1.4

24 5 0
                                    

Se passou uma hora desde o tiroteio, minhas mãos estavam completamente sujas do sangue do meu amigo, pois eu estava fazendo pressão no local onde a bala atingiu, meus olhos não paravam de lacrimejar. O tiroteio ali, se encerrou, e os policiais que procuravam os bandidos, acabaram nos encontrando, acabaram encontrando a criança que levou uma bala na perna esquerda, e a criança que misturava suas lágrimas com o sangue do amigo, na tentativa de o salvar. Os policiais me separaram de Thomas quando a ambulância chegou, me levaram pra delegacia e então ligaram para meus pais, eles colocavam sempre no meu diário, o número da minha mãe para ligar em casa de emergência.

Sentado na cadeira da delegacia, eu não parava de pensar como estava Thomas, eu queria ver logo o meu amigo, segurar sua mão novamente e dizer que estava tudo bem.

Meus pais saíram do trabalho mais cedo graças a ligação, a minha mãe estava chorando, com medo de que algo tivesse acontecido comigo, mesmo o policial que havia ligado estivesse dito que estava bem, e meu pai, estava indo o mais rápido que podia com o carro, com a mesma preocupação da cabeça.

– TONY, ANTHONY!!! – disse minha mãe completamente abafada por ter corrido até a porta da delegacia. – ONDE ESTÁ MEU FILHO?? – acrescentou, enquanto meu pai chegava em seguida, e o policial que me trouxe, os levou até mim.

– ANTHONY!!! – ao me verem bem, meus pais gritaram juntos meu nome, e ambos me abraçaram na tentativa de me confortar alí, eu apenas retribui, porém continuei de cabeça baixa, ainda pensando em Thomas.

Meus pais após meia hora naquela delegacia, me levaram para casa, eles foram informados de tudo que aconteceu, os pais de Thomas provavelmente já estavam no hospital enquanto aguardavam o garoto ser tratado.

Eu fiquei exatamente dois dias sem noticias do Thomas, minha mãe me consolava as noite que eu sempre chorava, tinha que ir a escola só, ao menos ia de carro com meus pais que em seguida iam pro trabalho, e sempre que passava na rua em que o tiroteio aconteceu, eu me perguntava como meu amigo estava. Na escola foi tudo tão vazio, eu não tinha mais nenhum amigo além do Thomas, mas conversei com uma menina, ela era legal.

Na volta da escola, eu e meu pai pudemos ver a tia Larissa, ela estava conversando com a mamãe na porta da minha casa, foi então que num impulso, corri até elas duas.

– Tia Larissa!!!! como você tá? – ditei após dar um abraço na mais velha. – O Thomas tá em casa? – acrescentei.

– Oi pequeno, bom... o Thomas ele ainda tá no hospital e vai demorar um pouco pra se recuperar, mas vai dar tudo certo, em breve você irá poder visitar ele. – ditou Larissa, ela parecia apreensiva.

– Anthony, vai com o papai, mais tarde a gente conversa, okay? – Marta falava enquanto o meu pai chegava e eu apenas concordava, entrando com o mesmo.

As duas sozinhas novamente, continuam conversando, Larissa contou para Marta toda situação que estava acontecendo desde que Thomas foi parar no hospital.

– O Thomas, ele no momento está num coma induzido, o tiro que ele tomou na perna esquerda, atingiu a veia femoral, o médico me contou que é uma veia que leva ao coração todo o sangue que sai da perna... o meu filho vai ter a perna amputada. – ditou Larissa enquanto começava a chorar, Marta a confortava com um abraço.

Dias se passaram desde a noticia de Thomas no hospital, ele melhorava a cada dia que passava, segundos os médicos já não faltava muito para o garoto acordar, durante esse tempo, eu sempre visitava meu amigo quando podia, ver ele naquela situação não era nada bom, mas não deixava a tristeza transparecer sobre meu rosto, afinal ele estava melhorando e isso era ótimo.

– Estou aguentando tudo isso, por nós, e espero que você também, bobo... – ditei num tom choroso enquanto me sentava na cadeira ao lado da cama do garoto. – Você vai sair dessa, e quando sair, vai tudo voltar a ser como era, eu prometo. – acrescentei não conseguindo segurar as lágrimas, e quando me dei conta, o meu melhor amigo estava segurando minhas mãos, eu olhei para o garoto, completamente surpreso com o que vi, Thomas permanecia inconsciente, mas parecia que ele estava, me sentindo ali.

– Bobo, não me assuste assim. – apertei um pouco sua mão e enxuguei minhas lágrimas ali – eu vou ser forte, até você acordar, melhore logo, Thomas.

O horário de visita acabou, e eu saia do hospital enquanto pensava, minha mãe estava me esperando.

Eu peguei seu coração, desejo que você, desejo que você viesse logo, sinto sua falta, estou sonhando com todas as possibilidades, e toda vez que penso que os planetas estão alinhados, eu penso em você, tão longe, mas tão perto...

Quando as Estrelas MorremOnde histórias criam vida. Descubra agora