Capítulo 15: Alguém Lhe Chama

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· Amberly narrando · 

            Gritei no travesseiro, abafando os gritos, para que ninguém me ouvisse. Andrew já tinha partido faz 8 horas e eu não parava de pensar se o governo tinha pego ele ou qualquer outra coisa tinha machucado-o. Eu conseguia senti-lo, mas meus pensamentos não paravam, se acontecesse algo eu saberia. Queria poder conversar com alguém, mas meu medo de conhecer pessoas novas me convencia a ficar.

            Minha relação com Andrew havia ficado estranha desde que Janet conectou nossas mentes. Uma hora eu podia senti-lo e outra hora não. Eu tenho medo de meu parto ser normal e ele ter que sentir. Não quero isso nem pra mim, muito menos pra ele. Deitei na cama e me perdi em meus pensamentos olhando para o teto de concreto, só precisava de um tiro na minha cabeça para me fazer descansar. Eu sei que sofri muito na rua, mas não sou do tipo suicida, não tenho coragem para me matar. Mas se um dia eu morrer, faço questão que todos chorem por mim.

            Amberly

            Ouvi uma voz ecoar na minha cabeça, que me fez levantar na hora. Comecei a me perguntar se era coisa da minha cabeça. Olhei em tudo quanto é canto do quarto, mas não consegui encontrar ninguém. Parecia real, mas era diferente das vozes que ecoaram em minha cabeça na sala de treino. Coloquei na minha mente que tudo aquilo era apenas impressão e voltei a deitar na cama, mas dessa vez eu não conseguia pensar em mais nada. Sentia que não conseguia respirar direito. Tentei dormir e esquecer isso, mas nada adiantava. 

            Logo me convenci a sair do quarto para tentar procurar Janet ou qualquer um que me ajudasse. Estava de noite. Era hora da janta, mas eu nunca ia jantar com todos mesmo. Entrei em diversos corredores, salas, cômodos, cada um mais diferente que o outro, mas as paredes eram sempre iguais. Alguns corredores estavam escuros, então nem cheguei perto. Parecia que eu tinha andado em círculos, nunca chegava a lugar nenhum, como as pessoas se acostumam com esse lugar?

            ─ Ah! Você me assustou. Estava procurando o salão principal? ─ Bati de costas com Erik, que carregava uma caixa cheia de materiais. ─ Gostei do moletom, nova moda usarem roupas maiores que seu tamanho?

            ─ Eu estava procurando Janet ─ contei ─ e eu gosto de usar coisas largas. ─ tentava escapar de suas perguntas.

            ─ Certo. Eu estou indo levar isso ao laboratório ─ levantou a caixa para eu ter mais facilidade em ver. ─ Gostaria de vir comigo? Vai que encontramos Janet no caminho. ─ Ele desviou de mim e continuou seu caminho esperando que eu o siga, foi o que fiz.

            Erik me contara que passou boa parte de sua vida nesse lugar, ajudando meu pai em qualquer coisa. O lugar em geral era grande e sem graça. As paredes são pintadas de cinza-claro, tudo é pintado de cinza-claro na verdade. Talvez um dia eu pegue um balde de tinta e pinte tudo de outras cores, aquilo era deprimente. 

            ─ Tem algo que queira contar? ─ ele perguntou com um sorriso simpático.

            Erik era bem alto, poucos centímetros mais alto do que Andrew, ou eu que era baixa demais, com um pouco mais de 1,60. Eu tinha que olhar pro teto pra poder falar com todo mundo. Janet era a unica que era um pouco mais alta que eu, mas ainda era bem alta. Meu pai era bem mais alto do que todos, sou uma anã em comparação a todos.

            ─ A gente nem tem intimidade direito. ─ evitei olhar para ele por um tempo.

            ─ Podíamos ser amigos. Sinto que você está muito sozinha, ainda mais agora sem Andrew. ─ tentei discordar, mas era quase impossível.

            A verdade que eu não aceitava era que eu me sentia insegura perto de todos aqui. Tinha medo de virar alvo de piada no meio dessa gente, mas acho que Erik não faria algo assim. Não quero confiar nele, não sei se ele merece, não sei se eu estou pronta pra confiar em mais alguém. Confiar no Andrew foi a pior e melhor coisa até agora.

            ─ Além do mais, acho que precisa de ajuda ─ ele me olhou de cima a baixo, mas manteve o foco na minha barriga, o que me deixava desconfortável.

            Puxei-o para o corredor do lado um tempo depois, precisávamos conversar. Tampei sua boca com minhas próprias mãos enquanto me olhava assustado. O corredor era escuro, não tinha certeza se a energia pegava ali, mas o corredor perpendicular ao nosso iluminava o inicio desse novo corredor escuro. Ele levou um susto e deixou a caixa que estava segurando no chão. Ele tirou minha mão de sua boca e levantou uma sobrancelha.

            ─ O que? Achou que eu não...?

            ─ Fala baixo ─ fiz um sinal de silêncio.

            ─ Desculpe ─ ele diminuiu o tom da voz. ─ Mas como braço direito do seu pai é óbvio que eu vou ficar sabendo ─ dizia quase sussurrando.

            ─ Mais alguém sabe? Porque se sim essa vai ser a última vez que você vai olhar pra esse lugar ─ cheguei bem perto dele o ameaçando, ninguém podia saber da minha gravidez. Naquele momento me senti poderosa. Erik deu dois passinhos para trás, mas bateu as costas na parede tentando se afastar enquanto eu chegava mais perto ainda. Era engraçado ver que ele, um homem muito mais alto que eu, se sentindo ameaçado por uma garota de nem 1 metro e setenta.

            Ele discordou balançando a cabeça sobre minha pergunta. Contou que meu pai foi bem claro se Erik contasse seus segredos pessoais para mais alguém. Ele faz isso faz 9 anos, já deve ter acostumado com o movimento daqui. Nunca pensei que meu pai tinha escolhido alguém tão diferente dele pra ser o seu braço direito.

            ─ Fica tranquila, princesa. Não contarei a ninguém. Mas pessoas vão descobrir com o tempo, então melhor se preparar.

            Ignorei e voltei a andar pelo corredor inicial. Ele pegou a caixa novamente e seguiu seu caminho ao meu lado. Quando chegamos no laboratório, era um lugar grande com várias mesas e aparelhos esquisitos, e ainda tinha um objeto um pouco maior que as mãos de Erik, no meio havia um cilindro com sua base deitada. Também, no mesmo objeto, haviam dois suportes onde podíamos segurar. Erik deixou a caixa em cima de uma mesa com uma fita escrita: "Floyd Duke" provavelmente era o nome de alguém que trabalha com essas peças, Andrew vai adorar aqui.

            Amberly

            Ouvi aquela voz de novo chamando por mim. Será que outros ouviam ou acontecia só na minha cabeça? Erik pareceu normal, provavelmente era apenas na minha cabeça, eu sei que não sou louca. Comecei a me assustar, parecia a voz de uma mulher me chamando aos sussurros. Eu precisava de tempo e treinamento, quero começar a me entender melhor. 

            ─ Onde está Janet? ─ perguntei enquanto ele arrumava umas coisas que deixaram jogadas.

            ─ Trent me disse que ela não está aqui ─ não está aqui? Então onde deveria estar?

I Think We're Alone Now - Temporada 1 (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora