ꗃ | 𝒞lara Morrigan nunca foi o tipo de terapeuta que cruza limites. Jovem, dedicada, se tornou exatamente o que seu centro psiquiátrico precisava. Mas quando Rafe Cameron, um paciente instável e observador demais, é designado a ela, tudo parece mais difícil de controlar. 𝐑𝐀𝐅𝐄 não está ali para ser salvo. E talvez, no fundo, ela também não esteja tentando salvá-lo. 𝐂𝐋𝐀𝐑𝐀 só queria provar seu trabalho. Mas talvez tenha encontrado alguém ainda melhor em desmontar os outros. E o que começa como tratamento, pode terminar como cicatriz.

LUNA | O Sol e a Lua. Diziam que não fazia sentido. Que eram opostos demais. Rafe era o Sol - ardente, intenso, impossível de ignorar. Entrava em qualquer lugar como se lhe pertencesse, enchia o mundo com sua luz e falava com a certeza de quem nunca conheceu o medo. Luna era a Lua - silenciosa, etérea, sempre à meia-luz. Observava de longe, existia em nuances, se escondia quando sentia que olhavam demais. "Isso não vai durar", diziam. E talvez estivessem certos. O Sol queimava, a Lua recuava. Ele buscava calor, ela pertencia ao frio. Nunca dividiam o mesmo céu. Quando um chegava, o outro partia. Mas, nos raros momentos em que se encontravam, o mundo inteiro prendia a respiração. Um eclipse. Um instante em que o impossível acontecia. Ele iluminava seus abismos, mostrava que nem toda escuridão precisa ser solidão. Ela o ensinava a desacelerar, a perceber que há beleza no silêncio, que nem tudo precisa brilhar para ter importância. Ainda assim, o mundo insistia: "Não dará certo." Mas talvez não precisassem dar certo. Talvez fossem feitos para existir nesses poucos momentos roubados, nesses segundos em que o Sol e a Lua se tocam. Talvez amar fosse isso - saber que, mesmo em caminhos opostos, ainda pertenciam ao mesmo céu.