O Porto

80 13 6
                                    

Chegaram. Ainda dentro do carro puderam notar mais policiais e uma área isolada. Desceram do veículo e se aproximaram do local. Havia um saco para cadáveres, que aparentava estar preenchido. Seria o corpo de Júlia? Era o pensamento na cabeça de Edson, que rapidamente grita aos guardas:

- De quem é o corpo dentro deste saco!? Digam-me logo!

Os guardas o fitaram com um olhar sério, afinal, o corpo que ali estava era de um irmão de farda.

Um deles quebra o silêncio e diz:

- Saia imediatamente, cidadão. Não há nada para você aqui. Dentro daquele saco está um dos nossos, que morreu após uma troca de tiro com um suspeito.

Edson fica mudo por um tempo. Havia agido de forma muito rude. Sobra para o senhor que o acompanhava explicar aos guardas a situação.

Ele os contou tudo que sabia sobre o desaparecimento da mulher daquele homem, e que este estava com a cabeça cheia de coisas, não sabendo como agir solenemente.

Os policiais compreendem finalmente o porque daquele rapaz ter agido daquela forma. Solidarizam-se, dizendo que fariam o possível para recuperar a esposa dele.

- Será que o que houve aqui teve ligação com o desaparecimento da mulher dele? - Pergunta um policial a um outro que ali estava.

- É uma hipótese. Vou perguntar o que os trouxe até aqui, afinal.

- Senhores, por que vieram justamente em direção ao porto para obter respostas à cerca do sequestro desta desaparecida?
Geralmente não se encontra nada por esse local.

Vendo que Edson abriria a boca, o bibliotecário começa a falar em seu lugar:

- Na verdade não estávamos vindo para o porto em si, mas quando presenciamos a área isolada e vários policiais, sentimos que deveríamos saber o que acontecera aqui. Talvez tivéssemos repostas sobre o sumiço da mulher dele.

Edson olha para ele com um olhar confuso. Sabia que tudo aquilo não passava de um mentira. O destino final deles era justamente aquele lugar.

Meus pêsames, senhores policiais. Estamos indo embora. - Completa o senhor, que parte em direção ao carro, seguido por Edson. Entrando no carro, este logo questiona o motivo das mentiras proferidas pelo outro.

- Esses policiais não conhecem nada à respeito do caso, veja a idade deles. Nenhum aparenta ter mais que 30 anos.

- Entendi. Então é melhor deixá-los de fora disso.

Edson acreditava que sozinho poderia salvar sua esposa, então não questionou mais o senhor.

- Tenho que voltar à biblioteca agora. Amanhã poderemos dar uma olhada no porto, estarei de folga. Sei que está preocupado com sua esposa, mas não ouse ir só. Há relatos sinistros sobre o local. Gostaria de lhe contar os detalhes, mas no momento encontro-me sem muito tempo.

Calado, Edson já pensava sobre sua volta àquele local, seria nesta noite.

Não Diga Um AOnde histórias criam vida. Descubra agora