Aqua
Eu corro pelos corredores vazios, contando os segundos na minha cabeça conforme meus pés se encontram com o chão gelado. O alarme soava alto por todo o orfanato, e era possível escutar os gritos dos órfãos, guardas e Irmãs vindo do lado de fora. O caos causado pela briga de facas iria acabar em dois minutos. Três se eu estiver com sorte. Precisava chegar até Chelsea.
Passo por algumas portas abertas de quartos vazios, parando apenas ao chegar na frente do dormitório da minha melhor amiga. A porta estava entreaberta, o que não era um bom sinal, considerando que nosso plano era deixar a porta trancada. Eu entro, mas imediatamente paro com a imagem que me espera.
Chelsea estava no chão, sangue ao seu redor, sujando seus longos cabelos cacheados. O vermelho escarlate se misturava com o vermelho fogo natural dos fios, manchando também metade de seu rosto. Seus olhos estavam fechados, sua pele cheia de sardinhas mais pálida que o normal - o que era incrivelmente assustador, considerando o quão branca a menina naturalmente é.
"Chel..." Murmuro, imediatamente me aproximando e ajoelhando ao seu lado. Medo ameaça paralisar meu corpo, mas eu me forço a procurar por um pulso em sua garganta. Quase desmaio de alívio ao encontrar. Era fraco, mas estava ali.
Esse foi um plano terrível, penso. Não vai funcionar, todas nós vamos morrer.
Me forço a respirar fundo e raciocinar, olhar além do medo. O buraco atrás da cômoda do quarto levava até a parte exterior do orfanato, para a parte dos fundos, onde havia o buraco na cerca. Ninguém além de Matteo sabia sobre essas duas passagens, e ele iria morrer antes de contar.
Eu tinha duas opções. Ficar com Chelsea para ter certeza que ela iria ficar bem, perder a chance de escapar, provavelmente a única que teria, arriscar ser descoberta e provavelmente morta. Provavelmente matariam Chel também.
Ou eu poderia ir embora sozinha. Eles não deixariam Chelsea morrer, ela era uma das orfãs mais comportadas que eles tinham. Chel fazia o papel de promissora - quando na verdade era a pessoa mais essencial no nosso plano de fuga. Eles provavelmente iriam questioná-la sobre onde eu estou, mas ela não vai saber disso. Não temos um plano para o que fazer depois.
Levá-la comigo está fora de cogitação. Não vou conseguir carregá-la e nós duas vamos levar tiros na hora. Eu tenho medo de pensar o que vão fazer com ela se eu a deixar sozinha, mas não tenho outra opção. A única coisa que posso fazer é procurar ajuda lá fora.
Dou um beijo na testa de Chelsea, sussurrando: "Desculpa. Prometo que volto por você."
Então levanto e, deixando a porta aberta para alguém poder encontrar e ajudar Chel, caminho até a cômoda e empurro o móvel, expondo o pequeno buraco. Era apenas grande o suficiente para uma de nós rastejar, e é isso que faço.
Assim que respiro ar livre, começo a correr.
A primeira coisa que registro ao abrir os olhos é a dor. Não é tão grande quanto era na floresta, ou após as punições no orfanato, mas era horrível. Sentia como se meus pés estivessem mergulhados em ácido, e cada músculo do meu corpo protestava, mesmo quando eu não estava me movendo.
Meus braços estavam erguidos, e quando tento me sentar, noto outra coisa. Algemas restringem meus pulsos, presos na cabeceira da cama. Bem, isso explica porque meus braços estão tão malditamente doloridos.
Haviam curativos pelo meu corpo, onde os cortes estavam, e ambos meus pés estavam enfaixados. Meu vestido branco não estava em nenhum lugar que eu possa ver. Eu usava uma camiseta preta fina que estava gigante em mim. Quem quer que seja o dono disso é alto ou tem um belo par de peitos, penso.
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Crow- Flaming Reapers
RomansaCorre, corre, garotinha Corre pela floresta e tente se salvar Corra do inferno, bonitinha Mas não esqueça dos outros monstros que querem te pegar Aqua acabou de fugir de seu inferno, mas não estava preparada para os outros monstros escondidos na flo...