Capítulo 13 - Leo

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Estava quase chegando no Acampamento Meio-Sangue, Festus estava me dando uma carona para ser mais rápido, eu tinha um grande novo trabalho para fazer. Minha querida Cali não queria que eu fosse, mas percebi que era apenas medo dela (coisa que, quando voltasse, teríamos que falar em nossa terapia...).
Quando cheguei, voei em direção a arena, onde o espaço era maior então era mais fácil de pousar um dragão de bronze gigante. Tinha alguém com um manto treinando, mas ainda assim dava para pousar o Festus lá.
Meu dragão pousou num lugar que dava para ele sair voando, me despedi dele e logo o dragão de bronze foi embora, ele tinha que manter minha mamacita protegida. Me aproximei, em silêncio, da pessoa com um manto nas costas, que estava distraída atirando facas de bronze celestial em bonecos de palha (que já estavam quase totalmente destruídos).

Leo: tua mãe sabes que usas a cortina dela?

A pessoa se virou e atirou uma faca em minha direção que só não acertou meu peito pois levantei o braço e desviei pro lado, e foi só aí que percebi que era a pequena Aquagirl.

Leo: Aquagirl! Que ótimo jeito de receber um amigo.

Eu sorri para ela e ela para mim. Fui até a garota e abracei-a, a Aquagirl retribuiu meu abraço.

Kaayra: desculpa pela faca
Leo: desculpa por assustá-la, Aquagirl.
Kaayra: perdoado, mas vai mesmo ficar me chamando de "aquagirl"?
Leo: claro que sim. Mas, qual é a do manto?
Kaayra: por conta disso...

Ela afastou um pouco o braço do corpo, esticando o "manto" pro lado, por baixo de seu braço algumas penas e parte de uma envergadura de algo dobrou para frente aparecendo, tinha uma cor clarinha de verde-mar e branco e logo voltou a desaparecer na capa de Kaayra.

Leo: ganhou asas então?
Kaayra: uhum...
Leo: por que esconde elas? São muito bonitas pelo visto.
Kaayra: não sei... se os outros campistas aceitariam bem as asas. O senhor D já não aceitou bem o fato de vir atona a minha origem.... tenho medo que minha relação com os outros campistas fique conturbada demais.

Ela saiu recolhendo suas facas enquanto dizia isso. Foi quando percebi que ela realmente estava deixando a capa de um jeito que tampava as asas e que não marcava o formato delas. Quando ela voltou para perto de mim, guardando as facas em seu cinto e em algum local dentro da capa, eu retomei a conversa.

Leo: mas uma hora todos vão saber
Kaayra: eu sei...mas não estou pronta para antecipar esse dia
Leo: está bem... tudo ao seu tempo.

Eu e ela fizemos um "toca aqui". Era fácil entender ela, sempre foi...

Kaayra: como estão você e Calipso?
Leo: bem até. Seguimos o conselho de uma menina de 15 anos que nos disse pra fazer terapia. Tem ajudado bastante, devo admitir
Kaayra *rindo um pouco*: essa garota é muito sábia.

Revirei os olhos e tentei dar um cascudo leve nela e obviamente ela desviou de mim. Saímos da arena e fomos até a Casa Grande, tinha que dar um "olá" para Quíron antes de começar a trabalhar.

*******

Eu, Kaayra e alguns de meus meio-irmãos (parte desses alguns eu nem sabia quem eram) iríamos começar o novo grande projeto. Meus irmãos estavam pegando as ferramentas e matérias que precisaríamos enquanto eu e a Aquagirl fazíamos o projeto da nova trirreme.

Leo: ok, a gente precisa colocar algo na frente do nosso barco. A cabeça do Festus tá fora de cogitação.
Kaayra: em meus sonhos... tem uma sereia com asas.
Leo: pra ser sincero, era exatamente isso que eu estava pensando, Aquagirl. Qual vai ser o nome do nosso barco? Argo III?
Kaayra: não. Jason não vai tá lá, então não faz sentido ser "Argo". Eu vou pensar num nome e aí falo pra você
Leo: ok. Quantos quartos temos que colocar?
Kaayra: 5 quartos... teremos mais duas pessoas a bordo, mas algo me diz que eles não dormem...
Leo: misterioso... É da sua família verdadeira?
Kaayra: acho que sim, não sei. Isso tudo tá muito confuso pra mim.... não consigo nem chamar Ablon e Shamira de pai e mãe, é esquisito
Leo: entendi... ei, eu dei seu presente de 15 anos?
Kaayra: não... você e Calipso estavam ocupados com algo e não vieram dar parabéns.
Leo: hmm... verdade. Acho que seu presente tá aqui, calma lá.

Me levantei e deixei ela fazendo anotações sobre o barco. Sai andando pelo Bunker a procura do presente dela, que eu mesmo havia "construído". Era um cinto mágico (a parte da magia precisei de Hazel e dos filhos de Hécate) que tinha dois bolsos, desses bolsos ela podia retirar quantas facas ela precisasse, já que ela adorava sair por aí atirando facas (nunca entendi porque ela gostava tanto, mas a pontaria dela era impecável) e ele ainda tinha uma parte para prender uma bainha para uma espada. Achei o cinto (que, propositalmente, eu deixei na cor azul-mar) e levei até ela.

Leo: aqui está, señorita.

Ela teve a reação que eu esperava: arregalar os olhos e quase cair da cadeira em que estava. Ela pegou o cinto e ficou olhando-o por um tempo.

Kaayra: pelos deuses, que lindo!
Leo: foi difícil de fazer, não sou o melhor artesão do mundo, sabe?
Kaayra: eu adorei, tio Valdez!
Leo: que fofinha, voltou a me chamar de tio!
Kaayra *levemente corada*: vai a merda...
Leo *rindo*: coloca o cinto vai.

Ela colocou e fiquei surpreso, ficou do tamanho exato da cintura dela, o que foi muito cagada já que nem medi nada. Ela pegou a espada dela (muito maneira inclusive) e conseguiu prender o cabo dela no local que deveria ser colocado a bainha.

Leo: você tem que fazer uma bainha pra essa espada...
Kaayra: sim, acho que vou fazer agora enquanto você constrói o barco. Quanto tempo vai demorar pra ele ficar pronto?
Leo: como é menor que o Argo II, acho que uma semana, no mínimo.
Kaayra: certo... volto aqui mais tarde.

Ela saiu do Bunker e eu fui ajudar meus irmãos. Tínhamos um longo serviço pela frente, quanto mais cedo a gente começasse, mais cedo terminaríamos; além disso, já tínhamos experiência em montar um barco mágico para viagens longas, fazer essa nova trirreme seria moleza.

Um Milagre Entre SemideusesOnde histórias criam vida. Descubra agora