A essa altura, Beatriz já se conformou com o título de "corna mansa". Ela nem mesmo se importa - ou finge não se importar - quando seus amigos próximos se referem a ela dessa forma. Não que Beatriz seja de aceitar desaforo passivamente, mas em conflito com o lado manipulador de Heitor, ela muitas vezes se retrai, cansada de sustentar intrigas. Se de um lado existe um relacionamento frustrado, do outro existe alguém frustrado de relacionamentos. Depois de tantas tentativas, Henrique está começando a acreditar que o amor talvez não seja para ele. Já na casa dos trinta, ele sente que a cada aniversário fica ainda mais distante de realizar seu maior sonho: formar uma família. Tudo começa de uma maneira improvável. Beatriz e Henrique, até então, sequer se consideram amigos. Ela é namorada de seu melhor amigo, o que não abre margem para que eles possam se enxergar de outra forma. No entanto, a junção de álcool, corações calejados, pessoas frustradas e desejo iminente pode resultar em algo catastrófico.

Ódio era o principal sentimento que semeava na relação entre as famílias Tavares e Bianchi. A rixa não era algo recente; há décadas, um desentendimento havia levado a aquele sentimento intenso de repulsa e nunca houve uma tentativa de reconciliação. O orgulho era uma característica sobressalente e intensa, de forma que, continuar a alimentar a desavença parecia melhor do que encontrar uma solução para o conflito. Portanto, Cecília havia crescido com a ideia de que odiar Henrique era uma reação natural. Convivendo no mesmo círculo social por uma vida inteira, não faltaram oportunidades para uma aproximação, mas o receio era sobressalente a qualquer tentativa, embora o sentimento entre eles nunca tenha sido propriamente de desprezo. O envolvimento entre os dois não foi uma coisa nada sutil. Começou de forma despretensiosa - ao menos, para Cecília - movida pela adrenalina e pelo desejo causado como consequência daquele afeto reprimido. No entanto, o que não deveria passar de um beijo acabou se atrelando e gerando sentimentos intensamente cruéis, fazendo despertar o amor em dois jovens inconsequentes. A separação foi um momento intensamente melancólico e devastador para ambas as partes. Por ter acontecido de uma forma extremamente abrupta, geraram ressentimentos intensos que, por nunca terem sido explicados, efetivamente transformaram o amor em mágoa - ainda que algumas pessoas tentem vender como ódio. Vinte e cinco anos depois, um reencontro pode mudar a convicção de ambos e a forma de enxergar o mundo - ou não - se eles estiverem dispostos a ceder, vencendo aquela mágoa criada no passado.

Dizem que amor de adolescência nunca dura por muito tempo, mas o que dizer de um amor que surgiu durante essa mesma fase conturbada da vida e que permaneceu aprisionado em dois corações durante quase sete anos? Lara e Henrique foram os protagonistas dessa história. No entanto, o que provocou a separação do casal não foi briga alguma, tampouco traição; o grande vilão dessa história pode ser considerado o destino. Foi ele que fez florescer o amor no coração de ambos quando novos e também foi ele o responsável por afastá-los, criando uma distância de exatos mil setecentos e cinquenta quilômetros entre eles. Ambos tinham sonhos a serem seguidos, um caminho inteiro a ser trilhado até alcançarem o sucesso. Assim, eles não conseguiram deixar o relacionamento em primeiro plano. Seus objetivos de vida eram maiores e de repente a distância não se resumia aos milhares de quilômetros que separam Maringá de Palmas, mas sim a distância de um coração a outro. Sete anos depois de um término que os devastou, o destino os joga novamente na mesma direção, entrando em suas vidas com a mesma sutileza de um furacão, devastando tudo e trazendo à tona sentimentos adormecidos. Eles até poderiam tentar não se render, se não fosse o amor que nunca deixou de existir, apenas ficou esquecido, como um comprovante velho jogado no fundo de uma gaveta. Mas como nada vem de graça, os obstáculos que os impedem de um final feliz permanecem no caminho - obstáculos esses que incluem até mesmo novos amores. Será que eles vão conseguir se render de novo ao amor ou outros problemas diferentes da distância vão interferir nesta jornada?

Intempérie é uma palavra de significados extremos. Pode-se referir a fenômenos climáticos intensos ou a catástrofes lastimáveis. Nessas circunstâncias, também pode ser usada para definir o relacionamento entre Maitê e Henrique; curto e intenso, na mesma proporção de uma tempestade. Do primeiro esbarrão na escola, a despedida dramática nove anos após, eles nunca imaginaram um dia se reencontrar após quinze anos, sob uma situação tão habitual e corriqueira; e, ainda mais surpreendente do que isso, perceber que os sentimentos nunca se esvaíram, apenas seguiram reprimidos por um período tão longo. Talvez houvesse a questão moral, mas quando sentimentos seguem aprisionados por tanto tempo, a emoção tende a se sobrepor a razão, deixando de lado qualquer resquício de coerência. Em meio a tantas incertezas, eles tinham uma única asserção: eles teriam apenas trinta dias para fazer valer a pena. E entre questionamentos e infidelidades, de alguma forma, era tudo que eles poderiam desejar.

Para Thaís, é difícil dizer onde sentimento de amor por Henrique deixou de significar amizade para se tornar algo ainda maior: paixão. Talvez tenha sido no momento em que as discussões se tornaram frequentes em seu relacionamento passado e Henrique, mais uma vez, se provando um ótimo amigo, ofereceu seu ombro para que Thaís recorresse a ele. Ou talvez tenha sido sorrateiramente, com seu jeito sensível e amoroso que fica implícito a cada gesto seu. Ou ainda pode ter sido pela carência que a vida na estrada trouxe a ela e a disponibilidade que Henrique sempre demonstrou a cada vez que Thaís sentia-se sozinha. Três anos após o surgimento dessa paixão platônica, esse sentimento segue guardado. Para quem já sofreu tanto no amor, é compreensível sua atitude. Mal sabe ela que não é apenas ela que sofre por culpa de seus sentimentos; Henrique está vivendo o mesmo. O dilema dele é ainda mais complexo, porque enquanto Thaís tem certeza absoluta de seus sentimentos, Henrique ainda não sabe decifrar o motivo pelo qual seu coração se acelera na presença de sua melhor amiga ou até mesmo porque ele de repente se viu tão incomodado com o tamanho do decote dela. Para ele, não existe a possibilidade de estar apaixonado - não pela sua melhor amiga, com quem ele sempre divide todos os seus sentimentos. Uma noite, dois corações apaixonados - um ciente disso e outro não - e uma noitada regada a bebida. Carência de um lado e curiosidade de experimentar do outro - tudo na expectativa de desvendar seus sentimentos. O resultado dessa noite não poderia ser diferente senão química imediata, mas será que Thaís e Henrique estarão dispostos a levar a relação de uma forma diferente ou eles serão tomados pelo medo de perder a amizade e irão preferir dar continuidade àquilo que sempre foram?