Capítulo 6: Sobre verdades e mentiras

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"Don't pretend to be something that you're not

Living life afraid of getting caught

There is freedom found when we lay our secrets down at the cross"

(Francesca Battistelli - If we're honest)

Faz quase um mês desde a tal balada e até hoje não respondi a mensagem da Joana. Por outro lado relembro constantemente do nosso beijo. Até pensei em pedir conselhos para a Yasmin, como minha melhor amiga ela me ajudaria a entender o que fazer e com certeza ficaria feliz porque eu também fazer parte do vale, mas... Ela está ocupada com as coisas do casamento. Graças aos meus incentivos ela contou para Bia sobre ser bruxa e em alguns meses ela se acostumou com a ideia. Elas farão duas cerimônias: uma celta só para os clãs e uma do civil.

É sexta-feira e, ao sair do serviço, cruzo com a Bel no elevador. Ela também foi promovida e me chama para tomarmos um café e colocarmos "as fofocas em dia". Aceito e assim que as portas se abrem ela completa:

— Eu chamei a Joana, tá?

A garota está nos esperando no hall de entrada do prédio. Ela tirou o aparelho e quando vejo o sorriso, mesmo que forçado, tenho muita vontade de beijá-la. Nos cumprimentamos e, tensa, vou mastigando minha bochecha enquanto atravessamos a rua e pedimos nossas bebidas. Em vinte minutos Bel nos atualiza sobre a vida dela, reclamamos do clima e do trânsito.

Como eu previa, nossa amizade tinha prazo de validade e, sem o serviço como um assunto em comum, não temos quase nada a dizer umas para as outras.

— E o Rick? — Joana pergunta e levanta a xícara para dar um gole no capuccino, escondendo aquele maldito sorrisinho dela.

— Tá bem. — Digo apenas isso.

Bel olha o próprio relógio e encerra o encontro desastroso.

— Gente, eu já vou indo, foi ótimo ver vocês, mas vou encontrar meu pai.

Nós pagamos a conta, nos abraçamos, tiramos uma foto e nos separamos. Caminho apressada e quando paro no ponto de ônibus vejo Joana chegando logo atrás de mim.

— Não tô te perseguindo! — ela avisa — Eu me mudei e agora pego ônibus aqui também.

— Hum.

— Hum o que? — ela responde, nervosinha como sempre.

— Nada Joana, nada. — Fico olhando para onde meu ônibus deve aparecer.

— Você tá mesmo namorando com ele?

— Mais ou menos. — Luto para tentar soar indiferente.

— Então me dá um beijo.

Rio ante o pedido absurdo e a encaro.

— Não.

Ela sorri de volta e morde o lábio inferior.

Sinto meu corpo inteiro vibrar, esse olhar desafiador me irrita e me excita ao mesmo tempo, como é possível?

Então simplesmente me permito, a puxo pela mão para trás do ponto de ônibus e a beijo com vontade.

A proximidade dos nossos corpos deixa o beijo ainda melhor.

— Vamo pra minha casa? — ela geme no meu ouvido.

E mais uma vez eu me permito:

O despertar do clã MedeirosOnde histórias criam vida. Descubra agora