Por muito que Florença seja a minha terra natal e foi lá que tudo começou, acordo muito mais feliz em Milão. Estar deitada nesta cama e conseguir avistar a Catedral de Milão é algo impagável. Hoje estou com uma agenda bem mais leve, sendo amanhã fim de semana e dia de regressar a Florença.
Bebia um café, a verificar já alguns emails, quando o telemóvel começa a tocar.
- Bom dia, Fortuna - disse-lhe assim que atendi a chamada.
- Bom dia, Vera. Desculpa incomodar... mas tenho uma pessoa à tua procura – sei que, para ela me estar a ligar, é sinal que a pessoa estará mesmo a insistir para falar comigo – não é cliente, nem tem hora marcada... mas pede para te ver com alguma urgência.
- Tudo bem, eu ainda estou em casa mas em breve estarei aí - levantei-me indo até ao roupeiro para escolher a roupa que iria usar – pede à pessoa que espere e deixa-a confortável.
- Obrigada, Vera.
- Obrigada eu – atirei o telemóvel para cima da cama, começando a vestir-me.
Confesso que não gosto quando os meus planos são todos alterados, mas agora já consigo lidar com isso de ânimo mais leve. Assim que me vesti, maquilhei-me e peguei na minha mala para sair de casa.
Ainda bem que a estas horas já não há trânsito pelas ruas mais movimentadas e depressa cheguei ao escritório. Sorri ao olhar para o ramo de flores, que se mantinha muito bonito, parando junto da secretária da Fortuna.
- Bom dia - disse-lhe, retirando os óculos escuros.
- Bom dia, Vera – levantou-se, vindo na minha direção – eu acabei por colocar o senhor na sala de reuniões.
- Fizeste bem – comecei a caminhar ao lado dela – a pessoa tem nome?
- Sim, desculpa. Giulio Berruti – toquei no braço dela, fazendo com que me olhasse.
- Podes preparar dois cafés?
- Claro – continuei o meu caminho até à sala de reuniões, entrando sem qualquer aviso.
- Bom dia, Sr. Berruti – coloquei a mala em cima da mesa, enquanto ele se levantava. Vinha com um fato azul escuro vestido e uma camisa branca, caminhando na minha direção – peço desculpa, mas não tínhamos hora marcada – estiquei a minha mão na sua direção, recebendo a dele em troca.
- Bom dia, Sra. Ferruci – soltou a minha mão, cruzando os braços em frente do corpo – eu é que peço imensa desculpa por não ter avisado, mas precisava de falar consigo com urgência.
- Sente-se – apontei para uma cadeira mais próxima da minha, indo sentar-me ao topo da mesa – o que é que o traz por cá?
- Gostava de te fazer uma proposta – sorri assim que ele se libertou desta encenação e passou a tratar-me como sempre o fez.
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SOLO PER LA NOTTE
RomansaVera, uma das mais conceituadas designers de calçado em Itália, é uma mulher independente, cheia de garra e determinação. Aos 32 anos vive um dos melhores momentos da sua vida, focada no seu trabalho. Vera não aspira ser mãe, casar ou constituir fam...