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Eu: vamos para onde?- pergunto entrando no carro com o Metralha
Metralha: comer, tô parido de fome- fala e da partida no carro- gosta de hambúrguer né?!- pergunta meio que afirmando e eu confirmo com a cabeça
Eu: amo- falo e ele sorri de lado.

Fomos o caminho conversando sobre assuntos aleatórios até chegar numa barraquinha de lanches, ele estaciona perto e fomos para a barraquinha apé mesmo, quando chegamos na barraquinha apenas nos sentamos em uma mesinha lá e ele ficou me observando enquanto eu olho o cardápio.

Eu: o que foi?- pergunto e ele da de ombros
Metralha: tu tá melhor?- pergunta e eu confirmo com a cabeça
Eu: estou sim, obrigada- fala e eu da um leve sorriso de lado enquanto me observa- vai continuar me olhando assim ou vai falar de uma vez?- pergunto e ele da de ombros
Garçonete: vão querer alguma coisa?- pergunta e o Metralha confirma com a cabeça tomando o cardápio da minha mão
Metralha: vamos querer dois Ippon burguer triplos, uma porção grande de batatas completa e um litrão de skol- fala e a moça daí andando de volta para o trailer de lanche.
Eu: tu vem sempre aqui?- pergunto e ele confirma com a cabeça
Metralha: sempre que venho resolver minhas coisas no asfalto- fala e eu confirmo com a cabeça- aqui é legal, de vez em quando tem roda de samba- fala e eu sorrio- e o lanche deles é uma delícia- fala e eu confirmo com a cabeça
Eu: acredito, não acho que você seja capaz de me trazer para comer em um lugar ruim já que você também vai comer- falo e ele da risada
Metralha: você é mais legal do que eu achei- fala e eu dou risada
Eu: eu sou maravilhosa eu sei- falo e ele da risada alto chamando a atenção  de algumas pessoas
Metralha: ala a ilusão da outra bicho, tô falando mesmo- fala e eu dou risada
Eu: não sou iludida, sou realista- falo e ele da risada
Metralha: tu é engraçada, na moral mesmo- fala e eu dou risada.

Ficamos conversando enquanto o nosso pedido não chega, e quando chega a gente mais conversa do que come, demoramos horas lá, a noite foi agradável, comemos, conversamos muito, andamos na praia, ficamos conversando sentados na areia da praia por horas, só fomos embora quando estava amanhecendo. O Metralha é um filho da puta, mas pense num filho da puta legal é ele, ele conseguiu me distrair do que aconteceu mais cedo, mas só foi pisar na cozinha para beber água que eu lembrei de tudo, é horrível a sensação de ter nojo do seu próprio corpo, o que eu passei eu não desejo nem pro meu pior inimigo.
Eu fui tocada sem a minha permissão, meu corpo foi usado para satisfazer os desejos carnais de outra pessoa sem o meu consentimento, eu fui agredida fisicamente e sexualmente por anos por uma pessoa da minha família, pessoa essa que meus pais confiaram a minha vida.

Metralha: epa- fala se abaixando e me abraçando.

Agora eu estou largada no chão chorando todas as minhas mágoas, como eu disse, o que eu estou sentindo não desejo nem pro meu pior inimigo, desejo a ninguém, nem para a pior pessoa do mundo, mas enfim, agora eu só preciso de um tempo para me recuperar emocionalmente de tudo o que eu passei, vou precisar de muito tempo para me recuperar dessa dor que eu sinto aqui dentro.

Metralha: vai passar, vai passar, calma que o tempo cura todas as feridas- fala me apertando contra o corpo dele
Magrim: qual foi?- pergunta também me abraçando e junto ao dele também sinto um terceiro abraço, provavelmente do Pesadelo
Pesadelo: calma meu anjo, calma- fala acariciando o meu cabelo e me puxando mais para ele fazendo os outros dois me soltarem- faz uma água com açúcar para ela aí Magrim- fala e me ergue no colo me levando pro sofá- quer conversar sobre isso?- pergunta e eu nego com a cabeça enquanto escondo o meu rosto no peito dele
Metralha: liga pro doutor lá- fala me abraçando e o Pesadelo sai de perto da gente- tu tá bem?- pergunta e eu nego com a cabeça escondendo o meu rosto no peito dele- vai ficar tudo bem, eu tô aqui, calma Letícia, calma- fala num tom de voz baixo e de um jeito carinhoso, coisa que não é típico do Metralha
Eu: eu sei- falo com a voz baixa e ele me aperta mais nele
Magrim: bebe pequena, bebe que tu vai se acalmar mais- fala e me entrega um copo de água com açúcar, eu bebo tudo em praticamente um gole, entrego o copo vazio para ele e o Metralha sobe comigo pro meu quarto.
Eu: tu não vai trabalhar não?- pergunto quando ele deita comigo na cama
Metralha: para te deixa sozinha nesse estado para tu fazer alguma besteira? Nem lascando- fala e me puxa mais para ele
Pesadelo: a minha mãe ligou e falou que tá vindo aqui para ficar com ela
Metralha: vai indo lá para boca, quando a sua mãe chegar eu desço para lá também- fala e ele confirma com a cabeça- quer conversar sobre o que você está sentindo?- pergunta e eu nego com a cabeça
Eu: não- falo e ele confirma com a cabeça
Metralha: as vezes falar o que você está sentindo pode te ajudar a melhorar- fala e eu nego com a cabeça
Eu: falar não vai me fazer voltar no tempo e impedir que ele faça o que falei comigo- falo e ele confirma com a cabeça
Metralha: quando eu era pequeno os meus pais tinham se separado, minha mãe tava namorando um desgraçado aqui do morro, eu apanhava do namorado da minha mãe e do pai dele todo santo dia, cheguei até se estuprado pelo namorado da minha mãe, até que eu entrei pro mundão e larguei eles de mão, minha separou do cara lá e voltou com o meu pai, meu pai quando soube deu uma surra no cara lá, depois disso nunca mais soube deles dois- fala e eu só escuto atenta- eu sei o que tu tá sentindo, só que eu conversei com alguém e aos poucos fui melhorando- fala e eu olho para ele.

Meu Glorioso PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora