O mês já era julho e a mulher tinha gritado "JAMES!" da sala de estar, o que fez o mesmo correr de forma ligeira do quarto onde estava, chegando na sala e vendo o líquido entre as pernas da mulher.
– Mi-minha bolsa...
– OH MEU DEUS, CALMA! EU VOU LIGAR O CARRO! – Ele grita correndo desesperado até a garagem e pondo a chave na ignição, ele estaciona no jardim da frente e assim que ela entra no carro, ele dirige até o hospital mais próximo.
– Por favor, faça só um pouco de mais força, senhora! – Um médico de óculos diz para a jovem e ela só escuta por que seus gritos de dor tinham sido cessados por segundos para poder respirar.
– J-JAMES!
– Calma, meu amor, eu tô aqui, eu tô aqui – James diz correndo para segurar na mão dela, que fazia uma força ao apertar a do rapaz que ele nunca sentiu antes vindo da própria mulher.
– ESTÁ SAINDO! VAMOS, FALTA POUCO! – O médico diz torcendo para conseguir realizar o parto até o final, a mãe começa a gritar de forma mais rouca e o pai não conseguia conter o suor que saia de sua testa. A enfermeira ao lado checava o relógio de ponteiros e o último grito é dado pela mãe. Sendo agora o único grito que dominasse o local fosse o de choro do bebê – É uma menina!
– Oh... James... – A mulher suspira, lembrando que foi ele quem adivinhou tal anúncio.
– É uma... Meu Deus, uma menina, meu amor! – James diz chorando de felicidade e por acidente removendo a máscara que cobria seu nariz e boca por questões higiênicas. O médico entrega a pequena bebê nos braços do pai que a recebe com os olhos marejando de lágrimas.
– Me deixe ver ela... – A mãe diz ofegante e espiando com seu olho cansado.
James entrega a criança nos braços de sua mãe com cuidado, fazendo isso, ela rapidamente para de chorar e começa a soluçar enquanto a mulher diz palavras como "Está tudo bem, eu estou aqui". Ela tinha os olhinhos fechados, mas o calor corporal da sua mãe a fez sentir-se segura a ponto de que o choro foi sessado totalmente e a bebê finalmente dormia.
– Acho que não sou mais o favorito dela – James diz sussurrando baixinho, mas diferente de quando fazia suas piadas, dessa vez a namorada não ria, pois seu foco era apenas o sono da pequena bebê – Ei... algum problema?
– Ela é muito delicada – A loira fala com a voz baixa, mesmo cansada e exausta, usando seus braços como um local segura e seu olhar um sinal de atenção e cuidado – Oh, James, ela é tão frágil... E perfeita.
– Eu sei – James fala sorrindo de lado – Ela lembra a mãe.
– Senhora? – O médico diz se apressando com alguns papéis e uma prancheta de registros – Só para registros, qual o nome da bebê?
Respirando fundo e soltando suspiro junto de um sorriso, os dois pais falam ao mesmo tempo para o médico: Aurora.
Era agosto de 1969, sendo este diferente do agosto de 1955 – que o casal tivera sua primeira fuga do mundo e eles se comprometiam apenas com o acaso e o fluxo que a vida os levasse – e também era diferente do agosto de 1968 – quando eles resolveram fugir para a França e começar uma vida apesar dos fantasmas Londrinos os assombrarem – esse foi o primeiro mês para criarem a pequena bebê em Paris, e como foi difícil.
Primeiro veio a irritabilidade, o choro frequente, os sentimentos de desamparo e desesperança, falta de energia e motivação O pediatra tinha dito para ela que era perfeitamente normal que mulheres tivessem um período de melancolia entre o segundo e o quinto dia após o parto e que geralmente tudo melhoraria logo depois, então ela tentou não ligar muito pelas volatilidades de suas emoções. Mas quando esses sintomas se recusaram a ir embora, logo depois veio o desinteresse sexual, transtornos alimentares e do sono, e o mais devastador: o sentimento de inadequação e incapacidade para lidar com a bebê.
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folklore
RomanceUm conto que se torna folclore é passado adiante e sussurrado pelos cantos. Ás vezes, ele é cantado. E ás vezes, ele é reescrito, com outro olhar, por outras pessoas de outras épocas e outros lugares, mas sempre mantendo sua essência de ter suas his...