I. O conto dos 900 dias.

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Lutar não significa necessariamente vencer. Porém, voltar-se contra aqueles que zelaram por todos, por mais de cinco mil anos, significava destruir uma ordem natural que foi imposta bem antes da criação de todos que ali habitavam.

No princípio existia apenas um imenso vazio e dele surgiu os primeiros Deuses, mas não se sabe ao certo como e porque apareceram. Azora era a Deusa da Ordem, parte de sua jornada se resumia a consertar o que irmão destruía. Volkihar, o irmão de Azora, Deus do Caos, transformava qualquer lugar em anarquia se estivesse presente, por isso, os dois sempre andavam juntos, mantendo o equilíbrio. Logo cansaram-se de viver no imenso vazio e deram origem a sua primeira e perfeita criação, as terras de Velkhan. Era um lugar onde luz e escuridão, compartilhavam uma união conjunta capaz de manter o equilíbrio entre ordem e caos. Velkhan, por quase cinco mil anos, foi terra de coisa nenhuma, um belo lugar onde algumas criações consideradas imperfeitas, moldadas pelos dois irmãos, vagavam por curtos períodos de tempo até desapareceram da existência.

Depois de inúmeras tentativas, acidentalmente, Volkihar deu origem ao primogênito do caos, Crowe. Assim como o pai, ele criou afinidade pelas trevas tornando-se Deus da Escuridão. Foi o primeiro habitante de Velkhan, imediatamente tomada por noites infindáveis que começaram a perturbar o equilíbrio. Azora notou ser necessário fazer alguma coisa, desta atitude nasceu seu primeiro filho, Guerenon, o Deus da Luz, o oposto de Crowe. Acontece que Azora não ficou satisfeita, tomou gosto pela ideia da origem e achou ser necessário outros filhos da ordem. Que inspirassem a luz de Guerenon e que ele continuasse a espalhá-la por Velkhan. Ayhan, a Deusa do Sol, surgiu e preencheu o lugar todo com a luz que era dada por seu irmão, teus feitos foram chamados de Dia e o sol, que já existia, mas nunca acendeu, agora brilhava e aquecia as terras onde moravam. Volkihar não ficou satisfeito em ver como Azora sempre queria manter tudo em harmonia, odiava a ideia dos filhos dela tomarem para si o que pertencia ao seu primogênito. Não existia mais escuro e Crowe escondia-se onde podia, mas sempre parecia clamar por escuridão. Insatisfeito pela infelicidade de seu filho, Volkihar dividiu os dias, onde luz pudesse perdurar por determinado tempo e igualmente a escuridão teria a mesma oportunidade. Criou-se assim os dias e as noites. Azora, no entanto, ainda se incomodava com a escuridão completa que Crowe insistia em manter naquele momento que seu pai lhe deu para ser livre, por isso, criou do sol um astro sem luz própria, mas capaz de transmitir luz, a lua, e seu próprio Deus, Rhysen. Rhysen tornou-se irmão gêmeo de Ayhan, ambos eram designados aos astros que emanavam energia capaz de tornar tudo vivo e graças ao Deus da Lua, a noite não mais permaneceria escura e cheia de temores.

Guerenon e Ayhan deram origem as primeiras espécies que pisaram em Velkhan. Os primeiros povos, que Rhysen fazia questão de ensinar a sobreviver na noite, mas consumido por inveja, Crowe rebatia a criação dos Deuses da ordem com criaturas medonhas que viviam e sobreviviam do caos, como ele, matando e criando anarquia, exatamente como seu pai, Volkihar, ensinava. Mortes começaram a surgir, almas atormentadas e enlouquecidas vagavam pelas terras, assombrando e possuindo aqueles que ainda estavam vivos. Surgiu então a necessidade de um guia para o caminho e este caminho precisava levar a algum lugar. Azora criou o paraíso, deu passagem aos bons para que alcançassem plenitude eterna, porém, Volkihar, criou o submundo onde os maus sofreriam pela eternidade pagando por seus longos pecados. Ainda assim, precisavam de alguém que decidisse por essas almas, havia a necessidade de uma coisa que os Deuses desconheciam e que mais tarde foi chamada de julgamento. Pela primeira vez em milénios, Azora e Volkihar trabalharam em comunhão e criaram Jirak, a Deusa da Morte, ela tornou-se responsável por ceifar e dar destino as almas dos perdidos. Mesmo depois de seus filhos, Volkihar não ficava satisfeito, sempre buscava chegar a uma criatura que emanasse mais e mais caos na ordem e harmonia instaurada por sua irmã, então, ainda deu origem a outro Deus, Wynona, a Deusa do Fogo.

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