1. Da janela

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Batidas na porta interromperam o silêncio da escura e quieta casa do Sebastián Muñoz

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Batidas na porta interromperam o silêncio da escura e quieta casa do Sebastián Muñoz. Após a morte de sua esposa, Martina Muñoz, para a doença de Alzheimer, sua vida se tornou completamente solitária. Seus dias são resumidos em ler os jornais matinais e encarar a janela da sala que dá para a rua Paris-Londres, em Santiago, Chile, lembrando dos momentos felizes que tivera com sua esposa. Um quadro em cima da mesa testemunha de como eram felizes.

FOTO DO QUADRO:

Sebastián havia sido um empresário de sucesso no passado

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Sebastián havia sido um empresário de sucesso no passado. Ele e Martina costumavam explorar o mundo com viagens, pois gostavam da sensação de liberdade, por isso, decidiram não ter filhos. Aos 57 anos de idade, sua esposa começou a apresentar sinais de esquecimentos, que iniciou pequenos e foram avançando, até ao ponto de ela não reconhecer o próprio marido. Quando isto acontecia, ela se desesperava, pensando ser ele um ladrão ou coisa do tipo, e gritava pela casa, fugindo. Estes momentos eram extremamente dolorosos para o Sebastián, levando em conta a vida que tiveram juntos. Aos 78 anos, Martina se foi, deixando a enorme casa vazia e silenciosa. Ele, agora com 85 anos, sem família ou amigos por perto, carrega na memória seu passado e vive o presente sem propósito algum, apenas aguardando o momento em que irá descansar, da mesma forma que sua amada.

– Sebastián! – a voz do outro lado da porta clama para ser atendida.

– Estou indo! – responde. Com passos lentos, caminha até à porta; abre-a e dá de cara com sua vizinha, Antonella Rojas, com uma torta de milho em mãos. Ao seu lado, duas crianças pequenas o encara. – Oh, querida! Entre, por favor! – diz. A mesma segue seu conselho e se dirige ao sofá, colocando a torta em cima da mesa, ao lado do quadro de Sebastián e Martina. As crianças entram correndo e sentam-se ao lado da mãe.

– Como o senhor está hoje? Trouxe torta de milho, a sua preferida! – expressa. Sebastián caminha até o outro sofá, sentando-se.

– Estou bem, como todos os dias. Antonella, não tenho como te agradecer por tanta gentileza!

– Agradeça-me falando a verdade... Seu semblante te entrega, Sr. Muñoz, como todos os dias. Olha, eu entendo que o senhor amava a sua esposa e sente falta dela, mas ela já se foi há 5 anos, e desde então só te vejo triste, cabisbaixo... – diz preocupada. Antonella era vizinha e amiga do Sebastián desde que chegara ao apartamento.

– E poderia ser diferente, Nella? Eu a amava tanto… é como se uma parte de mim tivesse ido emb…

– Páraaa! – um grito interrompe a conversa.

– Nicolás! Mateo! Parem já com isso, vocês não estão na casa de vocês, se comportem! – diz, repreendendo as duas crianças, que disputavam um barco de madeira da estante de Sebastián.

– Deixe-os! Estão apenas brincando, é coisa de criança. – volta o olhar para a janela e suspira. – Se nós tivéssemos tido um filho… talvez as coisas fossem diferentes pra mim hoje.

– Sr. Sebastián, não vale a pena ficar se lamentando. A Martina não gostaria de te ver assim. O senhor precisa sair um pouco dessa casa, fazer um passeio, se relacionar com mais pessoas. Olha, a pascua será semana que vem. Por que não aproveita para fazer algo diferente? – ele a encara em silêncio e logo após suspira profundamente.

– Mas, o que poderia ser feito em uma noite de Natal nesta cidade? Toda Santiago estará fechada!

– Podemos fazer uma ceia! Convidamos algumas pessoas, a Mía pode trazer amigos, vai ser bom para todos. – ele permanece em silêncio. – Sr. Sebastián, faz um esforço, por você e pela Martina… – ele suspira mais uma vez.

– Tudo bem, tudo bem! Vamos fazer!

– Ótimo! Fico feliz por sua de… – um barulho repentino chama a sua atenção. Ao se virar, percebe Nicolás e Mateo congelados e o barco, que antes brincavam, agora no chão, quebrado.

– Crianças! O que vocês fizeram?! – repreende a mãe.

– Mamãe… mamãe… foi ele! – Nicolás aponta para o irmão.

– Não foi não, foi o Mateo!

– Não importa, agora já está quebrado! Vamos, vamos para casa antes que vocês derrubem a casa do Sebastián. – diz, levantando-se. – E o senhor, aproveite a torta! – Vamos, meninos!

– Eu vou primeiro!

– Não, eu que vou primeiro! – diz, se enroscando um no outro.

– Vocês não tem jeito mesmo… – diz Antonella, sorrindo.

– Vocês não tem jeito mesmo… – diz Antonella, sorrindo

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