natsukimustdie
Com apenas 11 anos de vida, Anastásia exibia uma estranheza que somente a proximidade íntima com o mundo poderia conceder. Em meio ao turbilhão dos transtornos alimentares, ela encontrou um abrigo singular, onde as refeições transcendiam a mera nutrição, transformando-se em um culto pessoal. Borboletas, flores, folhas e cristais formavam um cardápio inusitado. Enquanto o Senhor Lourenço, imerso em suas próprias obrigações, não notava os sinais de sua filha, somente quando a fragilidade a levou ao limite, a corrida ao hospital se tornou imperativa. A pergunta flutuava como um murmúrio no ar: o que teria conduzido aquela criança inocente a carregar uma enfermidade tão singular, como um verso esquecido no vasto poema da existência?
Imagem: "Erase" de Erica Schreiner