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O silêncio do bunker era denso como concreto, quebrado apenas pelo eco suave de passos e o sussurro da luz fluorescente no teto. Dean arrastava os pés pelo corredor, ainda meio grogue de sono, uma xícara de café esquecida na mão.
Foi então que ouviu.
Um choro. Agudo. Estranho.
Vindo da biblioteca.
Franziu o cenho. O som não combinava com aquele lugar cercado de poeira, livros antigos e memórias pesadas. Era o choro de um bebê - desesperado, frágil, insistente.
Dean entrou, e parou.
Ali, no tapete entre duas estantes, estava um pequeno corpo - encolhido em meio a tecidos grandes demais. O velho sobretudo bege arrastava no chão como uma mortalha. As mangas engoliam os braços minúsculos, e os botões pesados quase o cobriam inteiro.
Os olhos, no entanto, eram familiares. Intensos, azul-claros, cheios de angústia e confusão.
O bebê chorava, mas havia algo ali - algo velho. Algo que olhava para Dean como se o conhecesse.
Ao lado dele, repousava um bilhete amassado.
Dean se aproximou com o coração acelerado, sentindo um frio estranho subir pela espinha. Se ajoelhou. Pegou o papel. Leu.
E então soltou um palavrão tão baixo que parecia uma prece.
- Cas?