CamillaMorozesky23
Jung Kook tem quinze anos, mas carrega no corpo e na mente uma infância que nunca o deixou crescer. Portador de uma condição neurológica raríssima Síndrome de Mielodisplasia Hipotônica Congênita - ele vive em um estado de constante vulnerabilidade física e cognitiva. Seus ossos, ainda predominantemente cartilaginosos, impedem a marcha; seus movimentos são descoordenados, a fala quase sempre truncada, e a mente navega em uma inocência atemporal, como se a linha entre o agora e o lúdico fosse irrelevante.
Criado por Ji Soo, uma mãe emocionalmente negligente, impaciente e áspera, Jung Kook jamais encontrou espaço para florescer. A mãe, incomodada com sua forma de se expressar e com a falta de autonomia motora, convenceu-se de que o filho era autista - uma suposição feita sem qualquer base médica, sustentada pela ignorância e pelo cansaço. Apesar das súplicas constantes do irmão para que o menino fosse avaliado por um neurologista, Ji Soo recusava-se a admitir que algo mais profundo poderia estar em jogo.
Cansado da indiferença, o tio de Jung Kook decide intervir. À revelia da irmã, leva o garoto a uma consulta especializada e finalmente obtém um diagnóstico formal. Não era autismo - era algo ainda mais complexo, raro e exigente. A revelação transforma a sua visão do sobrinho, e o desejo de protegê-lo torna-se inegociável. Movido por um amor silencioso, porém inabalável, o tio inicia uma batalha emocional e jurídica para conquistar a guarda do menino.
Depois de meses de resistência, Ji Soo enfim assina os documentos - não por redenção, mas por alívio. Para ela, era um fardo a menos. Para ele, o início de uma jornada.
Agora, Jung Kook está em novas mãos. Mãos que não exigem pressa. Mãos que acolhem, que compreendem os silêncios e celebram pequenas conquistas. Mãos que, pouco a pouco, ensinam a ele - e a nós - que o verdadeiro crescimento não se mede em passos dados, mas em vínculos construídos.