BAD SAD TIMES

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- Eu não vou conseguir dormir Liz! - Falei soluçando com o choro que tinha diminuído de volume.

- Eu vou dormir aqui com você.- Ela falou estendendo o lençol da minha cama, trocando o outro fedido e sujo com queimaduras de cigarro.

- Tem certeza que não quer que eu durma no sofá!?

- Não precisa, eu to aqui para te ajudar e sei que é um menino respeitoso.

- Sei que tenho muito defeitos, - Continuava a soluçar. - mas todas as qualidades que eu tenho vieram da criação que ela me deu...

- Queria ter conhecido ela então, - Liz se pôs na minha frente, me olhou nos olhos e segurou meu rosto. - para ter parabenizado ela pelo ótimo trabalho com você!

- Ela teria amado te conhecer! - Não conseguia parar de chorar.

- Você dorme com de edredom, coberta, lençol? - Ela fazia o máximo de perguntas que podia para mudar o meu foco e atenção.

- Eu to bem, não precisa... - Respondi sentado na beirada da cama

- Desliga a luz pra mim ali, por favor?

- Não quer uma roupa larga minha? - Enxuguei o rosto porque em algum momento precisava me recompor.

- Eu to bem, não precisa... - Ela me imitou, com os braços finos e a cara de morgado, o que me fez sorrir. Precisaria de mais desses pra sobreviver ao dia de hoje.

- Liz, - falei quando nós dois deitamos e as luzes estavam apagadas. - E as história de sermos só amigos? Amigos não se beijam como hoje.

Ela estava de calça jeans e um moletom rosa claro, mesmo assim me deixava nervoso o fato de ter ela tão perto.

- Vai dormir Tristan, você precisa descansar. - Ela passou as mãos em baixo do meu braço, comigo deitado de lado, e segurou minha mão. - Eu to aqui pro que você precisar ok?

E não foi preciso responder. Aquela seria a primeira vez que eu dormiria com uma mulher do meu lado e apenas dormiria.

Posso te garantir que foi melhor que qualquer outra experiência!


Na manhã seguinte, acordei com ela sentada na minha cadeira, virada para mim, me esperando acordar.

Queria acordar assim todos os meus dias, de início acreditei ser até uma mentira e pela segunda vez esqueci do que estava acontecendo.

Me sentei na cama com os pés para fora, respirando fundo por que sentia a ansiedade preenchendo meu corpo de novo.

- Quer tomar café? - Ela perguntou, se sentando ao meu lado e segurando minha mão.

- Eu não sei fazer café!

- É por isso que tem uma máquina que faz ele para você Tristan Evans!

Descemos até a cozinha, e encarar o fim da escada onde eu sabia que tinha passado duas horas chorando ontem me deu calafrios, tinha muito tempo que não tinha um ataque desses.

- Bom dia filho! - Ele estava sentado na copa com apenas uma xícara na mão, agora que não tinha quem servisse a mesa.

- O que você tá fazendo aqui?

- Eu moro aqui!

- Uma vez por mês... - Dei de ombros.

- Como você pode trazer uma conquista para casa, em um dia como esse?

- NÃO FALA DELA ASSIM, ELA NÃO É... - Faltou palavras pra explicar o que eu não sabia, mas a raiva foi muito maior. - UM DIA COMO ESSE PAI? O QUE VOCÊ SABE SOBRE ROSE A NÃO SER O VALOR DO SALÁRIO DELA?

- Sabia que ela estava doente e você não...

- VOCÊ NUNCA DISSE UM OBRIGADO A ELA POR ELA TER FEITO O PAPEL DE MÃE E PAI QUE VOCÊ NÃO FEZ! - parei para raciocinar o que ele tinha dito. - Espera, o que?

- Eu sabia que ela estava doente.

- E PORQUE NÃO ME CONTOU? - As lágrimas voltaram a cair.

- Pra que? Você se afundar nessas drogas que usa - Ele apontou com o braço pela casa, como se encaixa canto tivesse um tipo diferente de entorpecente, o que não era muita mentira, já que a muito tempo ninguém limpava isso aqui. - Seria um sofrimento adiantado meu filho...

- NÃO ME CHAMA ASSIM PORRA! VOCÊ NÃO É UM PAI PARA ME CHAMAR DE FILHO... - Fui bravo em direção a ele, que levantou da mesa às pressas pronto pra bater de frente comigo se necessário.

Mas não foi. Liz segurou meu braço e automaticamente eu me acalmei.

- Vem vamos sair daqui!

Do lado de fora da enorme porta da minha casa, na varanda com piso claro de porcelanato, ela passava de novo as mãos no meu cabelo e me dizia que tudo já ficar bem.

- Voce pode ir lá em cima pegar meu terno pra mim?

- Claro que posso!

- Obrigado... - Ela se virou para ir mas eu segurei sua mão, o que a fez voltar - Sério, obrigado por tudo!

Troquei de roupa na casa do Connor, que também se vestiu com roupas de domingo.

- Ei, - Ela pôs as mãos nos meus ombros quando saímos de casa. - você não tá muito bem, deixa que eu dirijo...

- Você sabe dirigir? - Perguntei surpreendido com o nariz vermelho e o rosto inchado de tanto chorar.

- Eu sou uma estudante de Letras na Oxford, não há muito que eu não saiba fazer...

Pela primeira vez entrei no lado do carona, no meu tão amado Jeep preto.

-Mas você não deixa as pessoas nem encostarem no freio de mão!

- Cala a boca Connor...

Coloquei "Live and Let Die" do Guns no rádio e ela cantarolou por todo caminho, o que confortou meu coração por um bom tempo, exatamente como eu precisava.

Quando chegamos lá, vi Brad e James e suas respectivas damas enfileirados a minha espera.

- Liguei para eles, espero que não se importe. - Liz falou assim que os vimos.

Coloquei os óculos de show, porque não parava de chorar e não suportaria que eles vissem isso.

Cada um me abraçou, e eu senti no meu coração e alma que já tinha estado ali, já tinha perdido alguém, e não queria estar passando por isso de novo...

... É Rose, essa vai ser impossível de curar!

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⏰ Última atualização: Dec 08, 2020 ⏰

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