Capítulo vinte e quatro: O cuecão supremo

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  Era uma tarde de outono. As pessoas se agasalhavam um pouco mais para poderem se esquentar um pouco. Astória lia um livro russo na biblioteca. Portava uma blusa azul, um colete amarelo abotoado, meia calça branca, sapatilha preta, um blazer e uma saia (ambos quadriculados amarelos). Hestia se sentou na frente dela.

- Precisamos conversar. – Decretou seriamente

- Fala. – Disse, sem tirar os olhos do livro

- Nott machucou Flora. Disse coisas terríveis e eu quero que ele sofra.

As palavras de Hestia fizeram a ouvinte abandonar totalmente sua leitura. Flora era muito mais importante do que qualquer enredo.

- O que ele disse?

- Basicamente chamou ela de cadela burra.

- Filho da puta! Como ela está?

- Você sabe. Ela finge que nada aconteceu, que não está machucada, que não liga. Mas eu sei muito bem que ela está sofrendo! Ela é minha irmã gêmea, Astória! A conheço desde que nasci!

- Ei, calma! – Pôs a mão sobre a dela – Flora será vingada.

Hestia era o tipo de cobra muito boa em camuflagem. Podiam nem sempre perceber, mas ela estava sempre lá, na surdina. Ela aguardava o momento certo pacientemente para, enfim, atacar. Menos quando o assunto era sua irmã.

Flora era tudo para Hestia assim como Hestia era tudo para Flora. Sempre estiveram conectadas e ficaram furiosas quando a irmã era ferida. Como naquela tarde de outono.

Hestia abandonou totalmente sua tranquilidade e paciência ao saber do que aconteceu a sua gêmea. Coube a Astória contê-la. Sabia perfeitamente que se fosse Daphne, a vítima, se encontraria no mesmo estado ou até pior. Carrow se acalmou um pouco.

- Flora sabe que você sabe?

- Não e deve continuar assim! Ela tentaria nos impedir.

- E falharia miseravelmente.

Note que Astória perguntou tranquilamente se a amiga contou que sabia à irmã. Como já disse antes, Hestia era uma fonte valiosa de informações. Mas o que jamais revelou era como as conseguia. Esporadicamente, Greengrass se questionava como descobria os podres de todo mundo. Preferiu manter sua pergunta para si. Tinha certas coisas que era melhor não saber.

- Já tem um plano? – Perguntou Astória

Um sorriso maldoso surgiu nos lábios de Carrow.

- É claro que sim! – Afirmou – Só que vamos precisar de ajuda.

Greengrass olhou por trás da amiga Gina e Luna aos cochichos um pouco distante dali. Carrow usou o espelho de mão que tinha na bolsa para checar o que a naja observava.

- Pode ir. – Autorizou – Eu vou indo na frente e te vejo no quarto.

- Tchau, então.

Astória pôs o livro na bolsa e foi até às amigas. Ao notar sua presença, pararam de falar imediatamente. Será que estão falando sobre o teste no Brasil? P'ra quem mais Gina contou antes de mim?, pensou.

- Oi, Astória. – Cumprimentaram

- Oi.

- Eu tenho que ir. – Despediu-se Luna – Vejo vocês mais tarde. Tchau.

- Tchau.

Gina fingia buscar por algum livro na estante. Astória a observava de braços cruzados, sabendo perfeitamente que escondia algo.

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