É aqui onde tudo começa

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12 anos antes

          O inverno estava rigoroso naquele ano, mas não havia verba para comprar novos casacos para todas as crianças do orfanato municipal. O dinheiro mal dava para o alimento, por isso, ter um casaco – mesmo velho e surrado – era um luxo para poucos ali. De vez em quando pessoas importantes viam, apenas para mostrar a mídia o quão humanitária e humilde estavam sendo. E as crianças eram só "bobos da corte", como Uchiha Sasuke vivia dizendo.

          Naquela manhã, o vereador da cidade desceu de seu luxuoso carro, sendo fotografado e entrevistado pela mídia, antes que os seguranças afastassem os repórteres dali. Hyuuga Hiashi, estava junto com sua família, naquela véspera de natal, mostrando sua compaixão aos pobres famintos do orfanato municipal de Konohagakure.

          As crianças ficaram animadas com o fato de o vereador estar ali, menos as crianças mais velhas, que achavam tudo aquilo uma palhaçada. Acreditavam que ele só estava ali para mostrar o porquê deve ser reeleito no próximo ano. O sistema é corrupto, e por mais que Hiashi tivesse algum intuito de bondade naquelas ações, ainda assim o orfanato e as crianças estavam condenados. "Só os fortes sobrevivem", esse é o lema do sistema, mas para simples crianças pobres, sobreviver é o máximo que podem almejar.

          Hiashi chegou junto a sua família, pegando crianças no colo, enquanto elas o via como um pai que nunca tiveram, bem como sua obediente esposa fazia o papel de mãe. Aquilo é uma perda de tempo, o pequeno Uchiha pensou, subindo as escadas para ir para seu dormitório, acordar seu dorminhoco amigo, para participar de toda aquela palhaçada.

          O loiro dormia profundamente, após uma noite de sufoco, onde mais passou frio, do que conseguiu se esquentar. Conseguindo pegar no sono naquela manhã, quando finalmente seu corpo conseguiu se esquentar em meio aquele frio – que havia dado uma trégua. Sentiu seu corpo ser chacoalhado, obrigando seu subconsciente a acordar.

          — Só mais cinco minutos — pede o loiro sonolento.

          — O vereador já chegou — anuncia seu amigo.

          — Não ligo, só quero dormir — diz o loiro.

          — Vamos, ou vai perder o almoço — diz o amigo.

          — Não tô com fome — diz o loiro, tentando fazer de tudo para continuar dormindo.

          — Anda, levanta logo — Sasuke diz, pegando na perna do loiro e o arrastando da cama.

          O loiro cai da cama, sendo obrigado a levantar e fazer as vontades de seu amigo. Sete minutos depois, desceram a escada, encontrando uma fila, e o loiro pode sentir o cheiro agradável de comida de verdade que vinha da cozinha, já que todos os dias eles tomam sopa de legumes — sem legumes. A fila era para abraçar a sra. Hyuuga, que abraçava as crianças com aquele doce carinho de uma mãe. O loiro foi para a fila, enquanto seu amigo dizia que aquilo era uma perda de tempo.

          — Você sabe o que é o abraço de uma mãe, já a maioria de nós não — diz o loiro, que desde que era um bebê vive naquele orfanato, enquanto seu amigo só estava ali há três anos.

          Sasuke ficou quieto, preferindo se manter afastado, do que participar de toda aquela palhaçada sobre o "milagre natalino". Essa história de finais felizes só existe em contos de fadas, a vida real é um fardo, onde a felicidade é para poucos. Um privilégio que só a classe alta pode saborear.

          O loiro recebeu seu abraço maternal naquela véspera de natal. Sentindo o calor dos braços de uma mãe de verdade, no entanto a sra. Hyuuga começou a passar mal, tossindo sem parar, tendo que se retirar, deixando as outras crianças tristes, culpando o loiro por tê-la feito passar mal. Afinal diziam que ele era uma criança amaldiçoada, pois no dia de seu nascimento seus pais morreram, e as outras crianças dizem que ele traz desgraça para todo mundo, por isso eles passam frio e fome.

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⏰ Última atualização: Jun 16, 2021 ⏰

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