nevasca10
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Nuala era apenas uma mensageira no reino de Titânia - discreta, leal, obediente até a humilhação. Ela e o irmão serviam como peças descartáveis da corte feérica. Quando a Rainha precisou garantir vantagem política, não hesitou: ofereceu Nuala como um presente vivo ao Senhor dos Sonhos, uma moeda para persuadi-lo a apoiar sua escolha de novo governante do Inferno.
Seu irmão nada fez para impedir a ordem cruel dos seus governantes. Não implorou. Não protestou. Apenas virou o rosto, como se ela nunca tivesse sido família.
Diante do abandono, Nuala aceitou o destino de bom grado - não por querer ficar, mas porque entendeu que ninguém jamais tivera consideração por ela. Se seria um presente, ao menos o faria de cabeça erguida.
No Sonhar, Morpheus - o Perpétuo, o Eterno, Senhor dos Sonhos - a recebeu. Ele aceitou o tributo por dever diplomático, mas não por desejo ou ganância. Desde o início, viu a injustiça no ato. Não tentou possuí-la ou quebrá-la. Não exigiu dela mais do que estava disposta a dar.
Em vez disso, ofereceu respeito. Um lugar para existir. Palavras raras, mas sinceras. E um silêncio que não julgava.
Nuala, imortal em sua própria maldição, reconheceu nele algo que a perturbava: a solidão sem fim. A dor de viver para sempre enquanto tudo muda, morre e desaparece. E se viu confrontada com uma escolha cruel - permanecer livre, mas sozinha, ou se permitir sentir algo pelo ser que a aceitava sem correntes.
Entre eles nasceu algo frágil e perigoso. Um desejo que ardia lento, feito de olhares desviados e confissões sussurradas. Ele não a forçava. Ela não fugia. Mas ambos sabiam que o amor entre um Perpétuo e uma elfa rebaixada não podia ser simples.
No Sonhar, os pesadelos ganham forma - mas às vezes são os sonhos que devoram.