Mary__Matos
Dizem que a gente não manda no coração. Que não dá pra controlar quando, onde ou por quem ele decide bater mais forte. Dizem isso como se fosse algo simples, como se fosse só uma frase feita. Mas eu descobri, na pele, que é a mais pura verdade.
A gente não manda no coração.
Mas ele? Ele manda na gente.
E quando ele decide algo... não tem lógica, não tem limite, não tem freio.
Ele não pergunta se é certo. Não analisa laços, nomes, nem convenções. Ele só sente. Só pulsa. Só escolhe.
O meu, por exemplo, fez sua escolha no momento mais improvável. Depois de anos fora, depois de tanto tempo distante, ele bateu mais forte - justo por quem não devia.
Não era um estranho. Não era alguém qualquer.
Era a pessoa errada. A mais errada possível.
Aquele que, aos olhos do mundo, era parte da minha família.
Aquele que, tecnicamente, deveria ser meu tio.
E o que eu fiz com isso?
Fingi que não era real? Fugi? Rezei pra passar?
Não.
Eu o amei.
Com tudo o que havia em mim.
Mesmo sabendo que não podia.
Mesmo sabendo que, naquele amor, havia mais pecado do que permissão.