Sempre será você - Noart Edition

Capítulo 1 - Sina Deinert

                Entrei no café com o sol já sumindo. Escutei Noah marcando por volta das seis da tarde. Não sabia com quem ele marcou, então preferi chegar cedo.

Minha mãe ainda falaria horrores em meu ouvido por não jantar com a família no dia da chegada do meu irmão Josh. Ele acabara de retornar da Espanha, onde passou 8 anos e estudando Medicina. Porém era a única oportunidade de mostrar aquele homem divino, vulgo, Noah Urrea o meu interesse.

Sim, eu sei. Deveria ser julgada como louca por muitos. Meu irmão e Any fizeram questão de me dizer isso, mas se eu conseguisse ao menos um cumprimento dele poderia saber se ele me reconhecia da academia.

Se acham que só porque eu sou loira e magra eu me sentia a mulher mais linda do mundo, estão enganados. Muito pelo contrário. Eu malhava igual uma condenada, mas não tinha nada a ver com o fato do meu pai ser o dono de uma rede de academias. Não mesmo. Era porque como feito uma leitoa, principalmente se tiver chocolate envolvido, então preciso gastar meus exageros. Também passava reboco na cara todo dia porque era sensacional acordar trinta minutos antes e ficar me maquiando? Deixa eu te contar, isso era uma merda. Fazia isso para esconder as marcas de espinha e os demais defeitos da minha cara. E claro, tentar tirar a cara de sono.

Por que raios o mundo não sente sono como eu? Sempre foi minha maior dúvida. Via nas aulas e nas palestras que participava, todos concentrados e eu lá, tentando manter minha cabeça levantada e esconder a baba.

Então, não! Não me apresentaria para um homem lindo daquele com aquela cara suada de academia, nem morta. Sofria muito todo dia para ser uma mulher bonita e precisava me apresentar a altura.

Noah começou a malhar na academia de papai há uns seis meses. Ao que parecia o homem havia mudado de cidade e ouviu falar muito bem da academia do meu pai. Lembro-me perfeitamente do primeiro dia daquele monumento. Ele se matriculou logo após fazer uma aula experimental de boxe com meu pai.

Eu, por algum acaso, estava lá para cuidar das finanças. Meus pais são dois cabeças dura que não confiam em contadores e queriam confirmar alguns gastos e impostos pagos. Estou acostumada a trabalhar com isso, já que mamãe está sempre me fazendo estudar sobre tudo que um dia precisarei para ficar no lugar dela, comandando a boate que é dona. Passei na sala de lutas para me despedir e avisar papai que já tinha terminado quando vi aquele Deus grego.

O homem fazia um aquecimento. O tronco nu mostrando os gominhos e peitoral definido, o short curto deixava as coxas grossas à mostra e como toda e qualquer mulher com os olhos no lugar, fiquei boquiaberta e percebi a agitação do meu corpo.

Claro que nesse mesmo dia, perguntei a Adriana, a recepcionista, quem era o pedaço de mal caminho. Ela me contou o nome e o que sabia do cara. Deu uma risadinha sacana e disse que eu teria que disputar aquela beldade com metade da academia. As mulheres estavam loucas por ele.

Poderia fazer como todas e cair em cima dele, ali mesmo, mas tinha amor demais a minha pessoa para me apresentar vestida com leggin e camiseta regata. Por Deus, isso era um sacrilégio. Precisava me produzir e, então, linda, em um salto maravilhoso, poderia dar uma de desentendida e perguntar se não o conhecia de algum lugar.

Quando escutei ele no telefone marcar um encontro no café, vi a oportunidade perfeita de fazer isso. Claro que estava rezando para que ele estivesse encontrando um amigo e não com uma mulher. Acho que meu pobre coração não aguentaria essa facada no peito.

O café era um lugar aconchegante. Daqueles em que vamos nos esquentar com uma xicara de chocolate quente nos dias frios. Era clichê, eu sei. Havia quase 20 mesas espalhadas pelo ambiente predominantemente branco. Ao final, um imenso balcão em mármore. Algumas estufas que mantinham os salgados aquecidos e um espaço para alguns clientes beberem seus cafés ali mesmo. Quatro banquetas pretas ficavam em frente aos funcionários que preparavam os cafés, cappuccinos e chocolates quentes naquelas incríveis e enormes máquinas de bebidas.