5- Capítulo

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- Eu tenho certeza que o livro não estava lá. - Afirmei encarando ele que negou com a cabeça e se virou para o quadro branco voltando a anotar a matéria: Análise combinatória.

- Vá a biblioteca e pegue um reserva. - Ele falou de costas para mim.

Olhei para Heyoon e ela me olhou confusa.

- Aonde fica a biblioteca? - Sussurrei pra ela.

- É um prédio separado. Fica lá fora em frente ao chafariz. Vai saber pela enorme placa. - Ela sussurrou também e abriu um sorriso depois.

Assenti e sai de meu lugar tentando não esbarrar nas cadeiras e mesas ao lado, era tudo muito apertado ali.
Assim que passei pelo fundo para sair, o garoto loiro na qual havia dito que eu precisava de óculos me encarou. Ele me encarou tanto que eu quase perguntei o que ele tava olhando, mas não fiz isso porque ele abriu um sorriso ladino que me fez hesitar.

Revirei os olhos e segui meu caminho para fora daquele colégio.

Lá fora estava um dia lindo de sol. Uma hora dessas eu, provavelmente, estaria no pátio da minha antiga escola com o Pepe e a Sina. Estaríamos rindo de algo idiota que o Pepe disse, ou ouvindo a Sina falar mal de alguma menina que ela não gosta.

Eu não gostava muito desse lado da Sina. Ela falava mal de umas meninas que nem tinham feito nada demais. Sempre chamei a atenção dela por isso, mas ela dizia que levava na brincadeira.

Ver aquele sol brilhando lá fora, o gramado verde e alguns alunos tendo aulas práticas lá fora me fez querer me misturar com eles e fingir demência. Eu, de fato, não queria voltar lá praquele prédio medonho tendo um dia desses aqui fora.

Assim que entrei na biblioteca, vi algumas mesas com cadeiras, um balcão vazio, onde eu creio que era pra ter alguém pra me ajudar, e milhares e milhares de livros. Aquilo era ENORME!

- Eu vou levar uma vida. - Suspirei e comecei a andar pelos longos corredores formados por estantes de livros. Não tinha um ser vivo lá pra me ajudar!

Andei pelos corredores procurando algo ao menos parecido com livros didáticos enquanto o silêncio pairava naquela biblioteca assustadora.

Pelo menos o cheiro era bom. Cheirava a livros novos.

- Procurando algo? - Uma voz masculina soou ao fim do corredor de estantes me dando um susto.

- Jesus Cristo! - Praticamente gritei assim que eu vi Noah parado com suas mãos no bolso da frente da calça.

- Te assustei? - Noah abriu um sorriso ladino mostrando seus dentes totalmente brancos e retos. Eu quis rir quando me lembrei da Sofya falando dos dentes dele, mas não ri. Eu estava paralisada olhando o sorriso dele. Na real, eu quis tirar uma foto pra provar que ele sorria! E que sorriso...

- Imagina. - Respondi assim que voltei a mim.

- Ta procurando o que? - Noah se aproximou de mim me permitindo sentir seu perfume.

- Um livro. - Respondi em seguida.

- Jura? - Noah sorriu debochado.

O encarei com uma sobrancelha arqueada e ele ergueu suas mãos como quem se rende.

- Eu to procurando um livro de matemática. Pra minha aula que está acontecendo nesse exato momento. - Voltei a olhar pela estante.

- Os livros didáticos são entregues nos quartos. - Ele falou dando mais um passo na minha direção.

- Mas esse não foi. - Continuei sem olha-lo.

- Se você diz. - Ele deu de ombros. - Você não ta procurando no lugar certo. - Olhei pra ele encontrando seus olhos verdes. Eu nunca liguei muito pra essa cor, mas naquele momento eu quis até pinta-los.

- O livro que você ta procurando fica ao lado do balcão. Perto da porta. - Ele completou me fazendo voltar a mim.

- Pera ae, o que? - Andei em direção a porta novamente e me senti extremamente burra por ter passado por ali e não ter visto. - Isso não tava aqui antes.

Noah riu vindo atrás de mim e parou perto da porta. Sim, ele riu. Era difícil pra mim imaginar que aquele garoto não sorria. Por que ele estaria sorrindo e até rindo ali de boa comigo?

Olhei em meu relógio de pulso vendo que eu já havia ficado quase 20 minutos fora da sala de aula e imediatamente peguei o livro e sai de lá o mais rápido possível.

- Espera! - Noah me chamou me fazendo parar e olhar pra trás. - Qual a sua próxima aula, Maria?

- Ah... er... acho que é Educação física! - Grito para que ele possa ouvir.

Noah abriu um meio sorriso, mas assim que olhou para o lado e viu um grupo de meninas se aproximando, ele parou de sorrir, voltou a ficar sério e entrou novamente na biblioteca.

Aquilo era realmente muito estranho!
Eu tive que esquecer aquilo porque estava mais do que atrasada.

Corri de volta a sala. Me perdi? Sim. Demorei quase 10 minutos para encontrar a sala? Sim. Mas cheguei e é a intenção que importa. Como já dizia nosso filósofo Maquiavel : Os fins justificam os meios.

Ri de minha própria piadinha sem graça e entrei na sala. Não me surpreendi por ter deixado a porta bater de novo e atri a atenção da turma toda.

Eu ainda estava sorrindo quando isso aconteceu, então eles naturalmente acharam que eu havia feito de propósito.

- Você estava fabricando o livro? - O professor perguntou na frente da classe e todos riram.

Eu comecei a perceber que os alunos riam que qualquer coisa que o professor falava. Acho que ele é daqueles que é tão ruim, que você gargalha de qualquer coisa só pra ele ir com a sua cara.

Porque, fala sério, professor chato que não vai com a sua cara é a pior coisa da terra!

- Eu sou nova aqui. Não conheço nada, então obviamente demorei a encontrar. - Falei segurando o livro em mãos.

- Demorou a encontrar a biblioteca? Aquele enorme edifício lá fora? - O professor apontou para a biblioteca que dava para ver perfeitamente pela janela. Como eu esperava, geral riu.

- Por ela ser enorme que eu demorei a encontrar o livro. - Resmunguei.

- O que disse?

- Eu disse que amo matemática. - Sorri forçado.

Xoxo Gabi 🌸

No Colégio Interno { ADAPTAÇÃO URRIDALGO }Onde histórias criam vida. Descubra agora