Panchikinha
Ângela sempre preferiu a segurança da tela. Enquanto as outras crianças colecionavam tombos e cicatrizes, ela acumulava horas em jogos, desenhos e vídeos estranhamente sombrios pro seu histórico de idade. Cresceu no modo conforto: com uma autoestima abalada, sarcástica e esquisitices.
Mas zona de conforto não paga conta - e, aos 17, Ângela se viu afundada até o pescoço pela situaçãode sua mãe, arrumou um emprego insuportável no fast-food e vícios nada poéticos que usava pra escapar da realidade. Até que o universo - ou só um milagre disfarçado - colocou Marina em seu caminho: esteticista de sucesso, mãe solo e a primeira adulta funcional que acreditou nela. A proposta? Virar babá dos dois filhos dela. Pagamento justo, liberdade e um respiro.
Só que a paz durou pouco.
Por um detalhe burocrático (e pela pequena falha de ainda ser menor de idade), Ângela precisou ser registrada no Clube Esperança como... aluna. Agora, além de segurar crianças hiperativas, ela precisa frequentar aulas, fingir empolgação e - pior - entrar num time de vôlei.
Foi aí que surgiu Raphael.
Capitão do time masculino, estrela da quadra e dono de um ego do tamanho da rede. Arrogante, lindo (infelizmente), competitivo e o tipo exato de garoto que Ângela aprendeu a evitar pra preservar sua sanidade. Só que o destino - ou a pura maldade do universo - decide colocá-los lado a lado, obrigados a trabalhar juntos como uma dupla improvável.
E é ali, entre ataques, ironias e saques milimetricamente calculados, que Ângela percebe: Raphael pode ser tudo o que ela detesta... mas também tudo o que ela nunca teve coragem de desejar.
Entre birras infantis, treinos forçados e uma tensão que beira o escândalo, ela se vê presa em um jogo que vai muito além das quadras. E a nova regra é clara:
Quem se apaixonar primeiro... perde.