Gojo_baby
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Consagra-me com a fome que há em ti, e eu te devolverei um banquete do próprio deus que nos condenou.
Farta-te. Não com moderação, mas com a gula sagrada dos condenados ao paraíso. Que o banquete seja tão vasto que a tua fome pareça pequena diante dele. Sorve, insaciável, não apenas o corpo, mas a essência, a sombra, o eco do gemido. Sacia uma sede mais profunda que a da garganta, a sede da alma que só o prazer carnal, brutal e total, consegue apaziguar por um instante. Pois este é o único ritual que vale a pena: aquele em que se perde tudo para se ganhar, não a salvação, mas o êxtase. E nesse êxtase, toda fome é saciada, toda sede é esquecida, e todo pecado se revela como a única verdade digna de ser vivida.
Porque purificar não é apagar o pecado. É afogar-se nele até que nada mais reste, exceto a verdade nua e ofegante: que eras divino não apesar da tua fome, mas por causa dela. E este acto, tão obsceno quanto um milagre, foi a única oração que o teu corpo, sábio e pagão, sempre soube rezar.