0.1| o leite que se fundiu à verdade

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ambas eram apenas duas jovens adultas que tinham suas próprias dores de cabeça, problemas e vidas insatisfeitas para carregarem nos ombros. entre a ociosidade, indolência, trabalho e faculdade, kim bora e lee siyeon viviam jogando suas cruzes uma sobre a outra, desgastando cada vez mais o lastro do casamento delas.

ambas gostavam da mesma marca de leite de morango, e bora sempre bebia um copo do leite rosado enquanto siyeon jogava alguma mistura de macarrão instantâneo com molho de soja no microondas, reclamando sobre o jogo ruim que ambas alcunhavam vida.

a lee olhava para os traços delicados e inebriantes da kim, e permitia que um longo e estressado suspiro tomasse a liberdade, fora da cláusula de seus lábios avermelhados. então, em um ato súbito, reclamava com a namorada dos problemas do seu trabalho como balconista em um café, da temperatura do latte macchiatto, ou do cappuccino, ou de como a placa "more espresso, less depresso" lhe incomodava, ou de como sua chefe, kim minji, vivia importunando-a.

tudo irritava siyeon e bora odiava isso; mas mesmo assim, a kim alimentava a chama cálida e odiosa que crescia no âmago da lee ao dar corda às altercações calorosas.

quando ouviam os gritos escandalosos e o choro lancinante da kim, os vizinhos condoíam-se. mas eram contumazes as altercações contundentes na casa das duas.

pouco após as lágrimas quase sufocantes de bora, o tom vocal de siyeon tornava-se acalentador, e a kim abrigar-se-ia nos braços da lee, em um conforto quente.

e, no dia seguinte, estavam a discutir outra vez.

era a mesma cena de sempre... siyeon envolvia o coração ferido da kim em suas lamúrias ultrajantes, entre gritos de pânico e ódio; bora afogando-se em suas próprias lágrimas, apenas querendo um abraço acalentador da antiga siyeon.

[...]

em dado momento a exaustão e as acusações de indolência caíram pesadas sobre os ombros da kim. cansou-se de ser quem recebia os gritos, e decidiu gritar bem alto para todo o mundo ouvir o seu pranto de ódio.

− por que você não se divorcia de mim e procura um saco de pancadas ao invés de uma esposa nova?! ― um trecho do discurso de bora se destacou em meio aos soluços e gritos. ― quer saber? eu não tive a merda da culpa de você detestar o seu trabalho e estar estressada com a faculdade de direito! sabe por quê? porque eu não sou um saco de pancadas!

o braço de bora esbarrou no leite de morango, caindo direto ao chão. as lágrimas e argumentos, de certa forma, certos, fundir-se-iam ao leite derramado.

o rubor do rosto de siyeon perdeu-se em algum lugar da atmosfera pesada da cozinha estreita. as feições que exalavam ira tornaram-se tristes, e siyeon deixou o âmago de seu coração frágil e sensível dilacerar-se, à mostra. a tristeza tornar-se-ia, em dado momento, comsumptiva para ambos os lados.

a lee estava chorando também.

a kim estava chorando de novo.

− eu quero o divórcio. ― foi a frase que dilacerou tudo. bora suspirou, enquanto mirava o chão. deixou o cômodo sem olhar para a face da outra presente no local.

e assim, mais uma história de amor chegou ao fim, sendo incendiada pela chama do ego, ódio e arrogância. alguém iria afogar-se nas lágrimas em dado momento, então era melhor que acabassem com o sofrimento antes que deixassem-no corrompê-las.

――――

oi gente!
o que vocês acharam da oneshot?

foi bem curta, eu sei. porém eu gostei de ter feito-a. obrigada por terem lido até aqui!

stan dreamcatcher! ♡

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⏰ Última atualização: Dec 12, 2020 ⏰

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MILK AND TRUTH, suayeonOnde histórias criam vida. Descubra agora