O oceano tinha um efeito hipnótico e Sakura se entregou sem luta, observando pacificamente as ondas cor de turquesa rolarem sobre as areias de um branco absoluto. Não era uma pessoa preguiçosa, mas se contentou em ficar sentada no deque da sua casa de praia alugada, as pernas longas e bronzeadas esticadas e descansando sobre a grade, apenas observando as ondas e ouvindo o som pesado da água vindo e voltando. As gaivotas brancas entravam e saíam de seu campo de visão, seus gritos altos acrescentando uma nota dissonante à sinfonia do vento e da água. A direita, o enorme globo dourado do sol afundava na água, transformando o mar em fogo. Daria uma foto maravilhosa, mas não queria deixar sua cadeira e pegar a câmera. Tinha sido um dia glorioso e não fizera nada mais cansativo do que celebrá-lo caminhando na praia e nadando nas águas verdes, manchadas de azul, do golfo do México. Deus, que vida! Era tão doce, quase pecaminosa. Eram as férias perfeitas.
Por duas semanas, caminhara pelas areias brancas como açúcar da cidade do Panamá na Flórida, abençoadamente sozinha e preguiçosa. Não havia um só relógio na casa de praia, nem dera corda no de pulso desde que chegara porque o tempo não tinha importância. Não importava a hora que se levantava, sabia que, se tivesse fome e não quisesse cozinhar, havia sempre um lugar perto onde poderia conseguir alguma coisa para comer. No verão, a Miracle Strip não dormia. Era uma festa vinte e quatro horas por dia que constantemente se renovava desde o fim do semestre escolar até o fim de semana do dia do trabalho, a primeira segunda-feira de setembro, que também marcava o fim do verão.
Estudantes e solteiros que procuravam bons momentos os encontravam; famílias em busca de férias tranquilas também as encontravam; e cansados executivos e outros profissionais, que queriam apenas uma oportunidade de relaxar e se livrar da tensão, a encontravam também, junto ao brilhante, ensolarado e tranquilo golfo. Sentia-se completamente recuperada, quase renascida, depois das últimas duas deliciosas semanas.
Um veleiro, tão brilhantemente colorido como uma borboleta, chamou sua atenção e o observou enquanto se dirigia preguiçosamente em direção à praia. Estava tão absorta olhando o veleiro que não percebeu o homem que se aproximava do deque até ele começar a subir os degraus e a vibração do piso de madeira alertá-la. Sem pressa, virou a cabeça, o movimento gracioso e tranquilo, mas todo o seu corpo se preparou para a ação, apesar de não ter abandonado sua postura relaxada.
Um homem alto e moreno estava parado a olhando e seu primeiro pensamento foi o de que não pertencia ao ambiente P.C. como a cidade de férias era conhecida, era uma área informal, relaxada. O homem estava vestido com um impecável terno de três peças e seus pés calçavam um luxuoso couro italiano. Sakura pensou rapidamente que aqueles sapatos estariam cheios de areia solta e que se infiltrariam em tudo.
- Srta. Haruno? - Perguntou educado.
As sobrancelhas rosadas se curvaram, perplexas, mas tirou os pés da grade, levantou-se e estendeu a mão para ele.
- Sim, sou Sakura Haruno. E você...?
- Sasuke Uchiha - apertou-lhe a mão com firmeza. - Sei que me intrometo em suas férias, srta. Haruno, mas é muito importante para mim conversar com você.
- Por favor, sente-se. - Indicou uma cadeira ao lado daquela em que estivera sentada e retomou a postura anterior, as pernas esticadas e os pés nus na grade. - Há algumas coisa que possa fazer?
- Com certeza - havia emoção na resposta. - Escrevi-lhe há cerca de seis semanas sobre um paciente de quem gostaria que cuidasse: Naruto Uzumaki.
Sakura franziu de leve as sobrancelhas.
- Eu me lembro. Mas como respondi, sr. Uchiha, antes de viajar de férias... Não recebeu meu email?
- Sim, recebi - admitiu - mas vim pedir para reconsiderar a recusa. Há circunstâncias atenuantes e sua condição está se deteriorando rapidamente. Estou convencido de que pode...
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In Your Arms
RomanceO amor deles sobreviverá à realidade? Naruto Uzumaki nunca teve medo de nada, acostumado a viver a vida ao extremo à cada oportunidade, só não esperava que o acidente, numa de suas aventuras, tirasse temporariamente sua capacidade de andar e assim c...