Chapter One

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As alucinações de Lucifer Morningstar começaram pouco depois da explosão na boate, o dia em que viu tudo o que mais gostava virar chamas.
Ele achava que já tinha visto de tudo em seus 15 anos como dono de um dos clubes mais badalados de Los Angeles. Ele via -diariamente- estrelas da música, atores e uma quantidade impressionante de atrizes pornô enchendo a cara em sua boate. Era comum ter algumas brigas com clientes que não queriam ir embora, ou queriam sair sem pagar, mas nada nunca fora tão grave como o caso de Malcolm Graham. O homem era simplesmente um psicopata; tanto é, que após ser banido permanentemente do clube, implantou uma bomba no local, numa tentativa - falha - de matar Lucifer. Por sorte, o clube estava fechado no dia, e apenas Morningstar permanecia lá. Como não havia vítimas, a história mal chegou aos noticiários, sendo esquecida em poucos dias. Porém, para Lucifer, foi um verdadeiro pesadelo. Era uma manhã comum. Ele estava terminando de beber um de deus whiskys caros quando, de repente, a bomba explodiu. Antes que ele pudesse sequer entender o que estava acontecendo, o impacto da explosão tomou tudo. Seu tão amado piano voou pelos ares e tudo virou um verdadeiro inferno em chamas. Duas outras explosões sacudiram a estrutura com mais violência ainda. Lucifer se lembrava de estar se levantando quando uma quarta explosão, mais forte que as anteriores, o arremessou para longe novamente. Quando voltou para si, estava em cima dos estilhaços das garrafas. Entre um zumbido e outro, conseguiu avistar um homem negro acenando ao longe, como se fizesse sinal para que Lucifer fosse até ele. Cansado e zonzo, começara a andar na direção do homem, lutando contra o fogo. Mais tarde, riria de si mesmo por ter dificuldade em andar entre as chamas, considerando que passou metade da eternidade no inferno. Os ouvidos de Lucifer zumbiam de maneira estridente, mas o mesmo conseguiu ligar para os bombeiros, que logo chegaram e apagaram as chamas. Um homem, no entanto, lhe parecia vagamente familiar. Vestia um casaco azul e, da outra extremidade do recinto, encarava Lucifer. Sua pele era negra, e ele aparentava uns 50 anos. Lucifer achou que ele parecia deslocado ali, mais lembrando alguém que trabalhasse em um escritório do que em um corpo de bombeiros. O homem acenou e o vulto que Lucifer viu entre os destroços lhe veio á cabeça. Era ele. De repente, sentiu os pelos da nuca se eriçarem. Antes que pudesse identificar a origem daquela inquietude, um cobertor surgiu sobre seu ombro e ele foi levado até um canto onde um médico aguardava para examiná-lo.
Quando voltou a sentar, o homem de cabelos pretos havia desaparecido.
Ao longo da hora seguinte, o fogo cessou e Lucifer teve tempo para digerir o que havia acabado de acontecer, porém, à medida que seu corpo voltava a se esfriar, Lucifer começou a imaginar o que teria acontecido se a boate estivesse aberta. Homens e mulheres com quem convivia diariamente teriam morrido, e a culpa seria dele.

Depois da explosão, ele começa a ter dificuldade para dormir. Não por causa de pesadelos, mar porque não conseguia se livrar da sensação de estar sendo observado. Ele se sentia.. assombrado, por mais ridículo que parecesse. Dia e noite, notava algum movimento com o canto do olho, mas, sempre que se virava, não havia nada nem ninguém. Começou a achar que estava enlouquecendo. A Doutora achou que talvez pudesse ser algum tipo de estresse pós-traumático e que seu cérebro talvez ainda não estivesse totalmente curado da explosão. Aquilo nem fazia sentido, e nem convencia Lucifer. Ele apenas assentiu e a terapeuta lhe prescreveu pílulas para dormir. Lucifer nem se deu o trabalho de comprá-las.
Ele se afastou da boate por algumas semanas enquanto as questões jurídicas eram avaliadas. Três semanas depois, o seguro lhe ofereceu um acordo e ele assinou os papéis. A essa sutura, ele já havia cobrado alguns favores e restaurado metade do clube.

Com dinheiro o suficiente para que algumas pessoas o considerassem bilhonario, como de costume, Lucifer transferiu uma boa parte de sua fortuna para uma conta nas ilhas Cayman. Dali, o montante foi enviado para uma conta corporativa no Panamá, que tinha sido aberta quase sem burocracia, e então transferido para seu destino final. Como sempre, seria quase impossível rastrear o dinheiro.
Ele não precisava de mais. Já tinha tudo. Morava em uma luxuosa cobertura no mesmo prédio em que se encontrava sua boate, em Los Angeles. Tudo era muito bonito e caro. Alguns - provavelmente a maioria- de seus enfeites eram relíquias deixadas por artistas renomados. Embora Lucifer morasse ali a 15 anos, aquele era mais o lugar que ele dormia, tomava banho e fazia suas refeições do que propriamente um lar.
Sua casa estava quase sempre tão impecável quanto seus armários -lugar em que ele guardava seus ternos divididos por cor. Lucifer era -sempre fora- um tanto obsecado por limpeza e organização. Duas vezes por ano vasculhava tudo em busca de rachaduras e frestas, que mandava consertar para manter insetos e roedores longe. Sempre que ia sair de viagem, chamava faxineiras para limpar com desinfetante o chão da cozinha e o do banheiro e tirava dos armários qualquer coisa que pudesse estragar ou mofar. Durante sua ausência, sobretudo no verão, qualquer coisa que não fosse embalada corria esse risco. Geralmente, ele ficava fora por 30 dias, e depois ficava mais trinta na cidade. Quando voltava, mandava fazerem outra faxina completa mantendo tudo bem arejado para se livrar do cheiro de mofo.
Era um recanto barulhento e movimentado, e geralmente isso era tudo o que ele mais precisava. Ficava a apenas alguns metros acima da boate mais badalada de Los Angeles. Depois de passar um mês cuidando dos negócios, essa agitação era exatamente o que ele queria. Uma das coisas com as quais nunca se acostumara era o silêncio das viagens. Um caminhão ou um pássaro voando de vez em quando, alguns carros com o volume bastante alto e seu rádio ligado. Esse era todo o barulho que uma estrada podia o oferecer. Ele estava fazendo o possível para se concentrar na música que saía do rádio e não pensar muito nas coisas.
Em geral, isso era relaxante, mas de vez em quando fazia com que ele se lembrasse do lugar de onde viera. Quando isso acontecia, Lucifer desligava o som, forçando-se a afastar a lembrança. Ele tentava se concentrar na rotina agitada que dominava sua vida. Comia, dormia, fazia inúmeras compras, viajava e cuidava de LUX. Vez por outra, ia a reuniões de trabalho. Todas as noites, lia um dos clássicos do querido amigo Willian e, de vez em quando, escrevia uma carta para Tuck Hostetler. Isso era tudo. Embora tivesse uma televisão de tela plana, quase nunca a utilizava. Tinha funcionários para ir ao mercado por ele, então não quase nunca passeava por Los Angeles. Em 14 anos, nunca tinha ido ao píer ou coisas do tipo. Não precisava ir à uma academia, pois seu porte era completamente natural -um dos poucos benefícios de ser um anjo caído. Não namorava ninguém desde que tinha 14 anos na Terra.
A maioria da pessoas não gostaria e nem seria capaz de viver dessa forma, mas elas não eram o diabo em pessoa, não sabiam quem ele tinha sido e ou o que fizera. Lucifer preferia que as coisas continuassem assim.
Então, em uma tarde quente de meados de junho, quando Lucifer estava bebendo um de seus inestimáveis copos de whisky, um telefonema inesperado fez com que suas lembranças voltassem à tona. Pela primeira vez em quase 20 anos, finalmente voltaria à cidade onde tudo aconteceu. A ideia o deixava apreensivo, mas ele sabia que não tinha escolha. Tuck era mais que um amigo: fora um verdadeiro pai para ele.
Em meio ao silêncio, enquanto refletia sobre o ano que havia sido um divisor de águas em sua vida, Lucifer tornou a perceber um movimento com o canto do olho. Quando se virou, não havia absolutamente nada ali. Mais uma vez, se perguntou se não estaria enlouquecendo.

GENTEEEE finalmente eu acabei! Foram literalmente >>4 semanas<< escrevendo 🤡

Obrigada pela paciência e desculpe pela demora, mas espero que valha a pena 💖

Tem algumas coisas que eu queria esclarecer para vcs, tipo, eu pensei em trocar o Tuck pela Charlotte, mas senti q estava tirando muito a essência do livro, então deixei assim mesmo. Se vcs quiserem, eu troco, mas por hora vai ficar assim. Também tive que mudar MUITA coisa sobre o Dawson, mas foi necessário, tipo: ele tem uma vida toda tranquila e trabalha em uma plataforma de petróleo, e isso não tem absolutamente NADA a ver com o Luci, por isso troquei.

Eu realmente não tive aulas sobre a imortalidade, então vou precisar de ajuda com alguns detalhes futuros.

Adaptação da história "O Melhor De Mim", de Nicholas Sparks

Número final de palavras: 1474

- Júlia

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⏰ Última atualização: Dec 25, 2020 ⏰

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O Melhor De Mim | Adaptação DeckerstarOnde histórias criam vida. Descubra agora