· Amberly narrando ·
─ Amby, o que você gostaria de fazer no seu aniversário? ─ minha tia, Kathryn, me perguntava.
Eu nunca quis algo muito extravagante pra aniversário, só um dia normal já era algo bom. Ganhara um livro faz uns dias, acho que só pediria a continuação como presente.
─ Não sei ─ preferi não contar.
Meu tio, Christopher, dirigia no banco da frente. Estávamos voltando de uma viagem que fizemos para o interior no chalé de uma parente. Parecia que não havia uma alma viva pela rua de casa, e costumava ser bem movimentado. Pelo menos já estávamos perto, isso me deixava aliviada pensando que já se foram as quatro horas de viagem.
Olhei pra frente e avistei um homem estranho no meio da rua. Nós três estranhamos pelo fato dele estar armado, coisa que eu nunca tinha visto durante minha vida. Meus pelos ficavam arrepiados e minha respiração falhava quando pensava na arma. Na minha cabeça aquilo tudo deveria ser apenas um engano, nunca fizemos algo de errado. Fechei os olhos e apenas consegui escutar o som dos tiros vindo em nossa direção. Me escondi atrás do assento de meu tio na tentativa de que aquilo pudesse me defender. O carro, que estava em movimento antes que alcançar o homem, capotou no segundo que haviam atirado contra nós. Sentia pequenos cacos de vidro penetrarem em minha pele, fazendo arder durante um bom tempo. Apenas abri os olhos quando tudo já estava destruindo, meu coração saindo pela boca, e sangue pra todo lugar que vira.
Fiquei com dificuldade para sair do carro, nenhuma polícia local havia sido chamada. Quebrei um braço com o acidente e sentia dificuldade em andar por causa dos ferimentos. Caminhei até uma praça ali perto onde avistei um menino, um pouco mais alto que eu e moreno dos olhos azuis, a característica que mais me marcou dele.
E então eu acordei
─ Meus tios costumavam a me chamar de Amby ─ eu disse deitada de barriga pra cima olhando o teto depois de acordar. Andrew estava sentado, encostado na cabeceira, lendo um livro da estante do quarto. Sua cama ficava do outro lado do cômodo. ─ Eu lembro o que aconteceu no dia do acidente ─ olhei pra ele.
─ E quer me explicar? ─ ele fechou o livro pra poder ouvir minha testemunha.
Expliquei tudo, cada detalhe, cada fala, a destruição que vi, o porquê do meu braço ser meio torto, o sangue espalhado por todo lado, a dor que senti, a minha animação pelo meu aniversário, como eu conheci Zayne, o garoto que me ajudou a superar o trauma. Me da arrepios só de lembrar de tudo, eu enterrei as memórias num buraco fundo da minha mente que nem lembrava.
─ Deve ter sido difícil ─ ele consolou. ─ Zayne é seu namorado? ─ ele perguntava já meio sabendo a resposta.
─ Estamos juntos a oito anos ─ contei.
─ E não cansa dele?
─ Quando você acha que encontrou sua alma gêmea, nem pensa em viver sem essa ela ─ sentei na cama. ─ Mas acho que não fomos feitos um pro outro.
─ Ah... ─ ele olhou pra parede com uma cara sem graça. ─ Acho que nem estão mais juntos agora então.
─ Eu tenho que falar com ele, sobre tudo.
Um dia eu teria de todo o jeito, além do mais ele iria ser pai. As vezes esqueço que estou grávida, tipo agora. Levei a mão à cabeça, tinha medo do que poderia acontecer com essa criança comigo. Dava vontade de gritar mas não podia pois estava de noite ainda, a maioria das pessoas estavam dormindo.
─ Você não dorme? ─ olhei para Andrew e perguntei.
─ Durmo, mas as vezes não consigo ─ a luz do abajur refletia em seu rosto enquanto o resto do quarto estava escuro.
Ele tem cuidado bem demais de mim, me pergunto o que ele quer em troca. Nenhuma pessoa ajuda a outra de propósito. Acho que eu fui meio idiota com ele também. Meio não, bem idiota com ele quando o xinguei.
─ Tudo bem? ─ ele perguntou.
─ Por que está sendo tão legal comigo? Eu roubei sua carteira ─ sinto que nem eu e nem ele vamos esquecer desse momento.
─ Porque sei que você precisa de alguém legal do seu lado pra variar ─ ele pegou o livro de volta e continuou a ler.
Minha vida agora viraria de cabeça pra baixo de novo. Eu vou conseguir me adaptar, vou conseguir. Vou dar o melhor de mim aqui. Aqui eu estou com minha família. Queria ver como esse lugar era de dia. Quero ver as pessoas, conhecer meu pai. Eu tinha um pouco de raiva dele, por que ele nunca foi atrás de mim depois do acidente? Por que ninguém foi atrás de mim depois do acidente?
─ Você sempre fala do nosso pai, só dele. O que aconteceu com nossa mãe? ─ perguntei. Ele fechou o livro de novo e deixou em seu colo, acho que esse é o momento para parar de fazer perguntas.
─ Faleceu no nosso parto ─ ele respondia direto, sem muitas intervenções. ─ Ela tinha uns problemas de saúde, ou pelo menos foi isso que minha tia me disse ─ balancei a cabeça, compreendendo. Não precisava de muitos detalhes a mais.
Sempre imaginei ter uma família que nem as famílias que tem o pai, a mãe e as crianças. Que vão a restaurantes juntos ou comemoram os feriados com o resto da família sorrindo. A imaginação voa longe quando se é criança. Meus tios nunca me disseram sobre meus pais, nunca me respondiam sobre eles. Nem parecia que queriam falar sobre eles. As vezes, sinto saudades deles. Mas a vida tem que continuar, os que já se foram não voltam por mais que nós queiramos.
─ Vou tentar dormir. Boa noite, Amberly ─ Andrew desligou o abajur e se cobriu com o lençol.
Tentei dormir e fazer o mesmo. Eu fechava os olhos mas nunca conseguia dormir. Fiquei assim até amanhecer, quando eu percebi o Sol nascendo.
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I Think We're Alone Now - Temporada 1 (CONCLUÍDA)
ActionPRIMEIRA TEMPORADA DA SÉRIE I Think We're Alone Now PLÁGIO É CRIME! Inspiração: Manto e Adaga (2018) e The Gifted (2017) No ano de 2013, Amberly VanCite, uma garota que acaba de fazer 18 anos, se vê numa situação precária, dependendo do furto para s...