CAPÍTULO 1

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Aquele amontoado de casas, que não passavam de dois andares, a maioria feitas de barro ou madeira, exibindo um telhado, por vezes, colonial que mau resistia às enxurradas, e a fortes pancadas de chuva.

De manhã se via saindo de suas casas os homens representantes de cada família á trabalhar para por, todos os dias, sobre a mesa um punhado de café e um pedaço de pão dormido.

Ao meio dia se ouvia as crianças a cantar ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, enquanto saltitavam de felicidade pelas ruas de terra batida e calçamento.

Algumas, mais educadas, diziam "bom dia" ao vizinho regando as plantas e flores da varanda, em vasos de barro queimado.

Outras apenas acenavam dando um leve sorriso, deixando amostra os pequenos dentes brancos como marfim.

Em damasco, ( uma cidadezinha localizada no interior do espírito Santo ), com pouco mais de dez mil habitantes que, conforme o passar dos anos, fora sendo esquecida, e até mesmo apagada dos mapas.

Enfim, se tornando um pequeno conjunto de comunidades tradicionais.

Mas a noite, ( quando as luzes das casas se apagavam ), deixando somente a luz débil dos postes acessa, iluminando parcialmente ruas e calçadas, cujos os paralelepípedos exibiam as bordas quebradas.

Praças com seus bancos vazios de madeira recebendo a luz em tons suaves de um laranja vultuoso, projetado pelo lampião de querosene pendurado sob a porta de entrada da igreja matriz.

Folhas balançavam ao vento incorporeo e invisível, chocando se com as árvores e troncos retorcidos, que pairavam dormentes sobre toda damasco, como vigilantes á espreita.

Poucos ousavam sair de casa, na calada da noite, pois o silêncio absoluto lá fora, ( junto a um jogo incômodo de luz, e sombras ), pode esconder a descrença e o que há de mais sinistro, e obscuro em meio a escuridão.

Nos arredores da cidadela, luzes vermelhas e azuis piscavam cintilantes por de cima de carros, bestas motorizadas movidas a gasolina.

A patrulha era feita todas as noites para garantir que nada de errado acontecia, mas os agentes sabiam que nem ao menos teriam de salvar o animalzinho de estimação, de cima da árvore.

Cercados pela mata verdosa por toda região, tendo a bola de fogo reluzente, que era o sol, crescendo, e queimando a fronte de quem ousava vê-la.

Nessa cidade onde crimes não acontecem, ( ou os que por ventura acontecem são, em sua maioria, menores os delitos), um homem, por volta de seus trinta e poucos anos, descansa, exaurido de cansaço, após o trabalho árduo do dia.

Exaustivo fora o dia dele, com a dor de cabeça o acompanhando, presente desde o entardecer.

Seu nome era Jeremias cândido, contudo era mais conhecido pelo subtítulo dado á ele de homem da serra ou homem do serrado.

Era, afinal de contas, um homem feito, robusto, de ombros bem distribuídos, de feições ultrapassadas e de um semblante predominante, com poucos pelos brancos na face grisalha, e detentor de uma careca que muito detestava, ( assim, por vezes, utilizando-se de seu chapéu de couro para mantê-la fora de vista ).

A velha televisão havira queimado já fazia um mês, graças aos constantes curtos na afiação e algumas panes na elétrica, sendo o único aparelho que tomou seu lugar o rádio no pequeno balcão da varanda.

As notícias do dia a dia eram apenas meras distrações, visto que sempre quando ouvira o interlocutor anunciando o placar do jogo da semana, ou os destaques do jornal local, pensara o quão sortudo era de estar ali desde moleque.

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⏰ Última atualização: Jun 14 ⏰

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