Capítulo 4

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Não tendo nada, nada ele poderá perder.

— Henrique VI, parte III

Sam Carlton se recostou na cadeira, esfregando o rosto com as

mãos. A barba de três dias arranhava sua pele. Ele não se dava o

trabalho de se barbear desde que fora contatado pelo jornalista;

não parecia valer a pena.

— Não entendo — ele disse, finalmente. — Qual seria a razão

para ela ter vendido essa história?

Charles Dewitt cruzou os braços e inclinou a cabeça para o lado

enquanto olhava para Sam. Eles se conheciam havia seis anos,

desde que Sam se mudara para Hollywood e fora encaminhado

para a Dewitt Artist Agency. Com uma oferta de filme já em mãos,

Charles o pegara como cliente. Desde então, a carreira de Sam

tinha crescido rapidamente, primeiro participando da franquia do

filme Brisa de verão e depois nos principais papéis que apareceram

após o sucesso inicial.

— Publicidade. — Charles deu de ombros. — Todo mundo

quer, até Serena Sloane. Ela vai ter um lançamento em breve e

precisa colocar o nome nos holofotes.

Sam podia sentir a agitação dentro dele.

— Mas essa história está cheia de mentiras. Eu não sabia que ela

era casada. Ela me disse que tinha se separado. Essa matéria me faz

parecer um babaca sacana.

Só a manchete foi suficiente para fazê-lo se sentir mal. "Serena

Sloane: 'O sr. Bonzinho de Hollywood foi um safado na cama. E eu

adorei!'"

— Não podemos conseguir uma retratação? — Sam perguntou.

— Mandar uma nota, processá-los ou algo assim? Talvez eu devesse

chamar minha relações-públicas?

— Já liguei para a Melissa. Ela está cuidando do caso agora. Mas

me diga, Sam. Por que você quer abafar os rumores?

Sam parecia decepcionado.

— Porque é constrangedor demais. Tudo o que ela disse que

nós fizemos... metade não é verdade. E a outra metade eu preferiria

que ninguém soubesse. Sabia que estão me chamando de

"Britadeira"? Que espécie de apelido é esse? Já está no site do TMZ.

A boca de Charles se contraiu.

— Britadeira, hein? É um apelido muito bom, se é que você me

entende.

Sam fechou os olhos, apertando a ponte do nariz entre o

polegar e o indicador.

— Mas é completamente exagerado. A Serena e eu só tivemos

alguns encontros, e até onde eu sabia ela estava solteira. Fomos

mais amigos que qualquer outra coisa. A matéria está cheia de

Um Verão Na Itália - As Irmãs Shakespeare Vol 01Onde histórias criam vida. Descubra agora