É chegada a hora! O tempo correu diferente nos universos de Luna e Dionísio. O inverno astral nos dois mundo foi impetuoso e demorou a passar, congelando quase tudo. Presos ao tecido complexo da vida, isolados pela distância física, adentraram na profundidade de suas almas e puderam enfim perceber a verdade que os cerca: apenas o amor sustenta a existência, essa força pungente que modifica a psique e nos segura enquanto tudo ao redor desmorona. As respostas foram dadas, as verdades trazidas à superfície. A nossa realidade é fruto da nossa projeção mental, do modo como enxergamos a vida. Muito além da distância física, ambos sabem que estão conectados por uma energia sublime e por mais que resistam, tal força é inexorável. A sorte foi lançada e agora os dados, antes jogados ao ar, estão sobre a mesa. Mesmo bloqueado por uma cortina de gelo que separou os dois mundos, o magnetismo que os conecta manteve-se intacto e paradoxalmente ainda mais intenso. Os ponteiros estão definitivamente alinhados, ligando os dois universos e o tempo cobra do presente as decisões que marcarão definitivamente a vida de Luna e Dionísio. Os dois rios acabaram enfim de atingir o fim do curso estreito e caudaloso. Resta saber se acontecerá o encontro para assim desaguarem juntos no mar. Que a história responda às inquietações! Evoé!

Nem sempre o amor é suficiente para manter os indivíduos juntos. Dionísio e Luna aprenderam rapidamente esse fundamento da condição humana. O fim do carnaval trouxe consigo o ocaso dessa relação intensa e profunda, esse encontro de acasos. Agora, distantes um do outro, eles retomam a vida e tentam a todo momento reconstruí-la para que possam viver e não apenas sobreviver, cada um a seu modo. Duas almas singulares em dois mundos paralelos buscando um suspiro de felicidade, separados pelos percalços de fatos e acontecimentos desastrosos. Enquanto Luna retoma seu ritmo de vida voltando à superfície, após o mergulho nas profundezas do desconhecido mundo do amor, Dionísio adentra ainda mais no antro de sua alma, buscando se reinventar, num claro grito agonizante de vida. Dois rios buscando desaguar. Dois mundos que em dado ponto se cruzaram e agora experimentam uma distância fria e dolorida. Encontrarão ambos o caminho que desemboca no mar ou ficarão eternamente represados como um vasto lago, imersos em si mesmos? acaso ou destino: o tempo é senhor de tudo! Evoé..

- Eu sou a sua loucura, a sua insanidade. Faça parte do meu mundo e te darei o que você sempre procurou durante a vida. Porém, uma vez diante da verdade, jamais serás a mesma. - essas foram as primeiras palavras dele, Dionísio, quando pela primeira vez encontrou com Luna, durante as festas de carnaval, em Olinda. - Não existe verdade: existem verdades. Para os que pensam que dominam os prazeres e os impulsos, eis o primeiro sinal de notório equívoco existencial. A jovem Luna, uma mulher cansada de relacionamentos conturbados e de buscas infrutíferas na terra das paixões está a um passo de ser transformada, de perder-se no mundo para além do bem e do mal. Ao se deparar com o estranho Dionísio - um amigo de amigos - em pleno carnaval ela, ha pouco tão segura, racional e decidida, será colocada no antro de uma tragicomédia regida por ele, por essa figura mística, sensual e fulminante. Bem vindos, iniciados, aos ditirambos...