Tradução: Foxita; Revisão colaborativa: Sr. Raposo.
✶✶✶✶✶
De longe, do meio das ondas, veio o som eletrônico de um robô sentinela. A-Ka xingou em voz baixa, "Merda!". Ele usou conjuntamente braços e pernas para puxar o homem para fora da câmara, colocou-o em suas costas e correu em direção a uma área mais elevada. Logo em seguida, a cerca de quatrocentos metros de distância, dois navios da guarda costeira cortaram o mar avançando em direção à praia.
O coração de A-Ka saltou em seu peito e ele continuou a segurar o homem enquanto escalava as rochas. O som de sirenes soou à distância e ele retirou um controle remoto do bolso da camisa. De dentro da caverna, veio um grande estrondo.
K cambaleou e caiu, com um rastro de fumaça arrastando atrás de si enquanto corria para fora. A-Ka envolveu o homem com uma mão e, com a outra, agarrou o braço de metal de K, que se chocou contra as rochas algumas vezes, perdendo peças que se soltaram e rolaram para baixo caindo no mar.
A visão de A-Ka escureceu por completo e ele segurava o homem enquanto corria atrás de K de volta para a caverna.
Após vários minutos, A-Ka finalmente se recuperou e deu leves tapinhas no rosto do homem - ele ainda estava inconsciente. Com largas passadas, K retomou sua posição original e ficou novamente em silêncio.
A-Ka rastejou para fora da caverna e espiou para baixo, vendo os robôs de vigilância levarem embora a câmara de dormir. Agora não havia sobrado nada dela, apenas o homem que trouxera de volta consigo.
Um humano.
A-Ka observou o homem que estava profundamente adormecido e sentiu-se repentinamente desamparado: que utilidade tinha um humano? Se fosse a câmara de dormir, ele ao menos poderia retirar dela alguns materiais. Ainda assim, jogar o homem de volta ao mar não era algo que A-Ka cogitava fazer.
No fim, que diferença fazia? Este era o cenário agora.
A-Ka se levantou e caminhou até K, dando continuidade aos ajustes no sistema de navegação. O chip que ele havia subtraído do corpo do clone realmente estava quebrado, pois quando A-Ka ligou o sistema de áudio, ouviu estática.
"...falha no sistema," o som saiu do alto falante de K.
"Ah!" A-Ka levou um grande susto; ele nunca imaginou que K fosse capaz de falar por conta própria. O que estava acontecendo? Ele certamente não tinha instalado um software de inteligência artificial em K!
K parou de falar e ficou novamente em silêncio; seus olhos frios encaravam A-Ka fixamente. A-Ka estava bastante desconfiado; ele abriu a placa de circuito que ficava no abdômen de K e ajustou o canal de controle de voz.
"A operação 'Morte ao Pai' deve ser..." K falou novamente.
A-Ka se assustou de novo, mas desta vez ele encontrou a origem do som: vinha do chip de navegação. Algumas estranhas mensagens haviam sido inseridas nos registros dos dados de localização. A-Ka conectou o resto do circuito e novamente começou a transmitir os dados do sistema de navegação. Ele então ouviu uma série de palavras que perturbou seu coração e tirou sua alma de alinhamento.
"Atenção membros da rebelião, o momento crucial da revolução se aproxima. O codinome é: Operação 'Morte ao Pai'. Será o fim dos nossos dias de opressão e o começo de uma nova era. No vigésimo sétimo dia do décimo primeiro mês, ao meio-dia, quando chegar o momento da troca de turno com os humanos, nós vamos romper as defesas e exterminar todos os robôs que tentarem nos parar com uso da força. Quando os distritos ficarem sem energia, os membros da rebelião deverão se dividir em grupos e se esgueirar na região do reator central. O sistema de defesa será desativado pela vanguarda. Nosso objetivo é explodir o Depósito de Energia Central e aniquilar o Pai. Que todos tenham êxito em suas missões."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Xingpan Chongqi [Tradução PtBr]
Ciencia FicciónNas marés do tempo, os humanos perderam sua posição como a espécie mais inteligente. O que ganharam em troca foi uma cidade de aço que ascendeu ao leste da China, e um deus artificial chamado "Pai". Regimes governados por máquinas dominaram o mundo...