CAPÍTULO 21 - A CURIOSIDADE MATOU O GATO

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Retornei ao verdadeiro mundo com o meu peito em chamas. O rubi tinha permanecido grudado na minha pele, e a sensação era desagradável.

A ala médica aonde acordei, estava em um sossego pleno. Não havia murmúrios, nem sons de insetos, somente a luz das chamas em tochas mantinham - se fervorosas.

Naquele instante fiquei com receio ao lugar, pois faltava - me informações sobre ele. Além de ninguém conhecido ou um cuidador da ala estar ali. Mas continuar deitada fugiu das minhas opções, por isso obriguei - me a levantar e exercitar o meu corpo.

No início quase cedia ao chão a cada passo dado, então a todo tempo tinha de apoiar nas camas. E entre linhas tentava esconder minha presença, que era dificultada uma vez ou outra pelo rubi.

Quando finalmente alcancei a porta e a abri, maravilhei - me com a caverna em todos os aspectos. Meus olhos fixavam de forma única, e por conta disso passou despercebido o fato de estar andando diretamente para a beirada daquele andar.

"Fui surpreendida na ocasião que despenquei"

O meu interior impediu - me de gritar, uma certeza repentina de que ficaria tudo bem mesmo com a queda engolia meus pensamentos.

De repente um estalo ecoou na parte baixa da caverna, eu caíra sobre uma plataforma voadora. E mesmo assim não houve alguma aparição.

"O meu lombar deu minúsculas pontadas como um aviso de: nunca mais faça isto... Como se eu tivesse alguma culpa"

Virei para o lado leste e concentrei em guardar as imagens desenhadas nas portas naquela direção. Que também continham símbolos diferentes.

A do canto esquerdo tinha ondas, que lembravam a famosa xilogravura do mestre japonês Hokusai, conhecida pelo nome de A Grande Onda de Kanagawa. A do meio tinha uma rama de uva entrelaçada com uma de trigo, nesta imaginei campos fartos. E tratando das outras, os desenhos seguiam - se de folhas, chamas, armas e coroas.

E os seus trincos de espessura grossa, percorriam as portas de lado a lado.
O chão continuava sendo de esmalte, e as chamas incandescentes obedeciam um padrão de decoração.

Ao descer da plataforma e caminhar para perto das portas, pude ouvir algo familiar, que vinha do canto esquerdo. Portanto desajeitadamente corri até lá e com delicadeza passei a porta, tendo em vista um lindo rio com uma queda d'água média.

"Uma confusão sobreveio a mim, por que a porta tinha um desenho de ondas se atrás dela havia um rio?!"

Daquele local exalava - se um perfume doce e suave, enquanto a água brilhava, e as estrelas no céu a admiravam.
Estando a ver e a sentir, uma "coceira" de desejo de mergulhar surgiu. Esta vontade não passou até estar submersa.

Após mergulhar descobri que o que fazia a água cintilar tratava - se de pedras que transmitiam luz. E delas haviam muitas, incontáveis devo acrescentar. Que formavam um caminho para uma abertura estreita e longa, escondida em partes por areia e rochas.

"O ar não me faltou... AINDA BEM!"

De maneira espontânea bateu a curiosidade de saber o que havia de oculto abaixo da abertura. Entretanto na tentativa de passar, infelizmente não consegui. Era estreito demais.
Em razão disto usei a força bruta e quebrei pedaços da rocha da abertura com outros pedaços grandes de rocha que achei.

Tendo uma passagem perfeita para mim, voltei ao lado oposto dela e arranquei muitas algas para amarrar em duas pedras. Uma delas seria uma grande e comum que ficaria no leito do rio, segurando a trança de algas amarradas a uma pedra brilhante, que iria levar comigo. Deste jeito enxergaria a direção através da luz e das plantas.

"A ideia foi boa, mas demorou um tempo até amarrar um monte inteiro de algas"

Atravessei a espessura e a perpetuidade da escuridão esvaneceu diante do brilho.

Conforme aprofundava arrastando as algas, vislumbrava as rochas ocas gigantescas que com a luminosidade tornavam - se azuis e verdes.

Nadava vagarosamente, apesar de não haver nenhum peixe ou outra coisa, mantinha uma cautelosidade.

Chegando ao solo um arrepio percorreu minha espinha ao ver um enorme olho de vidro. Ele estava cravado entre a areia e o paredão, no meio tinha uma íris inteiramente negra, e o brilho natural fazia - o aparentar vivo.

Em volta dele correntes enferrujadas tombavam, e elas vinham de uma pérola negra gigante que deleitava - se dentro da ostra. E sobre a pérola uma chave multicolor pairava.

"Obviamente com todos aqueles elementos ligados uns aos outros, pensei em praticamente na maioria de filmes de tesouros perdidos.

E nas inúmeras armadilhas que os envolviam.

Era inevitável não pensar nisto, infelizmente se eu nunca arriscasse o mistério sobre aquilo iria me perseguir.

Quem sabe o que podia acontecer?"

Entre os buracos das correntes coloquei a pedra e depois nadei com cuidado até à pérola.

A tensão batia na porta, apresentava - me tão temerosa que parecia estar suando embaixo d'água. Os meus dedos estremeciam com a aproximação contínua daquela chave.

Em questão de segundos quando a alcancei e peguei, um estrondo ocorreu, fazendo todo o ambiente tremer. Ao ponto de alguns pedregulhos desabarem.

"Minha vida passou diante dos meus olhos"

De imediato focalizei minha atenção para o olho, no entanto ele sucedia parado, provando ser realmente de vidro. Desse modo quase quebrei meu pescoço ao girar ele para atrás, ao escutar alguma coisa rachando.

A pérola partia - se aos poucos e perdia sua cor escura. Do seu interior uma gosma negra começava a derramar pelas brechas formadas, e durante isso na parte de cima dela grandes chifres a quebravam. Dos lados espinhos e garras revelavam - se, e na frente um bico sobressaía, e sobre ele três olhos verdes resplandeciam através de uma cabeleira cinza.

Com esta visão perturbadora não hesitei em disparar até a pedra e nadar apressadamente.
Acreditei fielmente que conseguiria escapar, até que uma coisa gosmenta e comprida agarrou meu tornozelo, jogando - me para cima e para baixo.

A coisa gosmenta era a língua da criatura, que tentava tirar minha vida de forma cruel.
Eu não poderia jamais deixar - me morrer numa situação desta, mesmo que estivesse em desvantagem.
Logo deveria ser esperta para escapar. Porque diferente da vez passada agora não tinha uma espada.

Autora: — Me aguardem. Rsrs!

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