UNDER BLACK WATERS

NINGUEM ESCUTA O CHAPEU SELETOR

A manhã de embarque no Expresso Hogwarts sempre era agitada no Largo Grimauld, com Walburga indo para todo o lado e chamando atenção dos filhos o tempo todo. Naquele dia, no entanto, ela estava estranhamente calma.

Sirius havia chegado sabia-se lá que horas na madrugada anterior e tinha uma aparência péssima. Ele havia entrado de fininho na casa, totalmente despercebido, mas era impossível não olhar para a cara dele e deixar de saber que ele passara a noite fora. Quando o rapaz desceu as escadas para tomar café, Orion estava sozinho à mesa, lendo a edição matinal do Profeta Diário.

-Monstro! -Sirius chamou e o elfo doméstico da família apareceu ao seu lado em um estalo- Me traga café, por favor, muito café.

O elfo torceu a cara enrugada para o mestre.

-Madame Black ordenou que eu tirasse a mesa e que começas...

-Não quero saber do que minha mãe te disse, traga meu café logo!

Monstro se afastou murmurando xingamentos ininteligíveis. Sirius deu de ombros e esticou a mão para uma torrada. Ele encontrou o olhar do pai quando se levantou em direção à geleia.

-Bom dia, pai.

O mais velho balançou a cabeça e olhou para o teto no momento em que Walburga soltou um berro de insatisfação, o primeiro daquela manhã.

-Você tem sorte de que sua mãe tomou aquela poção para o sono e dormiu a noite toda. É bom para você que ela esteja de bom humor quando ela vir essa sua cara de libertino.

O garoto revirou os olhos apesar da nota de divertimento na voz do pai, enfiando um pedaço de pão na boca. Um bule de café apareceu à sua frente e ele tratou de servir-se uma xícara generosa da bebida quente.

Memórias da noite anterior preencheram sua mente. Ele estava vendo essa garota mais velha, trouxa, já havia algum tempo e, na noite anterior, ela o havia dado o maior presente que um garoto adolescente com hormônios em efusão poderia querer: sexo. Duas vezes. Ok, uma e meia, talvez, se ele tivesse de ser justo. Mas aquilo não importava, ele não só era provavelmente o primeiro ex virgem de seu ano como tinha conseguido transar com a maior gata de dezessete anos do sul de Londres e ele mal esperava para contar sobre a experiência para seus amigos. É claro, ter de dizer para ela que iria embora para um colégio interno e que ficaria meses fora, logo depois do ato, não havia sido uma decisão muito inteligente, porém, vivendo e aprendendo.

-Pelo seu sorrisinho a noite foi boa.

Sirius abriu um sorriso maior ainda e trocou um olhar confidente com o pai.

-Ah, a juventude.

Ele havia buscado pelo pai no outro dia, perguntando sobre...aquele tipo de coisa, mas, principalmente, sobre feitiços contraceptivos. O garoto achou meio estranho falar sobre aquilo com o pai, mas havia sido melhor do que o esperado.

-Essa garota é...trouxa certo?- o menino assentiu- então talvez você deva passar em uma farmácia trouxa antes, sabe, para comprar preservativos.*

-Preservativos?

-Camisinhas.

Depois de uma conversa esclarecedora sobre como evitar ISTS, o garoto se sentiu mais seguro sobre seus planos para a noite e tudo tinha sido tudo que ele esperava, talvez melhor! Ele mal poderia esperar para contar para seus melhores amigos sobre sua experiencia na manhã seguinte, quando estivessem todos em sua cabine em direção à Hogwarts.

A tranquilidade na famigerada manhã, nonetanto, não durou muito.

-Sirius!

A voz de Walburga ressoou pelos quatro cantos da casa e pai e filho emitiram uma careta.