Mabel_istories
A vida, por vezes, é bastante monótona, formada pela mesma rotina. A repetição de acontecimentos diários faz a vivência ser tranquila, sem muitas emoções.
Mas, nesse momento, a rotina mais parecia ociosa, odiosa e sem rumo.
Hélio prezava por essa paz. Já com seus vinte e poucos, queria viver na tranquilidade. Estava cercado de tintas, pincéis, quadros inacabados e cursava na área de sua paixão.
Ia de casa para a faculdade de artes, a pé, sem passo ligeiro. Nunca precisara de pressa, afinal. Era um aluno excepcional, e não escondia isso.
Os trabalhos que eram passados à turma, este os fazia com satisfação e normalidade, e gostava. Mas agora, enfrentava um problema, pelo qual tinha um ódio incondicional: um bloqueio criativo.
Não existia outra palavra que o jovem pudesse descrever melhor seu sentimento do que "ódio". Veja bem: fazer arte era a coisa que mais amava. Pintar quadros, desenhar, apreciar a vista... Como iria reagir a algo que lhe tira tudo isso?
Quereria livrar-se daquela angústia. Buscava inspiração, caçava-a como um temível predador, mas não achava-a. O que podia fazer se seus métodos não mais serviam?
Teria desistido daquela fatídica tarefa da faculdade, jogaria tudo aos ares e ligaria o modo "não tô nem aí" - caso esse ainda existisse em si -, e admitiria sua derrota nas artes.
Isso, se não tivesse encontrado uma moça, com ar de camponesa, carregando um arranjo enorme de samambaias e costelas-de-adão.
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