Capítulo 5: Caminhos Entrelaçados

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Andrew

Meu Deus, quanta coisa passando na minha cabeça neste exato momento. Quando eu era pequeno, uma das únicas coisas que eu queria fazer era tentar achar minha irmã. Meus tios já tinham me contado, mas eu fui esquecendo ao longo do tempo e achei que na verdade era coisa da minha cabeça. Pelo visto não era.

Não esperava que seria uma pessoa como Amberly. Uma garota de uns um e sessenta de altura, cabelo castanho com umas mechas loiras e meio magra, mas não desnutrida. Minha primeira ideia era ajudar Amberly. Fui eu quem chamei a ambulância, então já tive que pagar de um jeito ou de outro. Imagino quando meus tios descobrirem que gastei tanto dinheiro pra uma garota que eu nem sequer conhecia.

Mandei mensagem pra minha tia perguntando se ela estava ocupada e ela me respondeu incrivelmente rápido. Fui para o lado de fora do hospital e liguei pra ela. Tinha uma expressão meio desesperada, tomara que ninguém perceba. Mas deve ser normal as pessoas ficarem meio desconfortáveis aqui.

Quando minha tia atendeu, perguntei se ela estava bem antes de ir direto ao assunto. Eu sempre começo a conversa assim, não sei o porque. Pelo menos dar um "oi" é uma das coisas que eu sempre falo quando eu quero começar uma conversa.

─ Você sabe alguma coisa sobre a minha irmã? ─ perguntei.

─ Sua irmã? ─ ela repetiu.

Ela faz tudo aquilo parecer coisa da minha cabeça, como se eu sempre tivesse inventado. Eu lembro de ter escutado em uma reunião de família aos dez anos. Disseram que ela havia desaparecido. Foi uma das únicas vezes que juntaram toda a família pra discutir um assunto sério, até meu pai estava lá mas ele não ficou muito. Não me deixaram ouvir tudo, mas consegui ouvir o bastante.

─ O que realmente aconteceu com ela? ─ encostei na parede do lado de fora do hospital.

─ Por que quer falar deste assunto agora, Andy? ─ por que não? Se estava tão perto de encontra-la, por que minha tia tentava mudar de assunto?

Insisti e ela resolveu me contar. Ela havia sumido depois de um acidente do casal que cuidava dela. Esse casal eram o irmão da minha mãe e sua esposa. Então fomos criados cada um por uma família. Os faleceram no acidente, já Amberly, minha irmã, não foi encontrada depois. A polícia desistiu de procurar uns quatro meses depois, inventaram que ela morreu de um jeito ou de outro depois de tanto tempo sozinha. Acho que devia conversar com ela e ver se as histórias se conectam. Me despedi da minha tia e desliguei. Olhei para os lados e vi um cara todo de preto me encarando, quando ele percebeu que eu o vi ele virou o rosto. Ele parecia tipo aqueles agentes do mal de filmes de ação. Entrei de novo no hospital e quanto mais andava mais deles eu via, estavam me perseguindo.

Fui logo até Amberly, aquilo estava ficando cada vez mais estranho. Ela estava parada, provavelmente pensando no que iria fazer, já que agora não tem mais volta. Não a julgo por estar preocupada.

─ Vem, temos que sair daqui ─ ergui minha mão pra ela se levantar.

─ Não podemos nos tocar ─ ela lembrou. ─ E por que temos que sair daqui?

─ Tem alguma coisa errada, encontrei uns caras estranhos me seguindo.

─ E o que eu tenho a ver com isso? ─ ela só fazia perguntas, parecia até uma criança de quatro anos.

─ Se quiser que eu pague o hospital você tem que vir comigo ─ parecia que a única maneira de convence-la seria suborna-la agora.

Ela bufou, mas se levantou, tirou o aparelho conectado a sua veia e deu uns passos meio desengonçados. Conseguiu andar mancando do mesmo jeito. Quando nós dois saímos já tinham nos cercado. Os caras nos encaravam segurando armas. Acho que era a primeira vez que vira uma em toda a minha vida.

─ Entregue a garota e não atiramos em você, jovem ─ um deles, com uma roupa mais resistente e com várias pequenas medalhas em seu uniforme. ─ Isso não tem que ser complicado.

─ Temos que nos tocar, agora ─ Amberly sussurrou pra mim.

─ Não acho isso uma boa ideia ─ eu disse.

─ Eu nunca tenho boas ideias ─ ela disse e no segundo segurou minha mão. Agora foi diferente, dessa vez eu senti que nós dois estávamos conectados e não fomos jogados cada um para cada lado.

Era diferente, era como se enxergássemos pelos mesmos olhos. Um poder que nenhum dos dois conseguia controlar. Tentei soltar minha mão, mas Amberly não deixava. O poder era imenso, nem nós conseguíamos controlar, mataria qualquer um ali. Conseguia sentir o que a Amberly sentia. Nós dois levantamos os braços que não estavam sendo usados na direção dos caras de preto. Era automático, eu não conseguia controlar.

Então atiraram na Amberly, um tranquilizante, e ela caiu na hora. Segurei-a e virei de costas para que os tiros não pegassem ela. No segundo que eu fiz esse movimento, me abaixei com ela e ouve uma rajada que jogou os agentes com bastante força. Alguns deles desmaiaram e outros morreram.

Eu nem entendi o que aconteceu agora. Uma hora eu estava quase explodindo tudo e outra hora eu salvava Amberly. Nunca imaginei que faria algo assim na vida, principalmente me sacrificar por outra pessoa. Levei Amberly até meu carro e coloquei ela no banco de trás. Dirigi até um lugar longe e estacionei, para esperar até que ela acordasse.

I Think We're Alone Now - Temporada 1 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora