Capítulo 7

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A janela do carro é aberta com as mãos trêmulas de Marion. Poderia ser a polícia pedindo explicações, ou até mesmo algum bisbilhoteiro que gostaria de saber o que tinha acontecido ali. O problema é que, seja lá quem fosse, tinha visto ela lá dentro.

- Sabe me dizer o que aocnteceu lá trás? - Pergunta a pessoa que estava do lado de fora.

- Ah meu Deus! - Imediatamente ela saltou para fora do carro e se penderou em seu pescoço. - Você está vivo! - Ela fala e então o encara com um sorriso lindo e os olhos brilhando de emoção. Mais uma vez o abraça apertado, como quem não quisesse o soltar nunca mais.

Adam retribui o abraço da mulher, afaga seus cabelos negros e respira fundo, parecendo tão aliviado quanto Marion por estar ali. Suas roupas estavam chamuscadas e também um pouco rasgadas. Também tinha um corte na testa, mas não parecia nada grave.

- Não pensou que eu ia abandonar você, não é? - Ele sorri olhando os olhos da amada. - Eu disse que podia confiar em mim.

- Você... Como...? Eu não... - Respira fundo tentando se manter calma e passa a mão no rosto. - Eu não entendo.

Antes de responder, Adam olha em volta para verificar se estava tudo certo ali, mas as luzes do girofléx dos carros das policias e das ambulancias o incomodou um pouco.

- Eu te explico tudo no caminho. É melhor irmos agora antes que desconfiem de nós aqui. - Então o homem gentilmente segura o queixo dela e a olha com um olhar calmo. - Eu estou bem. Estou aqui com você. Eu não te prometeria se eu não conseguisse. - Depois dessas palavras ditas, a beija.

Marion retribue seu beijo e assim que se afastam, ela dá a volta no carro e entra do lado do motorista outra vez.

Ela vai metade do caminho calada, tentando se recuperar do susto. Quando ela finalmente se recupera, olha o companheiro.

- O que aconteceu lá?

- Uma vez uma pessoa muito esperta me disse: "Enforcar sem matar". Se lembra disso? - Um sorriso brota no canto do rosto dela.

- Claro. Mas o que isso tem a ver? - Ela para e pensa durante alguns segundos. - Você não enforcou o cara que fugiu até ele morrer, apenas o deixou inconsciente. - Solta uma risada que parecia levar consigo toda sua tensão.

- Exatamente. Ele só teve que fazer o que eu mandei.

- E os machucados e a roupa em chamas?

- Eu tive que sair correndo. Não deu tempo de ir para muito longe e a explosão acabou me acertando. Acho que cai e bati a cabeça, pois acordei no chão com as pessoas em volta. - Marion engole seco quando ele fala isso.

- O que disse a eles? - Adam ri e a encara. - O que foi?

- Nada! Eles fizeram algumas perguntas, mas disse que não conseguia achar minha namorada. Disse que queriamos tentar algo diferente, se é que me entende.

- Mas eles vão procurar por essa garota.

Adam suspira e olha através da janela, as velhas ruas londrinas movimentadas com o começo da manhã.

- Para que tudo isso agora? Nós fizemos nosso trabalho e é isso o que importa. Eu dei meu jeito, confia em mim.

A mulher assentiu, porém não disse mais nada até chegarem em casa. Os planos de irem visitar Stacy e Conner ficaram para outra hora.

Adam estranha o comportamento de Marion. Geralmente, logo após as missões acabarem, ela costumava ficar alegre e empolgada, mas hoje ela estava difeente. Talvez fosse pelo fato dele quase ter morrido, mas achou melhor não questionar por enquanto.

- Vou me encontrar com o Coisinha para receber o resto da pagamento. Não quer ir comigo? - Ele perguntou tentando levantar o ânimo dela. mas parecia que nada iria funcionar.

- Não. Eu vou entrar e ficar um pouco na banheira, então quando chegar eu talvez esteja dormindo. - Ela força um sorriso. - Adam... Obrigada por voltar para mim!

E com um sorriso sincero desta vez, ela sai do carro e entra em casa. Enquanto isso o homem pula para o banco do motorista e dirige até sua casa, pois antes precisava trocar suas roupas queimadas e fazer um curativo na testa.

Marion, por sua vez, entra em casa e solta o ar que estava prendendo. Respira fundo e se senta no sofá, tentando se acalmar por conta própria. Quando mais nova, Marion tinha crises de ansiedade com bastante frequencia, mas normalmente elas vinham após a menina passar por um grande desgaste emocional. Talvez fosse esse o caso.

Por causa de seu segundo trabalho, Marion teve que entender que essas crises não poderiam mais a acampanhar, ou isso poderia a prejudicar drásticamente, podendo custar inclusive sua vida.

A mulher se levanta do sofá e após beber um copo d'água na cozinha, sobe para o banheiro. Tira a peça superior de suas vestes e se encara no espelho. Uma cicatriz em seu ombro que por muitos anos ela teve vergonha de deixar a mostra, mas que agora fazia tão parte dela quanto qualquer outra coisa.

"Enforcar sem matar.". Aquelas palavras que Adam tinha dito ainda há pouco tempo, ficavam ecoando em sua cabeça. Levou sua mão cautelosamente até o seu pescoço e depois seguiu para a cicatriz. Seus olhos lagrimejaram. Isso eram lembranças de um passado doloroso, o qual ela fazia questão de deixar enterrado. Limpa o seu rosto e depois de se despir por completo, espera que a banheira encha o suficiente e assim entra.

Após o longo banho para esfriar a cabeça, May decide por um pijama, mesmo que já tenha amanhecido, até porquê nada é mais aconchegante do que ficar o dia todo em casa de pijama. Depois de pronta, desce até a sala e encontra Adam no sofá. Ela suspira e se aproxima vagarosamente dele.

- Deu tudo certo lá? Você foi rápido. - Senta- se ao lado dele.

- Sim, tudo certo. - Ele suspira. - Está tudo bem com você?

- Estava certo sobre essa missão. O seu pressentimento. Por pouco não nos demos mal.

- Tivemos sorte, isso acontece às vezes. - Ele sorri. - O que te incomodou? Ficou desse jeito ai de repente...

A mulher suspira. Suspira e olha para frente, fixando seus olhos em um porta-retrato que contia uma foto dela com o pai.

- O que você disse: "Enforcar sem matar". Eu estou bem é que esses dias eu ando relembrando muito o passado.

- Marion eu... - Adam tenta procurar palavras, mas parecia que nada vinha em sua mente. Ele segura a mão da amada, na tentativa de passar algum conforto a ela. - Me desculpa! Eu esqueci completamente disso, apenas me veio a frase na cabeça. - Ele engole seco. - É sério, não foi por mal...

- Ei, calma! Eu sei disso. Sei que não falaria isso só para me machucar. - Dá um sorriso reconfortante. - Já passou, tá bom? Agora vem cá! Não quero desgrudar de você por um bom tempo.

O homem sorri e a puxa para um abraço, com direito a beijo e carinho. Aproveitam que não iriam mesmo trabalhar e passam o resto do dia juntos aproveitando cada segundo como se fosse o último.

Assassina de Luxo [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora