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Estava começando a chover quando cheguei ao hotel

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Estava começando a chover quando cheguei ao hotel.

Eu ainda não tinha conseguido controlar os tremores do corpo, mas pelo menos havia domado as lágrimas que escorriam dos meus olhos.
A dor de recordar o olhar do Ruggero quando falei aquelas coisas era... Era massacrante.

Mas eu tinha prometido ser forte e, claro, eu seria.

Sequei o que sobrou das lágrimas e sai do táxi, pagando ao motorista e enfiando o celular no bolso do casaco para proteger da água gelada que caia do céu nublado.
Eu tinha falado com o Doutor Marcelo no caminho para o hotel e ele me disse que não precisaria ir dormir no hospital, afinal Valentina não iria acordar e ficaria de observação, portanto, era melhor que eu fosse descansar, até porque também estava machucada.

Eu não teimei com o Doutor, porque não me sentia apta a cuidar da Valentina naquele momento.
Eu estava cansada... Era como se um pedaço meu tivesse ficado lá com o Ruggero e, de fato, seria complicado prosseguir.

Mas eu iria.

Ruggero teria um filho com a minha irmã, talvez até se acertassem... Talvez o bebê fizesse com que ele saísse desse mundo medonho em que vivia.
De algum modo, Ruggero os protegeria, porque era o sonho dele.

Antes de fechar a porta do táxi fui abordada por muitas vozes alvoroçadas, além de câmeras que estavam apontadas para mim com luzes fortes, dificultando minha visão, fazendo-me recuar uns passos e cobrir os olhos inchados e vermelhos.

Eu não conseguia entender muito bem o que diziam, mas repetiam coisas parecidas.
Capturei algumas palavras soltas e entendi que estavam procurando saber sobre o meu suposto caso com o namorado da minha irmã, sobre o tal escândalo que abalava as redes sociais, tanto no Brasil quanto fora.

Era difícil responder a qualquer indagação feita, porque meu cérebro não estava raciocinando direito, além do mais, estava chovendo e eu sentia frio, dor e uma agonia profunda.
Senti-me um animal selvagem enclausurado que era admirado por idiotas que pagam para tirar fotos com seres indefesos, que a única coisa que desejam é ser livres.

O táxi foi embora e eu comecei a tentar dar a volta para entrar no hotel, mas eles iam me seguindo, apontando microfones e celulares para o meu rosto, me empurrando para lá e para cá, acionando as dores fortes que eu já sentia na barriga.

A chuva nublava a minha visão e comecei a tropeçar aqui e acolá, trombando nos jornalistas e escorregando.

─ Por favor, diga-nos se é verdade o que andam falando... – Um dizia.

─ É verdade que se envolveu com o empresário Ruggero Pasquarelli, namorado da sua irmã? – Outro perguntou.

─ Karol, por favor, confirme se traiu a sua irmã! – gritou o terceiro.

─ Você pretende continuar com os cursos? Soubemos que está perdendo muitas alunas e seguidores. É verdade que é o fim do seu Império? – A pergunta veio como um soco que eu não esperava, mas me esquivei do microfone.

Monarquia dos Cafajestes (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora