o dia antes do desastre

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Eu me lembrava exatamente a primeira vez que tinha visto Luke com seus cabelos loiros arrepiados e seus olhos azuis desafiadores. Eu tinha acabado de me mudar para a rua e já estava muito animada em fazer novos amigos. Meu sonho nessa época era apenas que meus novos vizinhos tivessem filhos para que eu pudesse brincar. Obviamente, tudo deu errado. De fato, o vizinho tinha dois filhos, mas apenas um deles parecia um humano decente.

Quando eu encontrei Luke no meio da rua, pela primeira vez, realmente me pareceu uma boa ideia me aproximar. Ele estava usando um rádio de comunicação e parecia estar se divertindo então não era como se eu soubesse o que aconteceria. Acho que ninguém poderia imaginar na verdade. Foi quando eu toquei em seu ombro para chamar a sua atenção que eu percebi. Eu tinha iniciado a terceira guerra mundial. 

Ele me encarou com seus olhos azuis semicerrados e eu tentei sorrir da maneira mais amigável possível, eu era uma criança adorável, mas tudo aconteceu muito rápido. Ele aproximou o rádio da boca dizendo para seu amigo Logan, que eu teria o desprazer de conhecer semanas depois daquilo, sobre alguma invasão no território e antes que eu pudesse perguntar seu nome, senti um impacto e a metade de baixo do meu corpo molhada.

Olhei assustada para todos os lados procurando da onde aquilo tinha vindo, mas logo ele disse para atacar e bexigas de água vieram em minha direção. Corri o máximo que pude até estar em segurança em casa. Meus pais perguntaram preocupados o que tinha acontecido e eu contei tudo esperando que eles fossem lá e brigassem com aquele garoto, mas tudo que eu ganhei foi uma risada e "é apenas uma brincadeira de criança, Lauren, logo ele vem pedir desculpas". 

Luke nunca pediu.

Eu tinha apenas sete anos quando percebi que tinha um novo objetivo de vida. Quando os adultos me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, definitivamente, bailarina não era mais a primeira resposta que pairava pela minha mente. A única coisa que eu pensava era "destruir Luke Mccoy". E quando eu conheci Bailey, eu finalmente tinha conseguido uma aliada para os meus planos. 

Meu encontro com a irmã dele foi muito mais agradável. Alguns dias após aquele incidente, eu sempre avistava Luke correndo pela rua com seus amigos. Eu gostava de observá-lo brincando, para uma criança, eu assumo que talvez fosse um pouco assustador, mas ao mesmo tempo era divertido ter um arqui-inimigo naquela época. Em uma dessas vezes, eu estava sentada na frente de casa quando vi Luke brigando com uma menina tão jovem e loira quanto ele. Na hora, eu não pensei que eles pudessem ser irmãos, apenas pensei que ele tinha feito mais uma vítima inocente. Os dois pareciam discutir algo muito sério para crianças. Eu não me lembro de pensar muito antes de correr até eles e derrubar todo o meu sorvete na cabeça de Luke apenas para defender a menina. Lembro do olhar matador que ele me deu, a risada distante de seus amigos ao ver a cena e de como eu me senti bem vendo ele ficar furioso. Ele não saiu correndo e chorou como eu fiz, o pequeno garoto apenas deu as costas e começou a andar até seus amigos. 

Bailey não me agradeceu verbalmente, ela só estendeu a mão e eu a apertei com força. Nós selamos nossa aliança naquele momento. Uma semana depois, pedimos rádios para conversar e eu tive o prazer de jogar balões de tinta no Luke como um claro sinal de que aquela guerra tinha acabado de começar. E ela dura até hoje.

— Fica com essa parte. Quem terminar primeiro volta e espera no carro. – Assim que o carro parou no estacionamento peguei a lista do bolso e rasguei na metade. 

Durante toda a viagem até o mercado, disputamos ferozmente o domínio do rádio. Assim que Luke colocava alguma música de seu gosto, eu rapidamente desligava. Não trocamos nenhuma palavra além de olhares raivosos.

— É algum tipo de competição? – Desviou seu olhar para o pedaço de papel.

— Claro que não seu idiota. Eu só não quero ficar por aí fazendo comprinhas com você. – Tirei o cinto e sai do carro sem olhar para trás. – Mas se fosse, eu ganharia de qualquer jeito. – Virei-me rapidamente e disse pela janela meio aberta.

Harmonias & RuídosOnde histórias criam vida. Descubra agora