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Amanheceu, seis horas da manhã e eu acordei, parecia cansado, embora estivesse preparando o corpo enquanto dormia, eu não estava sentindo vontade alguma de ir a escola, era como se eu tivesse levado um soco no estomago, não sei explicar direito.

Uma hora se passou e eu sai de casa com Thomas me esperando, ele parecia estranho, sabe quando você sabe que a pessoa tá na merda e fica com medo de perguntar por que pode piorar a situação? então...

– Ei, o que acha da gente sair mais tarde, comer um hambúrguer lá no Phill? – tentei não transparecer preocupação, enquanto lhe convidada e olhava para o mesmo.

– Sei não, olha... tem muita coisa na minha cabeça agora, Anthony, eu não sei mesmo te dizer. Thomas parecia querer chorar, e eu tentava ao máximo ligar os pontos, ontem estava tudo tão bem, será que aconteceu algo quando eu sai?

Chegamos na escola, Thomas foi direto para a sala de aula, eu fiquei um pouco no pátio, Laura estava lá.

Desabafei um pouco com ela sobre Thomas e a pedi pra ficar de olho nele caso o mesmo saísse da sala, a Laura sempre ficava no pátio, raramente assistia uma aula, sinceramente, não sei como ela consegue passar de ano.

Fui para a minha sala e me sentei no lugar de sempre, atrás de Thomas. Durante a aula, eu prestava atenção mais em Thomas, do que no professor que explicava o assunto, Thomas não anotava nada, o que era completamente anormal.

Na saída da escola, foi mais bizarro ainda, Thomas me observou com um olhar frio, como se eu não fosse nada pra ele.

– Eu te odeio, não me siga, não olhe pra mim e pra sempre, suma. – ditou Thomas enquanto se retirava da escola.

Naquele momento, eu fiquei paralisado com as palavras de Thomas, como assim "te odeio?" eu não parava de pensar no que havia feito pra ele ter me tratado daquele jeito.– Isso não vai ficar assim... eu preciso saber.

Ditei pra mim mesmo e o segui, ele já estava um pouco longe, parecia estar acompanhado de três garotos... espera aí, eu conheço aqueles moleques.

– Ei, THOMAS!!!! – gritei enquanto corria na direção do beco em que entraram.

Quando finalmente os alcancei no beco, Thomas estava com um olho roxo, aquilo me deixou furioso demais, os moleques que estão com ele, são os mesmos que sempre fizeram bullying com ele, é a primeira vez que chegam ao extremo.

– Seu idiota, eu falei pra não me seguir – ditou Thomas enquanto lacrimejava.

– Seus... DESGRAÇADOS!!

Num grito de fúria, sai em direção aos mais velhos completamente controlado pela raiva, mas o máximo que consegui fazer foi derrubar um deles com um agarrão.

– Thomas, foge!! – ditei enquanto socava a cara do garoto que derrubei.

Thomas conseguiu fugir e foi procurar ajuda, os dois rapazes me agarraram e me tiraram de cima do outro, o que eu podia fazer? eram três contra um e eu não tinha a menor sabedoria em combate.

– Moleque, você vai ver!! – ditou o garoto que eu bati, enquanto os outros me seguravam para eu apanhar.

Dez minutos se passaram e Thomas retornou com um policial, eu estava no chão, minha cabeça estava sangrando e os garotos já haviam se retirado, não demorou muito pra eu ser socorrido.

Minha mãe ao ser avisada, faltou no trabalho no dia de hoje e foi correndo para o hospital, eu fui apenas enfaixado e tomei alguns remédios para dor.

– Anthony, meu Deus!! o que aconteceu? – ditou Marta me dando um abraço apertado.

– Ai!! eu tô bem mãe, obrigado pela preocupação, mas não foi nada demais. – dei um sorriso como sinal de que eu estava bem, não queria preocupar ninguém.

Horas depois eu sai do hospital com minha mãe, contei tudo que aconteceu e ela ficou mais preocupada que antes, e falou sobre ir a escola resolver tudo.

– Mãe... eu tô bem, sério... se quer ajudar alguém, ajuda o Thomas e vai com a mãe dele contar tudo o que aconteceu, os meninos estavam mexendo com ele.

Voltamos para casa bem tarde, eram dezessete horas.

– Mais tarde, vamos conversar, mocinho, agora vou cuidar do seu pai. – minha mãe me olhava com um olhar triste no rosto, enquanto eu apenas subia as escadas para ir pro meu quarto.

– Não vai mudar, idiota. Você sabe, sempre soube, quantas vezes tentou? E quantas vezes vai tentar? Você consegue falhar até mesmo em proteger seu amigo.

Me deitei na cama enquanto lágrimas saiam dos meus olhos, estava me sentindo um completo inútil, além de preocupar a minha mãe, deixei machucar meu melhor amigo.

Naquele momento, eu não passava de um fraco, eu sabia que chorar não ia adiantar nada, mas como eu podia evitar? Os pensamentos não paravam de dominar minha cabeça, isso, até eu ouvir a porta bater. Rapidamente enxuguei minhas lágrimas e fui atender, era Thomas, sinceramente, eu não esperava ele aqui.

– O que você tá fazen... – fui interrompido pelo abraço ligeiro de Thomas.

– Desculpa, eu sinto muito, não queria que isso tivesse acontecido com você, você deve tá muito bravo então por favor, me perdoa, eu não queria ter te dito aquelas coisas pesadas na escola, aqueles meninos me ameaçaram pelo celular ontem quando você foi embora e tudo que eu queria era te manter longe disso tudo. – ditou Thomas completamente sentido com tudo aquilo.Após ouvir tudo, nós trocamos olhares e ficamos se observando por alguns segundos.

– Idiota, eu nunca vou ficar com raiva de você, desde o começo eu estranhei aquelas palavras, Thomas eu te amo e eu jamais vou me afastar de você, o motivo do meu sorriso, o motivo de toda minha felicidade, é tudo por sua causa, Thomas, eu não quero perder quem eu amo. – após ditar tais palavras, num impulso eu acabei me aproximando dos lábios do garoto e consequentemente, lhe dei um beijo que rapidamente foi retribuído pelo mesmo.

– Me desculpa, eu... eu... merda!! – olhei para Thomas enquanto falava e só pude ver o garoto sair do meu quarto, ele parecia nervoso.

Quando Thomas foi embora, eu senti um vazio no peito, como se parte de mim estivesse sumindo.

– Idiota, idiota!!! – suspirei enquanto me joguei na cama e escondi meu rosto no travesseiro.Eu sabia que a minha mãe já ia vir conversar comigo, mas eu não estava pronto, não mesmo.Minha maior vontade ali, era de gritar, tudo que eu pensava naquele momento, se tornou desespero, a ansiedade, a insegurança, ambas estavam começando a se estabelecer na minha cabeça, queria afastar todos esses pensamentos que estão me fazendo enlouquecer. Eu sou um fracasso, eu sou um idiota, queria desaparecer.

– Anthony!! – minha mãe entrou no meu quarto e ao ver o volume no cobertor, se sentou ao lado, na cama.

– Mãe, podemos falar mais tarde? Eu tive um dia de merda, eu preciso muito ficar sozinho... depois a gente se fala, tá bom? – Tudo bem então, só quero que saiba que a mãe do Thomas esteve aqui com ele e ela me disse que amanhã vai na escola comigo, melhoras meu anjo... – Marta logo se retirava enquanto se mantia preocupada, ela sabia que eu não estava bem.

Quando as Estrelas MorremOnde histórias criam vida. Descubra agora