Capítulo 3 - Perda

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Era uma manhã quente quando a oficial Rocha, desceu de seu carro, um fiat argo preto, em frente à minha casa

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Era uma manhã quente quando a oficial Rocha, desceu de seu carro, um fiat argo preto, em frente à minha casa. Lembro de vê-la apagar seu cigarro antes de se aproximar do portão cinza claro.

Normalmente a rua era cheia de vida e pessoas conversando pelas calçadas mal concretadas, mas hoje em questão não era um dia como os outros. A agente Rocha bateu palmas até que fosse atendida.

Na porta de metal em frente ao portão, surgiu meu irmão, David, ele já esperava por sua "visita". David era meu irmão mais velho, um típico "puxa briga" super protetor e impaciente, diferente de mim nunca havia chegado próximo de terminar o ensino médio, havia deixado a escola depois da morte de meu pai para ajudar minha mãe nas contas da família.

David não possuía um perfil arrumado, gostava de seu cabelo curto, e de blusas de frio longas de preferência sem estampa, calças justas não faziam seu estilo, assim como barba, afinal ele não precisava desse adereço para parecer "mais velho", o trabalho como pedreiro embaixo do sol quente já fazia isso por ele.

– Bom dia policial. – falou educadamente David abrindo o portão, meu irmão sempre foi muito educado, apesar da personalidade impaciente, mas eu também era, minha mãe sempre disse que puxamos o gênio "ruim" do meu pai.

– Bom dia, você é? – perguntou Rocha.

– David de Morais Dutra, irmão da Ani... – estendeu sua mão, cumprimentando a oficial.

– Sua mãe está David?

– Ela... Ela está no quarto... Policial... Minha mãe não está muito bem desde de que... desde que a Ani desapareceu... Não acho que seja uma boa ideia falar com ela! – David estava com os olhos marejando em cada palavra que disse, meu irmão não era de chorar, foi criado para ser "forte" e nunca pedir perdão pelas coisas que fazia, essa é a primeira vez desde que éramos crianças que o vejo chorar.

– Claro! Eu entendo completamente, se precisar posso entrar em contato com a administração do hospital, para dar apoio psicológico a você e sua mãe David...

– Eu acho que seria uma boa ideia policial... – disse David cabisbaixo.

A agente Rocha adentrou a casa, poderia mentir e dizer que onde morava era uma mansão de filmes, e que havia paredes forradas de mármore e azulejos condecorados, com móveis da última geração, e uma TV HD de 70 polegadas, mas não seria uma descrição fiel.

Minha casa era simples como a de qualquer um do quarteirão, com o teto sem forro expondo as telhas e a fiação, assim como em alguns cômodos haviam paredes que precisavam de reboco, claro que meu irmão desdobrava-se com seu salário e o de minha mãe para pagar as contas e o pouco que sobrava guardava em uma conta poupança com o fim de ajudar nos acabamentos da casa.

As vezes estudar no colégio *Monteiro Lobato onde eu era bolsista, custava caro demais, e minha mãe acabava por mexer nessa poupança para auxiliar nos meus estudos, o sonho dela sempre foi ver os dois filhos formados com um futuro que ela nomeava como "melhor" do que o dela.

O desaparecimento de Anissa Dutra [NOVO]Onde histórias criam vida. Descubra agora