Lucas Keller

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Pov : Lucas Keller

Qual é a graça de se mudar!? Deixar sua essência para trás não me parece algo viável!
Chega a ser um tanto quanto assustador.
Mas, para os meus tios, essa é a melhor opção.

Desço as escadas vagarosamente, não quero que esse dia acabe, ele podia ser eterno, eu não reclamaria.

- Bom dia, querido!! - Diz tia Ana assim que me vê.

- Bom dia, tia.

- Sente-se para comer! Hoje o dia será corrido. - me serviu uma xícara de café - Já arrumou suas coisas, certo!? Só temos mais algumas horas antes de partir.

Suspiro pesado, em uma falha tentativa de fazê-la ficar com dó e esquecer essa loucura toda.
Mudanças são difíceis, chatas e tristes.

- Sim, já arrumei tudo. - parece que dessa vez o drama não funcionou - A propósito, não vi as malas da Evie, acho que ela merece um puxão de orelha! - Vejo Evie descendo as escadas, será a minha chance de irrita-lá.

Um dos meus maiores passatempos é Irritar Evie, vê-la brava me faz ganhar o dia!

- Já está falando mal de mim, priminho!?, Que coisa. - brincou

- Eu? Jamais! Nunca faria isso com você - Evie faz uma careta horrenda, preciso de uma foto para zoa-la depois!

-Sei. - se sentou - vou fingir que acredito, seu falso! - Sorri.

Tomei meu café o mais rápido que pude, quero aproveitar minha última estádia aqui.

Ando até a porta o mais rápido possível, me livrando das perguntas que provavelmente iriam me fazer

Pego minha bicicleta e logo começo a pedala-la.
Sentir o vento frio em meu rosto é a melhor sensação do universo!

Observo atentamente as lojas, praças, bancos, e pessoas a minha volta, minha cidade é toda marcada de lembranças, de aventuras, e de traumas.

Avisto o cemitério com os muros brancos e logo estaciono.
O coveiro que geralmente ficava aqui morreu a 2 dias, até agora não encontraram ninguém para substituí-lo

Ando entre os túmulos observando cada nome e cada história escrita nas lápides. O túmulo com poucas flores indica que cheguei no lugar certo, me ajoelho perto dele e sinto o meu peito arder. Já fazem anos..

- Estamos nos mudando, mamãe. - suspiro - minhas visitas ficarão mais difíceis, desculpe! - aliso a lápide fria e meio suja

Meus olhos ardem ao lembrar de tudo, de cada palavra, de cada abraço, de cada toque. Mamãe era uma pessoa tão boa! Ela se foi cedo demais.

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1 hora foi o bastante para me despedir do túmulo de minha mãe, meu nariz avermelhado entrega que chorei mais do que o esperado.

Deixo a bicicleta perto do carro de meu tio, talvez eu não a leve comigo, um garotinho que mora com o avô no final na rua sempre me pede para dar uma volta nela.
Pobre garoto, tem uma doença terminal que aos poucos o faz morrer.

Entro em casa e logo reparo a sala quase vazia, a ficha ainda não caiu, eu vou mesmo ir embora daqui.
Pensar nisso me dá calafrios! Uma nova escola, nova vida, e novos amigos.

🐚

A manhã foi bem agitada, arrumamos o resto das mobílias e aproveitamos para arrumar a casa, o que não é fácil, já que ela é consideravelmente grande.

Já são 14:30, vamos sair daqui às 15h para chegar em Jersey City antes do anoitecer.

- Onde vai, Lucas? - pergunta Max

- Dar um presente para o Noah! - sorrio - o garotinho que mora lá no fim da rua.

- Vai logo, se não já sabe! A tia Ana vai surtar se nos atrasarmos - Max é namorado de Evie a anos, e acabou por virar o meu melhor amigo

- Pode deixar, vou ser bem rápido - pego a bike e ando em direção ao grande portão de ferro.

Uma.

Duas.

Três batidas

Logo vejo o senhor de cabelos grisalhos abrir a porta

- Oi - um sorriso pequeno brota em meus lábios - o Noah está? Tenho um presente para ele!

- Noah... - seu olhar entrega sua dor, sinto meu coração se apertar já temendo o pior - Noah não está muito bem, menino Lucas - sorri fraco - entre, ele estava falando de você hoje mesmo.

Senhor Bartolomeu me dá passagem para entrar.
O sigo para dentro da casa com pisos de madeira. Chegando em um dos quartos avisto Noah, mais pálido do que o normal, mais triste.

- Lucas!! - se anima - você veio me levar para andar de bike, como ontem? - se senta com um pouco de dificuldade

- Você não pode sair, Noah! São as recomendações do doutor. - Bartolomeu se senta ao lado do neto.

- Mas vovô, vai ser rapidinho! - junta as mãozinhas totalmente machucadas pelos furos de agulha

- Pequeno - me sento do outro lado da cama - você não está muito bem, meu amor. - o abraço - eu vou deixar minha bike aqui com você - sorrio - Tio Lucas promete que volta quando você estiver melhorzinho, para andarmos a cidade todinha juntos!

- Promete mesmo? - seus olhinhos verdes estão brilhantes, brilhantes como nunca.

- Prometo! De dedinho - mostro o dedo mindinho para Noah entrelaça-lo com o seu

- Então está prometido - junta nossos dedos - não pode mais voltar atrás, tá bom!? - sua voz doce me deixa bobinho, eu sempre adorei crianças, elas me deixam totalmente feliz

- Tá bom! Agora o Lucas precisa ir, ok!? - pergunto - prometo voltar para brincar com você. - deixo um beijo em sua testa

- Ok, tio Lucas - sorri - Por enquanto, eu vou ficar aqui deitadinho para quando você voltar, eu estar bem descansado para podermos brincar! - se joga para trás - eu te amo tio Lucas, você é o melhor do mundo!

Meu coração se parte, me sinto podre por ter prometido algo que talvez seja irreal! Noah está em seus últimos dias de vida e eu ao menos posso ficar aqui para o abraçar

- Eu também te amo, pequeno. Você é meu campeão - saio do quarto.

Deixar Atlantic City está sendo difícil, nunca imaginei que estaria saindo daqui, não estou pronto para essa mudança, mas talvez, deixar o passado de lado seja a melhor opção.

🐚

A viagem foi tranquila, Jersey City não é muito longe, levamos cerca de 2 horas para chegar em nossa nova casa.

Meus tios optaram por uma cidade bem próxima, dessa forma, podemos voltar sempre que sentirmos saudade.

O carro azul se estaciona na frente de uma casa bonita, bem bonita..

Ela é grande! Bem grande, um completo exagero

Ana optou por essa casa porque está pensando em seus futuros netos, acho que ela se esqueceu que eu e Evie ainda não chegamos nem aos 18 anos, e que não pensamos em ter filhos.

É uma casa bem arejada, as paredes têm um tom branco e cinza, o piso é parecido com a madeira, e as janelas são de um tamanho médio. Confesso que a decoração é linda.

Eu fiquei com o último quarto do corredor, é um quarto grande e bem bonito.

Têm uma janela que dá de frente para um quarto, talvez seja de algum adolescente, ele é bem decorado.

Me jogo na cama sem muita enrolação ou preparo, retiro a camiseta e o tênis, fecho um pouco a cortina, e logo adormeço.

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Quando a Morte encontra a Vida. (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora