31. A Árvore-Mármore

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PRÍNCIPE DÉRIKO II

Castelo Prime T.

11 de maio de 1986

Manhã
  Estou preocupado que a sanidade de papai possa ter se esvaído, principalmente depois dos acontecimentos de ontem. Mamãe contou-me como ele estava paranoico e fora de si, mas o que aconteceu acabou dando razão a ele. Quem imaginaria que Elói, sozinho, mataria os três principais líderes de Scorpion Place, de uma maneira tão sucinta e repentina?

  Ao menos Tafra está junto da família. As majestades acabaram por permitir que ele e sua família permanecessem no castelo, pelo menos até que tudo se acalme. Alonzo está em choque, mais pela possibilidade de ser considerado pelos Escorpiões um novo líder do que pela morte do pai em si. Elói está com ele a todo o tempo, dando apoio e consolando. Eles passam muito tempo juntos, é um laço de união que nem mesmo eu, como gêmeo, tenho. Pessoalmente, acho mais provável considerarem Tafra um líder do que Alonzo... Se isso ocorrer, é possível que estejamos abrigando um traidor.

  Eleonor está a conversar com mamãe, Kássia, Saulo e Tuski. Penso em ir até a sala de papai, já que ele está há um certo tempo isolado lá, mas, antes que eu possa ir por conta própria, sou chamado por um criado até lá.

  Bato na porta e entro. Ele está cercado de papéis, pergaminhos, documentos e pesquisas. Também segura algo que a primeira vista me pareceu uma caneta, mas, conforme me aproximo, vejo se tratar de um galho branco de árvore.

— Sente-se, filho. Tenho algo para lhe apresentar.

— Como se sente? Parece bem melhor do que ontem... Digo, mais disposto e corado...

— Quer dizer mais são? Sensato? Não, filho, ainda estou como ontem, a diferença é que organizei minhas ideias. Preciso lhe confiar um segredo.

— Por que não chamou meus irmãos?

— Dériko... Você é meu primogênito, o primeiro a nascer. Carrega o meu nome e será rei antes de seus irmãos, se houver a ti saúde e glória — e hão de haver. Você pode contar isso a seus irmãos num futuro próximo, talvez, mas por enquanto, é um segredo apenas nosso e de um seleto grupo de pesquisadores.

— Do que se trata?

— Você se lembra daquela lenda que sua mãe e eu cantávamos para vocês quando crianças? Do Explorador Branco?

— Sim...

— Pois bem, não é apenas uma lenda. A árvore existe, e foram feitos experimentos com timpre nela, para observar seu efeito em vegetais. O resultado foi um ser ainda mais vigoroso e imponente. Aqui está uma amostra de um de seus galhos.

  Dou leves batidas com o ganho no tampo da mesa, e é como se batesse uma peça de mármore, pelo som que se pode ouvir.

— Parece...

— Mármore! A Árvore “petrificou”, de certa forma. Não é uma feliz coincidência? A história do Explorador Branco e a cor que a árvore assumiu depois de tanto tempo?

— A cor que nós assumimos à árvore, o senhor quer dizer.

— Filho, esta, que chamarei de Árvore-Mármore, se tornará o coração de Tâmasus e Artrópota, um verdadeiro tesouro da humanidade! Mas antes que eu explique o porquê... — ele tira o anel de casamento dele com mamãe — Essa é a chave para a barreira da Árvore-Mármore. Aquele que possuir esse anel, se tiver sangue diretamente da realeza tamasiana, conseguirá ver e adentrar na Árvore. Após minha morte, esse anel deve ser seu, e só então, contará a seus irmãos sobre.

  Ele recoloca o anel e me encara, aguardando que eu diga algo. Não sei bem o que dizer, mas tenho perguntas.

— Mas papai... O que essa Árvore tem de tão importante para o senhor querer guardá-la dentro de uma barreira e ainda tornar uma chave esse seu objeto tão estimado?

— Fora ser um símbolo lendário, esse ser vai nos ser de grande utilidade. Como disse, filho, um verdadeiro tesouro da humanidade!  

Artrópota: Árvore-MármoreOnde histórias criam vida. Descubra agora