estava uma garotinha de quase 1 ano, dormindo, junto de um bilhete com a letra de Poseidon. Levamos ela e a carta para o acampamento e, assim que nos aproximamos da grama, um tridente com asas apareceu em cima da criança.
Percy: ficamos meio preocupados com isso, já que nosso pai reclama os filhos apenas com um tridente... e, então, lemos a carta, onde tinha uma explicação para aquilo.
Quíron: sim... na carta estava o nome da criança, a data de nascimento e explicava o que havia de especial nela... dizia que aquela criança era filha de uma humana e um anjo, da "religião" do Deus com D maiúsculo, que se apaixonaram e acabaram tendo uma filha, mas era perigoso para criança viver junto deles... então a mulher, uma antiguíssima feiticeira, invocou Poseidon e pediu a este que desse um pouco do próprio sangue para a criança, transformando ela em um semideus, e levasse ela para um local seguro para meio-sangues.

Como era esperado já, Kaayra ficou em silêncio, meio atônita, absorvendo todas essas palavras que dissemos e logo perguntou, em voz baixa.

Kaayra: essa criança...sou eu...não é?
Quíron: sim, pequena...
Percy: mas, pensa pelo lado bom, você tem asas!

Isso fez ela sorrir igual ela sorria quando eu levava ela até minha mãe.

Kaayra: é, isso é legal... *olho para Quíron* Você... ainda tem a carta...?
Quíron: sim, criança. Está no sótão, no meio dos troféus dos semideuses
Kaayra: certo, obrigado... só mais uma coisa...
Quíron: diga, criança.
Kaayra: é por conta desses... pontos especiais... que eu nunca posso ir em missões?
Quíron: sim... numa parte da carta o seu... pai angelical dizia que era para manter-te segura o tempo inteiro...
Kaayra: o que meu jeito desastrado não permite tanto....

Ela pegou a espada, levantou-se e saiu dali.

Percy: fizemos a coisa certa, Quíron...? Esconder a verdade dela por 15 anos...?
Quíron: era o melhor a se fazer, Percy, o melhor. E, agora, sua irmã precisa de você...
Percy: certo...

Me levantei e saí dali, seguido por Quíron. Fui até a parte do sótão e fiquei ali embaixo, esperando a Kaayra. Não sabia como aquilo havia afetado ela, mas sabia que ela precisava de mim para ver aquela carta. Eu conseguia perceber quando minha irmã não estava confiante para fazer algo.
Enquanto esperava ela, fiquei pensando sobre os pesadelos que ela vinha tendo. Provavelmente ela estava tendo sonhos com coisas ligadas aquilo, mas também podia ter ligação com algo a mais. Ela raramente tinha pesadelos, os últimos que ela teve foi por um jogo de terror que o Leo havia mostrado para ela. Foi um longo mês tentando fazê-la ficar calma. Acho que ela está tendo sonhos "proféticos" de semideus, mas não tenho certeza... ela nunca chegou a ter sonhos assim.
Kaayra desceu do sótão e me olhou, enquanto chorava um pouco... abracei-a e fiz carinho em seus cabelos.

Percy: vamos pro chalé... irei ler a carta para você. Se quiser, claro.
Kaayra: *sussurrando* quero...
Percy: está bem, Cachinhos do Mar

Segurei ela pelo ombro, peguei a espada e sai andando junto dela para levá-la pro nosso chalé.

Um Milagre Entre SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora