Bateu a porta do taxi com certa força, arrancando um resmungo do motorista que saiu apressado, a visão daquela mansão dava medo a qualquer um, a menção de seu nome causava calafrios. Ele tirou as malas do porta-malas e deixou de qualquer jeito ao lado da moça, resmungou mais alguma coisa e entrou de volta no carro, dando partida e sumindo pelo caminho que veio.
Era comum ele estar nervoso, quase ninguém pede para ser deixado na frente de um local proibido com muita frequência.
O sol estava escondido atrás das nuvens que, naquele dia, pareciam uma só, de tão amontoadas que estavam, mas mesmo assim a mulher usava um óculos de sol wayfarer.
Suspirou, pegando nas malas e passando pelo arco de pedra crua e escura, onde no topo se podia ver o nome do local, num estilo de metal retorcido que parecia de séculos passados, e na realidade era.
Mansão Styles.
Era engraçado como o estado do metal retorcido parecia novo, quando devia ser velho e enferrujado, e, era isso o que mais dava medo.
Locais abandonados não tem fama por serem abandonados. Eles tem fama por parecerem aterrorizantes de tão mal cuidados, por nunca receberem visita e cheirarem mal até mesmo de longe.
A Mansão Styles era completamente o oposto. A família tinha sido encerrada a pelo menos duzentos anos atrás, o último da arvore genealógica havia desaparecido misteriosamente sem deixar filhos, sem se casar. O local havia sido tombado como patrimônio histórico, por isso qualquer um que invadisse ou depredasse seria preso e pagaria multa, mas nem por isso pessoas eram mandadas para limpar ou restaurar a mansão. Diziam que ninguém chegava perto daquela área a pelo menos cem anos.
Então como o metal retorcido reluzia a luz do dia? Como a pedra negra parecia polida? Como a porta de madeira maciça parecia envernizada?
Ela riu, a moça. Os lábios decorados com forte batom vermelho, repuxados para cima. Ela sabia como. A fonte atrás de si, mesmo sem jorrar água ainda parecia vivida, e a porta de madeira que dava no salão principal estava aberta. E a vida que havia lá dentro é que parecia muito familiar.
Andou pelo amplo lugar, deixando as malas em qualquer canto. Os olhos apreciando a tintura de marfim e dourado, as paredes tão altas, os lustres nas redomas, as janelas que quase tinham sua tripla altura. Haviam quadros e esculturas, um corredor que levava a sala da família, e foi para lá que ela seguiu, encontrando a larga lareira, onde em cima estavam pendurados os retratos a tinta de toda a família principal que, infelizmente, condizia de quatro pessoas.
Os Styles eram grandes, mas a família principal deles era pequena demais. Haviam primos vivos ainda, mas na época foi deixado claro, que nenhum fora da família principal poderia herdar a fortuna e o império. Assim, eles caíram na desgraça quando o Senhor Styles faleceu de causas naturais, a filha Gemma deserdou e fugiu, Anne, a matriarca, sofreu parada cardíaca dias após o sumiço do filho mais novo e único herdeiro, Harry.
A moça riu olhando aqueles retratos sobre a lareira. Riu alto demais para alguém com sanidade e sozinha numa Mansão chamada de assombrada.
— Dado morto por ter desaparecido. — ela riu como se fosse a melhor piada de todas. — Ah, Harry, se o mundo soubesse sobre você, o que diriam?
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Haunted | H.S fanfiction
FanfictionFantasmas nos lençóis é o que vemos. Eu sei que se estou te assombrando, você deve estar me assombrando. Sei que se estou de olho em você, você deve estar de olho em mim. [#135 in Paranormal - 12/10/15]