Capítulo 17

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Meu mundo acabou
Quando você me deixou
Por isso não me ligue mais pra saber
Se estou bem
Já sabe que não estou...

Andrew Collins

Quando eu saí de casa no outro dia pela manhã, Manuela estava dormindo como um anjo em nossa cama. Eu devia ter entrado antes naquele quarto, eu devia ter a defendido mais, socado a cara daquele playboy e mandado ele direto para o inferno, mas se tem uma coisa que eu aprendi na vida é que violência em momentos difíceis só pioram, eu precisei ter muita força para me controlar.

Eu estava decidido, ia dar uma segunda chance para o amor, que se dane tudo que Megan fez comigo, Manuela é diferente, ela ama a vida aqui e não trocaria isso por nada, nós nos damos bem em todos os sentidos, ela é incrível, é impossível não amá-la. Sim! Eu estou amando de novo, eu quero ela na minha vida como nunca quis ninguém, farei o possível e o impossível para manter ela ao meu lado pra sempre.

Trabalhei sorridente o dia todo. Preferi não almoçar e antecipar meu trabalho, estava ansioso para dizer que a amo, ansioso para amar cada pedacinho do corpo dela, me tornei o que mais temia, um bobo apaixonado.

Fui para casa um pouco antes de começar a anoitecer, tomei um banho e fui até o quarto da mulher da minha vida, mas quando eu abri a porta, um balde de água fria foi jogado em meus sentimentos. Ela estava arrumando as malas, por que?

- O que você está fazendo? - perguntei.

- Eu... - ela respirou fundo - Eu conversei com o Drake e resolvi as coisas...

- Como assim conversou com ele? Achei que tivesse o mandado ficar longe daqui! - a raiva tomou conta de mim.

- Ele me ligou e eu aceitei almoçar com ele, nos acertamos...

- O que isso quer dizer? - não acreditei no que ouvi.

- Que eu vou embora daqui! Tudo começou a dar errado quando eu vim pra cá, se eu quero salvar meu relacionamento, preciso me afastar do haras e... - ela fez uma pausa - de você!

Um coice iria doer menos, mil vezes menos.

Ela iria deixar tudo pelo cara que agrediu ela? Que gritou com ela como se ela não fosse nada? O que ela tem na cabeça?

Por mais que eu tenha passado dias pensando nisso, o mais próximo que cheguei de uma explicação, é ela ser como a Megan. Talvez ela não ame tanto os cavalos como parece, talvez eu tenha me apaixonado pelo que eu achei que ela fosse, mais uma vez.

Sai do quarto de Manuela e me tranquei no meu até que ela fosse embora, desde então foram longos dias regados a álcool e cigarro. Estava novamente me tornando um homem amargurado que se trancava no quarto para passar a noite em claro totalmente bêbado, indo trabalhar com a cabeça explodindo e mal ter dormido uma hora durante a noite, sem conseguir parar de pensar um segundo naquela maldita mulher de cabelos longos que me enfeitiçou quando eu achei que isso jamais seria possível de novo.

Eu queria morrer por ter sido enganado mais uma vez, queria morrer por ter acredito que seria diferente, eu baixei a guarda e deixei ela entrar, me entreguei, amei ela com todos os cacos que sobraram do meu coração. Como recompensa, ganhei mais solidão e sofrimento. Talvez essa seja a minha sina, ter meu coração quebrado por mulheres falsas que não se importam com nada além delas mesmas.

Não sei ao certo como, mas mais um dia amanheceu, o corpo cansado, o peito doendo e a ressaca me matando. Segui mais um dia tentando salvar o meu bem maior, o haras, é pela memória de meus avós que eu ainda não desisti de tudo. Não vou deixar minha herança se afundar junto a minha vida amorosa, não mesmo.

Eu estava no meu escritório lendo o mesmo papel pela milésima vez, quando o barulho alto do motor de uma caminhonete se aproximou e menos de um minuto depois, o motivo do meu futuro transplante de fígado parou na porta entreaberta.

- Posso entrar? - ela deu duas batidas na porta.

- Entre - respondi seco.

Ela estava diferente, parecia cansada, não tinha mais aquele brilho de quando nos conhecemos, não parecia feliz.

- Como você está? - Manuela sorriu fraco e se sentou em minha frente, como no dia em que nos conhecemos.

- Radiante! - respondi irônico.

- Eu... - ela procurou algo perdido em sua bolsa de couro - Só vim te trazer isso! - ela me entregou um envelope branco - Conto com a sua presença! - ela sorriu fraco e se levantou.

Fiquei paralisado por alguns minutos, sem acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Um convite de casamento?

Manuela definitivamente não é muito certa da cabeça, convidar o ex-amante para o casamento como se nada tivesse acontecido, como se eu não tivesse fodido mais com ela nesses últimos meses do que o próprio noivo.

- Vai se casar com ele? - ela paralisou e voltou a me olhar.

- Agora você quer conversar? - nossos olhos se encontraram e eu senti uma figada no coração.

- Não acredito que você vá fazer isso, não acredito que vai se casar com aquele cara! - esbocei o mínimo de reação possível.

- Você mesmo disse que eu não deveria largar ele pra ficar com você, só segui seus conselhos...

- Isso é ridículo! Achei que aquele dia fosse o suficiente pra você largar dele, não porque eu sou melhor, mas sim porque ele não te merece.

- O que isso vai mudar na sua vida? - ela me olhou com certa dor nos olhos - Eu errei, tanto quanto ele, não posso jogar fora tudo que vivi com ele por uma aventura - esse é o problema do amor, damos a quem amamos o poder de nos magoar, como ela acabou de fazer agora.

- Uma aventura? - perguntei incrédulo - Quem é você? Parece até outra pessoa! - ela baixou o olhar.

- Desculpe, eu preciso fazer valer a pena tudo que eu passei pra ficar com ele, espero que você encontre alguém que te faça feliz! - ela deu um meio sorriso e saiu, acompanhei o barulho do motor se distanciando cada vez mais.

Então ela iria se casar com ele? Depois de tudo? Depois dele ter destruído ela ao ponto dela chorar a noite inteira nos meus braços sem conseguir dizer quase nada, depois de termos nós amado feito loucos, depois de todo esse tempo ao meu lado, ela ia mesmo se casar com ele?

Ouvi novamente uma caminhonete se aproximar e meu coração acelerou. Será que ela se arrependeu? Não tive muito tempo para me iludir, Carol invadiu minha sala como um furacão, seguida por Thomas, que parecia não estar entendendo nada.

- Você está bem? - a esposa do meu melhor amigo me olhava preocupada.

- Tiraram o dia para me perguntar isso? - respondi seco.

- Não me responda assim! - ela retrucou - Manuela me entregou o convite do casamento agora, disse que tinha acabado de vir trazer o seu. Não precisa ser um gênio, por mais que eu seja um, para adivinhar que você não está bem!

- Eu estou muito feliz por ela! - menti.

- Não minta para mim Andrew! - ela apoiou a mão com força na minha mesa - Você comia ela com os olhos, ela me contou que vocês estavam se pegando e é óbvio que estava tendo sentimento! Agora ela vai se casar e você quer fingir que está tudo bem? Me desculpe, mas eu não acredito! - ela cruzou os braços acima dos seios e me encarou.

- Ela está certa Andrew! É melhor você começar a falar o que aconteceu - Thomas interviu.

- Ela fez as próprias escolhas, o que eu posso fazer? Se ela quer se casar com ele, que seja feliz! - fingi desdém.

- Que escolhas? - Carol me olhou confusa.

- Pergunte a ela! - respondi.

- Se ela quisesse me contar já teria contado, agora desembucha! - ela se sentou no lugar que há pouco Manuela estava.

Ela não ia sair dali enquanto eu não contasse tudo que aconteceu, tive vontade de voltar no tempo e não ter saído da cama pela manhã.

Apaixonado na VeterináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora